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Garoto amplia ‘negócios’ para realizar sonho de ser Silvio Santos

Em janeiro, o Diário contou a história de Kaue, 13, que deseja ser um empresário de sucesso

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
05/11/2017 | 07:29
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DGABC


Sonho que é sonho não tem limitação para ser conquistado. Pelo contrário. Para alcançá-lo é preciso cada vez mais expandir os horizontes. E, dez meses após o Diário contar a história de Kaue Nicolas dos Santos Alves Lavarias, 13 anos, morador do bairro Sítio dos Vianas, em Santo André, que almeja ser empresário de sucesso, tendo como influência o apresentador Silvio Santos, é exatamente isso o que ele vem fazendo: seu desejo está mais vivo e crescente do que nunca.

A exemplo do comunicador, que entrou no mundo dos negócios como camelô para ajudar a família, o garoto mantém, desde os 10 anos, uma barraca em frente à sua casa, na Rua Boa Visão, onde vende brinquedos e roupas que consegue por meio de doações. Nos dias em que não há aula na escola, ele sai de casa às 5h30 para recolher materiais recicláveis pelas ruas, trabalho também feito pelos pais e que garante o sustento da família, composta ainda por mais dois irmãos e um sobrinho. Em uma carriola, ou carregando um saco nas costas, o volume coletado chega a ultrapassar seu tamanho. “Saio de fininho, para não acordar minha mãe, senão ela não me deixa sair”, fala.

Essa foi a história contada pelo Diário em 8 de janeiro. Agora, os negócios foram ampliados. Além do bazar improvisado e da reciclagem, ele entrou no ramo de bicicletas. “Pego bicicletas velhas e levo para um lugar que faz conserto. Dou uma chorada e o homem acaba arrumando de graça. Aí, vendo por R$ 50, R$ 40”, relata. Ele anuncia a mercadoria em cartaz feito em folha de caderno. O preço não é colocado, estrategicamente. “Não coloco, pois se a pessoa achar caro, nem vai me procurar. Então, quando vê, dou o preço e, se ela achar alto, negocio para vender”, explica. Tão jovem, onde aprendeu os macetes de vendedor nato? “Nasci assim”, gaba-se.

As atividades não param por aí: com o clima quente que já antecipa o verão, Kaue iniciou a venda de gelinhos em vários sabores, em campo de futebol próximo à sua casa, onde acontecem campeonatos. “Levo em caixinha de isopor 100 gelinhos no sábado e 100 no domingo, e vendo a R$ 1. Todo mundo compra.”

Kaue gostaria de poder, com seu dinheiro, adquirir uma casa para a família e viver em condições melhores. O local onde mora pertence a uma tia materna, que vive na parte superior, com dois filhos e o marido. O menino, os irmãos e os pais dormem em colchões no chão, pois os poucos móveis existentes na casa foram doados ou encontrados descartados na rua. A chuva, quando vem, torna a situação ainda mais desconfortável. “Molha tudo dentro. Um dia, acordei quase afogado no colchão. Mas com o dinheiro que consigo nem tem como juntar para comprar uma casa”, lamenta ele.

Então, com o que ganha, Kaue satisfaz suas vontades: compra doces, sapato, achocolatado para misturar com leite – e que ele adora – e, com o dinheiro que arrecadará com a venda de gelinhos, almeja adquirir um celular. Dessa maneira, poupa o dinheiro dos pais e ainda dá sua contribuição para a compra de pães e leite para alimentar a família.

Sem medir esforços para conquistar seu sonho “de ser um grande empresário, dono de uma loja que venda de tudo”, o garoto já chegou a pensar em largar a escola (ele cursa o 8º ano do Ensino Fundamental). Pensamento que não foi levado adiante, por orientação dos pais e também por seu senso crítico que, apesar da pouca idade, já é bem aflorado. “Se terminar os estudos, melhor, pois conseguirei realizar meu sonho mais rápido e, com o dinheiro que ganhar, ajudar as pessoas que precisam, como elas me ajudam”, projeta.  




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