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Hospitais de São Caetano recebem alunos da USCS

Em regime de internato, 52 estudantes de Medicina complementam rede básica de Saúde da cidade

Por Juliana Stern
Especial para o Diário
05/02/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 A primeira turma de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) começou, na última semana, regime de internato. Significa que 52 alunos passarão quatro semestres complementando a equipe médica no Complexo Hospitalar de São Caetano – Complexo Braido (Márcia e Maria Braido), Hospital São Caetano, Hospital de Emergências Albert Sabin, além do Hospital Heliópolis, na Capital.

Durante os dois últimos anos do curso, as salas de aula são os consultórios, laboratórios e leitos de internação. Os professores são os médicos residentes dos complexos hospitalares e as provas são diárias, trazidas pelos próprios pacientes. Divididos em grupos de seis, os alunos aprendem a futura profissão na prática. Neste semestre, as turmas se revezarão entre saúde da mulher e da criança – que inclui ginecologia obstétrica e pediatria neonatal – no Complexo Hospitalar de São Caetano e em saúde do adulto, no Heliópolis.

Apesar de estarem incluídos na rede básica de Saúde de São Caetano desde o primeiro ano, os estudantes dizem que o aprendizado neste estágio do curso é completamente diferente. A paulistana Ana Carolina Gonçalves, 23 anos, conta que um dos benefícios do internato é o aprimoramento da relação médico-paciente. “Já tivemos contato com eles antes, nos ambulatórios, mas agora acompanhamos desde a admissão até a alta. Temos mais convívio com a família”, diz.

A mineira Daniela Signorelli, 24, destaca que o cenário favorece o desenvolvimento de empatia pelos pacientes. “Ainda não temos vícios de conduta e buscamos aprender o máximo possível com o paciente. Acabamos dando mais atenção, conhecemos eles mais intimamente”, explica.

O curso de Medicina da USCS insere os alunos na rede básica de Saúde municipal desde o segundo ano. O resultado são estudantes preparados para mundo real da medicina, afirma o gestor da graduação, João Carlos da Silva Bizario. “Pela experiência prévia nas UBSs e ambulatórios, os alunos têm bagagem de conhecimento enorme. Os médicos (do Complexo Hospitalar de São Caetano) até se surpreenderam com o nível dos novos internos.”

Os pacientes também demonstram contentamento com o trabalho dos estudantes. Kelly Cristina da Silva, 34, teve o terceiro filho no dia 29 e vem sendo atendida pelos internos desde o primeiro choro da recém-nascida Melissa. “Eles são atenciosos. Quanto mais gente para atender melhor”, considera Kelly.

Médicos residentes guiam os estudantes por todo o processo de internato e os incentivam a fazer avaliações próprias. Essa relação com os mentores acaba por manter o trabalho dinâmico. “Avaliamos, depois discutimos com o professor, revemos as condutas e diagnósticos, voltamos ao leito. O professor reavalia o paciente. Há essa troca de experiências e assim é mais difícil passar qualquer coisa”, conta a interna de São José dos Campos, Amabili Vizioli, 25.

De acordo com a secretária de Saúde de São Caetano, Regina Maura Zetone, a presença dos alunos da USCS nos hospitais é um investimento em Saúde pública. “A equipe própria do município acaba se capacitando e se atualizando com a presença de professores da faculdade e acabam estudando mais para ensinarem os alunos, o que melhora e qualifica muito o atendimento”, afirma.

Ainda segundo a secretária a expectativa do programa é tornar o Complexo Hospitalar de São Caetano hospital escola, sendo possível oferecer bolsas de residência médica. A ideia ainda não tem prazo para que seja concretizada.

Meta é fidelizar profissionais na rede pública municipal
A maior parte dos matriculados na primeira turna de Medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) não nasceu na região. O grupo acolhe desde estudantes da Capital e cidades do Interior de São Paulo, como São José dos Campos, até de outros Estados, como Minas Gerais e Santa Catarina.

Desde o primeiro ano de curso os estudantes se relacionam com a cidade, seja trabalhando na rede de Saúde municipal, ou a partir da convivência com profissionais e colegas de São Caetano. Com isso, os futuros médicos já consideram a menor cidade do Grande ABC seu segundo lar. “Por mais que não tenhamos nascido aqui, fomos bem acolhidos. Nos sentimos em casa”, diz a mineira Daniela Signorelli, 24 anos.

De acordo com o gestor do curso de Medicina da USCS, o professor João Carlos da Silva Bizario, a intenção é fazer com que os alunos fiquem em São Caetano. O objetivo da universidade é abrir seis programas de residência médica no município: Clínica Médica, Ginecologia Obstetrícia, Pediatria, Cirurgia Geral, Medicina de Família e Comunidade e Saúde Mental. Bizario espera que até a formatura da turma, em dezembro de 2019, as opções estejam disponíveis.




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