D+ Titulo Saúde
Jovens adeptos da filosofia vegana

Opção por estilo de vida que não afeta animais e outros seres humanos exige comprometimento

Por Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
04/11/2018 | 07:10
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Reprodução/TV Brasil


Não ingerir nenhum alimento de origem animal, assim como seus derivados, como leite e ovos. Essa é a base dos hábitos do veganismo. O propósito vai muito além das restrições alimentares. Trata-se de filosofia de vida, uma vez que é o conjunto de ações em todos os aspectos do cotidiano que demonstra recusa ao sofrimento dos animais que serviriam de alimentação para os seres humanos. A passagem do Dia Mundial do Veganismo, celebrado no dia 1º, tenta chamar atenção para as ideias por trás dessa escolha, que também encontra espaço entre os jovens do Grande ABC e de São Paulo sem prejudicar sua saúde. 

Bruna Casella, 18 anos, de Santo André, se tornou vegana há dois anos. Para ela, o início foi o momento mais difícil, por se tratar da adaptação, mas as informações obtidas com o tempo a fizeram seguir. “Com 15 anos entrei para a academia e estava com indícios de anemia (falta de ferro no sangue). Passei a me interessar sobre o que estava ingerindo e como determinado alimento contribuía para a melhora do meu corpo. Li alguns livros e assisti documentários sobre o veganismo e o processamento dos alimentos de fonte animal. Isso me fez repensar sobre estar me alimentando de um ser que, para que possamos comer, está sujeito a regimes de engorda e a ingestão de produtos químicos, prejudicando a própria vida e seu desenvolvimento.” Para a adolescente, o mito de que veganos sejam desnutridos por conta da dieta basicamente restrita a frutas e vegetais ainda afeta o público em geral. “Passei a descobrir outros alimentos que nem sequer sabia da existência e que são extremamente nutritivos.”

Docente da Faculdade de Medicina do ABC e responsável pela Adesso Instituto de Gastronomia e Negócios, a nutricionista e chef de cozinha Priscila Chasseraux afirma que a alimentação vegana é rica em macro e micronutrientes, sendo necessário o consumo adequado dos mesmos, uma vez que restringe apenas alimentos de origem animal ou de empresas que utilizam animais em experimentos. “Um prato bem colorido para se obter vitaminas e minerais pode ser preparado à base de cereais (casos de arroz, linhaça e aveia), leguminosas (a exemplos de feijões, grão-de-bico e lentilha), acrescido de oleaginosa (como castanhas e avelãs). De sobremesa, frutas cítricas (laranja e morango, entre outras opções). Tudo isso com valor baixo e atendendo às recomendações nutricionais”, avalia a profissional com formação na culinária vegana.

EXPERIÊNCIAS

A prática parece inspirar, minimamente, o público ao redor de Bruna. “Na minha família tenho apenas uma tia que segue a dieta vegana. No entanto, desde que começamos, nossos familiares diminuíram muito o consumo de alimentos de fonte animal, pela influência e por meio de informação com relação à qualidade desses alimentos, mesmo não deixando de ingerirem”, conta a andreense sobre sua experiência pessoal. 

Aos 19 anos, Vithor Rossi Fickert, de São Paulo, comenta que as pessoas ainda têm preconceito com quem segue a linha de pensamento que tomou há dois anos. “Com certeza podemos nos nutrir bem sem ingerir carnes e derivados de animais. É comprovado cientificamente que um vegano é capaz de se alimentar adequadamente. O que ainda existe é falta de informação.” Em seu convívio existem três amigos que seguem a filosofia e outros três vegetarianos. O espelho em casa vem da mãe, que não ingere carnes. Ele afirma que a decisão de mudança não tem a ver apenas com questão de melhorar a própria saúde, mas com o peso de seu impacto no universo dos animais e de todo o meio ambiente.

Bruna realiza exames de seis em seis meses para checar as taxas de proteína, vitaminas e nutrientes em geral em seu corpo. “Hoje tudo melhorou. Os restaurantes estão se adaptando e sugerindo opções. Porém, em determinadas ocasiões, como churrascos, por exemplo, geralmente tenho que levar legumes, pois nem sempre todos pensam nas exceções”, explica a andreense. Um de seus pratos favoritos é salada de quinoa e tofu grelhado. Vithor compartilha o gosto por um tofu bem temperado sempre que é possível.

Os adeptos levantam a bandeira por uma causa maior: amor ao próximo e à natureza. Veganos não apoiam ou compram algo que envolva sofrimento, inclusive de outros seres humanos. Circos com animais, roupas com peles de animais – incluindo couro –, rodeios, cosméticos e produtos de higiene testados em animais e itens sabidamente produzidos por trabalhadores em condições desumanas estão fora da vida de uma pessoa vegana. Aos que têm curiosidade sobre essa filosofia, vale se informar, experimentar e respeitar modo novo e rico em se alimentar e viver. 




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