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Trânsito da região mata um a cada quatro dias

Dados divulgados pelo Estado mostram que de janeiro a novembro de 2018, 88 morreram no Grande ABC

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
03/01/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 A SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado registrou, de janeiro a novembro do ano passado, 3.308 casos de vítimas em acidentes de trânsito no Grande ABC, média de dez casos ao dia. Deste total, 88 morreram – uma a cada quase quatro dias (três dias e 18 horas).

Em uma década, a queda nas ocorrências foi da ordem de 48,4% e de 48,2% nos óbitos. Em 2008, entre janeiro e novembro, foram registrados 5.819 casos (média de 17 vítimas por dia) e 169 mortes (um óbito a cada um dia e 23 horas). Entretanto, especialistas ouvidos pela equipe do Diário afirmam que a redução se deve mais à crise econômica do que a medidas adotadas pelo poder público para promover educação no trânsito.

Sociólogo e consultor em educação e segurança no trânsito, Eduardo Biavati avaliou que a diminuição no número de vítimas e acidentes é generalizada em todo o País e não se restringe apenas ao Grande ABC. “Claro que é positivo, pois significa menos perda de vidas, mas existe uma relação direta com a perda de renda e até de mobilidade das pessoas”, afirmou. A crise econômica – a partir de 2014 – reduziu o número de pessoas circulando nas ruas e, por consequência, os riscos aos quais elas estão expostas, pontua o especialista.

A avaliação também foi feita pelo engenheiro especialista em trânsito do Centro Universitário da FEI Creso de Franco Peixoto. “A redução de movimentos resulta em queda natural no número de acidentes, sem que haja efetivamente ações para mudanças de comportamento ou fiscalização”, ponderou. “Este período tem como característica a crise que nasce em 2008 nos Estados Unidos e se espalha pelo mundo todo começa a alterar o volume de viagens e deslocamentos, principalmente a partir de 2013, com maior número de pessoas ociosas e menor demanda viária nas grandes cidades e regiões metropolitanas”, concluiu.

Biavati destacou ainda que a maior parte dos acidentes envolve motociclistas e que tem havido grande redução no número de veículos como esse circulando nas ruas. Entre os motivos, o próprio preço das motos, o valor da gasolina e a extinção de empresas de motofretes são apontados pelo consultor. As dificuldades para se montar blitze fiscalizadoras, uma vez que apenas policiais militares podem fazer teste de bafômetro, também é citada por Biavati como exemplo de que não foram necessariamente medidas do poder público que impactaram nos dados.

“Claro que existe um acumulado de ações pontuais, ora tendo os pedestres como alvos, ora os motoristas, que vão muito lentamente sendo absorvidas pela população. Mas essas ações deveriam ser permanentes, todos os dias, todos os meses, mesmo com temas básicos, como a necessidade do uso do cinto de segurança e do capacete para motociclistas”, ressaltou o consultor.

Peixoto lembra que medidas como multas para excesso de velocidade por trecho, que calculam a velocidade média dos veículos entre os radares – para flagrar reduções apenas na área de identificação dos equipamentos – e que não são vigentes na região, são exemplos de ações efetivas que poderiam reduzir os números ainda mais.

 

Prefeituras destacam ações de educação nas ruas

 

As prefeituras do Grande ABC afirmam que mantêm ações que visam educação no trânsito e redução no número de acidentes. Cinco das sete administrações – exceto São Caetano e Rio Grande da Serra – são conveniadas ao Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, iniciativa do governo estadual que tem como objetivo reduzir em até 50% o número de vítimas fatais no trânsito até 2020.

Em Santo André, foram realizadas ações em escolas e nas ruas, com intervenções com faixas, banners e folhetos, visando a conscientização de pedestres e motoristas. Por meio de convênio estadual, o município recebeu R$ 2,4 milhões referentes a 2017 e 2018, que custearam campanhas de segurança para pedestres, ciclistas e direção defensiva, entre outros.

São Bernardo não informou o recurso recebido, mas destacou as atividades realizadas com público de 4 a 11 anos no Centro de Reflexão de Trânsito, como conduta de pedestre, ciclista, e passageiro com palestra educacional. Cursos, campanhas em pontos estratégicos pela cidade visando conscientizar sobre índice de acidentes, palestras e treinamentos para o público em geral também foram citadas.

As secretarias de Transportes e Trânsito e de Educação de Ribeirão Pires desenvolvem o projeto “Brincando de Trânsito” que, ao longo do ano letivo, realizou com os alunos da rede municipal ações práticas utilizando fantoches, circuitos e equipamentos de trânsito. O objetivo da ação é transformar os estudantes em multiplicadores de conhecimento sobre o assunto junto aos familiares e a comunidade.

Por meio do convênio com o Movimento Paulista, a cidade recebeu R$ 545 mil, de um total previsto de R$ 1,1 milhão, para revitalização da sinalização horizontal, implantação de novas faixas de pedestres, instalação dos redutores de velocidade, além da troca lâmpadas de semáforos.

Mauá não recebeu recursos, e destacou a realização de projetos como o Trânsito na Minha Escola, em que são apresentadas palestras nas escolas municipais e outras palestras educativas realizadas por ONGs, empresas, escolas privadas e outras instituições. A cidade também realizada atividades no Maio Amarelo, mês de conscientização para redução de acidentes. Diadema, São Caetano e Rio Grande da Serra não responderam

 




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