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Estado irá analisar inclusão de famílias de sem-teto em cadastro da CDHU

Governo informa que ainda verifica pedido de desapropriação de área ocupada em S.Bernardo

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
01/11/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 O governo do Estado de São Paulo deve analisar nos próximos dez dias a inclusão de famílias integrantes da Ocupação Povo Sem Medo, instalada desde o dia 2 de setembro em terreno no bairro Assunção, em São Bernardo, em programas habitacionais da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano). O compromisso foi firmado ontem, durante reunião entre lideranças do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e representantes do governo.

Em princípio a ideia é que a Secretaria de Habitação do Estado inicie o cadastramento de demanda social das famílias instaladas em área de propriedade da MZM Incorporadora, no bairro Assunção. O processo servirá como um pente-fino para verificar, de fato, quais integrantes do movimento se encaixam nas diretrizes dos programas. Atualmente, segundo o MTST, cerca de 12.136 famílias ocupam a área.

“Nós pretendemos conhecer a realidade de cada uma dessas famílias instaladas na ocupação de São Bernardo, a sua renda, o seu local de trabalho e, principalmente, seu local de origem, para que tenhamos clareza do atendimento habitacional a se buscar para essas famílias”, enfatizou o secretário estadual de Habitação, Rodrigo Garcia (DEM), presente nas tratativas junto ao MTST, ao lado do chefe da Casa Civil, Samuel Moreira.

Paralelo a essa discussão, o Estado diz ainda analisar possível alternativa para desapropriação da área de 7.000 metros quadrados ocupada hoje por integrantes do MTST. No entanto, o processo esbarra em questões judiciais. No dia 2 de outubro, a Justiça autorizou a desocupação da área. O processo só não foi efetivado porque a Polícia Militar ainda depende dos desdobramentos de reunião a ser realizada no dia 11 de dezembro entre o MTST e o Gaorp (Grupo de Apoio às Ordens Judiciais de Reintegração de Posse) para negociar uma saída pacífica da área.

Embora garanta que a desapropriação da área não esteja descartada, o governo estadual diz analisar outras alternativas. “Não conseguimos identificar (até o momento) nenhum passivo deste terreno que seria um caminho de busca para aquisição (da área), portanto, agora faremos um levantamento para avaliar se tem outras área nas proximidades que possam servir para atendimento habitacional”, afirmou Garcia.

Para o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, o resultado da reunião foi importante passo para os avanços das negociações com o Estado, no entanto, ainda é necessário cautela sobre o tema. “Ter sido recebido e aberto uma negociação é uma vitória. Agora, isso só não resolve nosso problema. A negociação se abriu, agora queremos saber como ela irá se fechar.”


Famílias fazem marcha de nove horas até sede do governo estadual

Em percurso de 23 quilômetros, integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) realizaram ontem marcha de nove horas em direção ao Palácio dos Bandeirantes, na região do Morumbi, na Capital. Segundo lideranças do movimento, cerca de 20 mil pessoas participaram do ato. Balanço feito pela Polícia Militar, no entanto, apontou a presença de apenas 3.500.

Integrantes do movimento saíram da Ocupação Povo Sem Medo, em São Bernardo, por volta das 7h. O percurso, que cortou vias importantes de Diadema e da Capital, causou congestionamentos em diversos trechos por onde passou. O ato contou com apoio de ônibus, além de dois caminhões de som.

“Mesmo com problemas na bacia, faço isso por uma luta bem maior. Não adianta a gente esperar sentado por uma moradia. Precisamos lutar”, disse o aposentado Edilson de Lima, 49. Morador do bairro Alvarenga, em São Bernardo, ele participou do ato acompanhado da mulher. O casal tem barraca na ocupação.




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