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Cacau clonado pode recuperar lavoura na Bahia
Por Do Diário do Grande ABC
26/08/1999 | 16:48
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Os primeiros resultados de seis anos de pesquisas para desenvolver plantas resistentes à praga "vassoura-de-bruxa" estao deixando técnicos agrícolas e produtores de cacau do sul da Bahia eufóricos. Os novos pés de cacau, melhorados geneticamente pelos técnicos da Comissao Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), além de tolerantes às pragas, apresentam o dobro da produtividade dos antigos.

A boa notícia representa o inIcio da recuperaçao da lavoura cacaueira baiana arrasada nos últimos dez anos pela "vassoura-de-bruxa", que provocou um prejuízo estimado de US$ 1,2 bilhao e 250 mil desempregados na regiao. Na pauta das exportaçoes, o cacau chegou a render anualmente US$ 1 bilhao para a Bahia.

Após o aparecimento da praga, a produçao foi caindo, desabando as vendas. Em 97 ocorreu o pior desempenho dos últimos anos, com vendas externas da ordem de US$ 122 milhoes. A "vassoura-de-bruxa" infectou 84,7% dos 640 mil hectares de área plantada na Bahia.

A regiao mais avançada do Estado no Programa de Recuperaçao da Lavoura Cacaueira é o agrosistema de Camaca, que abrange seis municípios, onde estao plantados 2,4 mil hectares de cacau clonado, a partir de material genético selecionado. Um grupo de 360 produtores participa desse projeto piloto de produçao do novo cacau. O gerente regional da Ceplac de Camaca, Ednaldo Ribeiro, explica como os antigos pés de cacau sao recuperados. "Nós enxertamos os clones das mudas selecionadas na planta infectada pela praga e num prazo de 18 meses, surge a nova planta já em condiçoes de produzir os frutos".

Esses frutos sao maiores e contém mais amêndoas de cacau que os antigos. A diferença é gritante: para se produzir uma arroba de cacau sao necessários entre 400 a 450 frutos dos antigos pés. Com as novas plantas, 280 frutos sao suficientes.

Santana explicou que nao se pode avaliar ainda qual vai ser a safra desses primeiros cacaueiros clonados. É que o ciclo de produçao do pé de cacau só atinge a sua plenitude em cinco anos, tempo em que se espera alcançar uma uma produtividade de 100 a 140 arrobas por hectare, o dobro da média das plantas antigas. "O que temos agora é uma mostra do material produzido", disse, informando que os produtores da regiao vao comemorar a "quebra do cacau", etapa em que o fruto é partido para a retirada da polpa e das amêndoas. "Recebi nos últimos dias mais de quatro mil frutos de produtores que fizeram questao de me mostrar o resultado de todo esse trabalho de recuperaçao" disse Santana.

O programa de recuperaçao de cacau prevê investimentos de R$ 367 milhoes até o ano 2001, recursos do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste e BNDES. Desse total, R$ 125 milhoes foram disponibilizados para os produtores. Santana informou que o programa é baseado em três pontos: nos produtores, que estao convencidos a renovar seus cacauais; na Ceplac, que dispoe da tecnologia; e no crédito agrícola. "O terceiro item é dos mais importantes pois os produtores da regiao estao completamente descapitalizados por causa da crise do cacau e precisam de financiamento para implantar os clones", sustenta Santana.




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