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O álcool também mata

A mortalidade provocada pelo alcoolismo no Brasil é quase comparável à gerada pelo vício do crack. A

Por Wilson Marini
22/09/2011 | 00:00
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A mortalidade provocada pelo alcoolismo no Brasil é quase comparável à gerada pelo vício do crack. A constatação, em pesquisa recente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), põe em debate novamente um problema que merece reflexão e ação nas cidades do Interior Paulista. Pais, educadores, autoridades e líderes comunitários deveriam se preocupar mais com as questões ligadas às drogas lícitas, sem negligenciar evidentemente as ilícitas. São situações diferentes, que merecem abordagem específicas, mas ambas são igualmente graves do ponto de vista social.

Neste começo de milênio, as drogas, assim rotuladas genericamente, representam um enorme desafio global para governos, religiões, escolas e famílias. Talvez por conta disso o tabagismo e o alcoolismo podem às vezes passar despercebidos, porque socialmente são mais toleráveis e inclusive há estímulo por meio da publicidade em meios de comunicação de massa. Esse apelo, porém, pode simplesmente mascarar o problema e legitimar perante a sociedade os excessos do consumo desregulado de bebidas alcoólicas.

O resultado é o modismo e a presença de um número crescente de crianças e adolescentes que começam a desenvolver a dependência logo cedo. Além disso, é conhecida a participação expressiva do alcoolismo entre as causas principais de acidentes nas rodovias do país. Hospitais que cuidam de pacientes com traumas físicos associam o álcool a boa parte de pequenas e grandes tragédias. Aumenta o número de mortos e mutilados, num cenário difuso que não ganha impacto como uma queda de avião, uma chacina ou ato terrorista, mas que representa perdas econômicas e humanas muito maior que muitas das guerras da atualidade no mundo. O álcool mata, e é preciso se conscientizar disso.

Dados

De acordo com dados divulgados pela Agência Estado, 17% dos pacientes atendidos em cinco anos pela Unifesp na zona sul de São Paulo morreram. "É um número altíssimo. Na Inglaterra, o índice não ultrapassa 0,5% ao ano", diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do estudo. O trabalho será publicado na próxima edição da Revista Brasileira de Psiquiatria. O estudo feito entre usuários de crack demonstrou que 30% morreram num período de 12 anos. "Naquela mostra, a maior parte dos pacientes morreu nos primeiros cinco anos. Podemos dizer que os índices estão bastante próximos."

Dependência

Os altos índices de mortalidade pelo álcool foram investigados por Laranjeira. Entre dependentes, principalmente nos casos mais graves, pacientes perdem o vínculo com a família, com o trabalho e adotam atitudes que os expõem a riscos, como sexo sem preservativo ou brigas. A velocidade desse processo é maior entre pessoas de classes menos privilegiadas. A ligação com a violência está clara. Entre pessoas que consumiram álcool, o risco de estar envolvido com crime era 4,1 vezes maior que entre os abstêmios.

Religiosidade

Por outro lado, atividades religiosas exercem um efeito protetor sobre os dependentes. Entre os que pertenciam a algum grupo, incluindo os de auto-ajuda, os índices de participação em crimes eram menores que entre os demais. Dos entrevistados que faziam parte de algum grupo religioso, 30,6% não tiveram participação em crime. Entre os que não estavam ligados a nenhum grupo religioso, 18% conseguiram se manter afastados de crimes. Por isso o médico Laranjeira recomenda aos pacientes procurarem grupos de apoio, incluindo os de natureza religiosa.

Idosos

O Conselho Estadual do Idoso, vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, promoverá de 21 a 23 de setembro a 13ª Conferência Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa, em Águas de Lindóia. Entre os temas está o enfrentamento à violência contra a pessoa idosa. Segundo a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Maria Cecília de Souza Minayo, as violências e os acidentes são a sexta principal causa de morte entre os idosos no Brasil. Os principais tipos de violência contra os idosos são os abusos financeiros e econômicos, a violência estrutural (extrema pobreza), a violência institucional (prestação insatisfatória dos serviços de saúde, assistência e previdência social) e a violência familiar (abusos e negligências).

Jovens

O professor de Comunicação da Universidade de Haifa, Israel, Gabriel Weimann, disse em São Paulo que as redes sociais são usadas largamente para recrutar e treinar novos membros para ações terroristas, por meio de campanhas de marketing dirigido. São usados recursos lúdicos para atrair até crianças. Ele monitora 5,8 mil sites de militantes de movimentos terroristas e é autor de publicações voltadas para esse assunto, como o livro ‘Terror on the internet: the new Arena, the new challenges" (não traduzido ainda para o português).




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