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Centrais do Samu no Grande ABC recebem média de três trotes por hora

Número equivale a 10% do total de chamados atendidos em 2017 por profissionais da Saúde

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
19/02/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Três centrais do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) espalhadas pelo Grande ABC receberam, juntas, 1.916 trotes por mês durante o ano passado, o equivalente a 64 casos por dia e quase três por hora. O índice representa 10,1% do total de ligações recebidas por profissionais da Saúde que atuam no atendimento ao serviço nos municípios de Santo André (responsável por São Caetano), São Bernardo e Mauá (que inclui Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra). Diadema não retornou aos contatos da equipe do Diário.

De janeiro a dezembro do ano passado, foram registrados 226.905 chamados às centrais do Samu na região. Destes, 23.003 eram trotes. Embora o índice tenha apresentado queda de 28,06% em relação ao mesmo período de 2016, quando foram identificadas 31.974 ‘ocorrências inventadas’, o trote pelo 192 segue interferindo de maneira direta no atendimento destinado às pessoas acidentadas ou com quadro grave de Saúde, já que deixa telefone e profissional ocupados enquanto eles poderiam estar sendo usados para atender casos reais.

“A cada trote recebido temos um atendente a menos na central para responder a uma ocorrência urgente, em que a vida de alguém pode estar em risco iminente de morte”, afirma Fernando dos Santos Morales, coordenador da enfermagem do transporte sanitário realizado pelo Samu de Santo André, também responsável por atender ocorrências de São Caetano.

Na região, os trotes interferem diretamente no tempo de resposta ao usuário que liga no Samu. A espera, que pode demorar até 14 minutos no caso de Mauá, poderia ser reduzida em até 30%, segundo coordenadores do serviço, ou seja, para dez minutos.

Ainda que o trote seja considerado crime pelo Código Penal, com pena que varia de um a três anos de prisão, profissionais da Saúde reconhecem as dificuldades de sanar a problemática. “A legislação brasileira é embasada, mas ainda não temos respaldo para acionar a Polícia Civil e ir até o local da ocorrência identificar o autor”, explica Morales.

Em âmbito estadual, a prática pode render multa de até R$ 1.727,29 para o autor da ligação falsa. Porém, segundo prefeituras, no ano passado nenhum responsável por trote foi punido.

A justificativa para tal indicador está relacionada ao perfil do autor da ligação, muitas vezes crianças menores de 10 anos. “É algo cultural. As pessoas precisam aprender o quanto isso interfere na vida do outro”, destaca Morales.


Ações educativas voltadas para crianças reduzem índice


Na tentativa de reverter o alto índice de trotes direcionados ao Samu da região, equipes educativas de Santo André têm empenhado esforços na realização de atividades junto a crianças.

Desde o ano passado, profissionais do Samu realizam em instituições de ensino da cidade teatro de fantoches para alertar sobre os riscos do trote.

De maneira lúdica, técnicos explicam também os cuidados que crianças devem ter em suas casas. O resultado do trabalho foi a redução de 30% no índice de trotes na cidade. 




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