Política Titulo Abuso
Patão usava celular
sem ser funcionário

Dono de casa de show que funciona no lugar de um
Ponto de Cultura foi exonerado da Câmara em 2009

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
06/04/2012 | 07:05
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Dono da casa de shows O Tambor, que funciona no lugar de um Ponto de Cultura no Jardim Canhema, em Diadema, Osmailton Caldeira não é funcionário da Câmara desde 2009. Apesar disso, Caldeira - conhecido como Patão - usufruía do telefone celular distribuído a assessores de vereadores e pago com dinheiro público.

Na quarta-feira, o Diário mostrou que Patão utilizava o celular para promover os espetáculos de O Tambor. O número do aparelho aparecia em diversos flyers promocionais desde novembro, quando a casa foi inaugurada. Patão alegou erro na confecção dos materiais.

Ele era assessor parlamentar do vereador Wagner Feitoza, o Vaguinho (PSB). Trabalhou com o socialista no seu primeiro mandato, entre 2004 e 2008, e ficou poucos meses na Câmara quando Vaguinho renovou seu mandato, em 2008. Mesmo fora do Legislativo, Patão continua como colaborador do vereador.

Vaguinho reconheceu o erro de seu assessor e exonerou outro servidor que atuava em seu gabinete. Rosa Maria, que deveria ficar com o celular que estava com Patão, foi demitida na quarta-feira por conduta inadequada. "Na segunda-feira, quando vi o panfleto no Diário com o número do celular da Câmara, eu já tinha a advertido. Depois de quarta-feira, não teve jeito. Não compactuo com o mau uso do dinheiro público", justificou Vaguinho.

Cada vereador de Diadema tem direito a sete aparelhos, que são distribuídos a servidores dos gabinetes. Pelo pacote fechado pelo Legislativo, cada celular tem 100 minutos de ligações mensais, sem possibilidade de recarregar caso os créditos se encerrem. A exceção é o aparelho do próprio vereador, que pode receber mais minutos, mas descontando dos vencimentos do parlamentar.

A casa O Tambor era para abrigar um Ponto de Cultura, gerido pela ONG Passo Firme, presidida por Luciano Feitoza, primo de Patão. A entidade foi selecionada pela Secretaria de Cultura de Diadema para promover atividades culturais de reciclagem de lixo tecnológico. As ações, segundo determinação do edital, deveriam ser gratuitas. Mas O Tambor cobra ingresso dos frequentadores. Para o show de Reinaldo, o Príncipe do Pagode, marcado para ocorrer hoje, as entradas variam de R$ 20 a R$ 40.

O Ponto de Cultura Passo Firme recebeu R$ 30 mil do governo federal para aquisição de equipamentos e preparação do local. Apesar de inaugurado oficialmente, o espaço nunca abriu as portas. A Prefeitura instaurou processo administrativo, alegando que a ONG não devolveu a quantia arrecadada para tocar o projeto.

 

Situação fica mais grave por ele não ser servidor, diz Laércio

O presidente da Câmara de Diadema, Laércio Soares (PCdoB), afirmou que o fato de Osmailton Caldeira, o Patão, não ser funcionário da Casa desde 2009, mas ainda contar com celular pago pelo Legislativo, agrava ainda mais a situação da investigação sobre a conduta do ex-assessor do vereador Wagner Feitoza, o Vaguinho (PSB).

"Não podemos fazer distinção na hora de investigar. A situação fica mais grave por ele (Patão) não ser funcionário da Câmara e ter o celular", disse o comunista.

Na quarta-feira, assim que o Diário mostrou que Patão utilizava o celular pago com dinheiro público para promover a casa de shows O Tambor, a qual administra, Laércio determinou que Vaguinho recolhesse o aparelho e devolvesse o telefone à Casa. O socialista cumpriu a ordem.

Ontem, Laércio garantiu que iria averiguar o mau uso do celular. "Tomamos a primeira providência imediata. Agora, tomaremos outras medidas cabíveis. Não vou condenar ninguém, mas não posso me furtar à investigação."

Antes de receber os aparelhos, cada vereador assina termo de compromisso se responsabilizando por conduta inadequada praticada por assessores. A regra também vale sobre a utilização do carro oficial da Casa.

O Legislativo conta com 122 celulares, distribuídos entre os gabinetes e ao departamento administrativo da Câmara. O gasto mensal gira em torno de R$ 16 mil.




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