Não há região do planeta livre da violência do trânsito. Anualmente, são registrados 1,5 milhão de acidentes
Não há região do planeta livre da violência do trânsito. Anualmente, são registrados 1,5 milhão de acidentes, com o envolvimento de 7,5 milhões de pessoas, das quais as mortes totalizam quase 1, 3 milhão, 50 milhões de feridos - uma parte considerável com sequelas irreversíveis, e incapacitados em decorrência da imprudência no volante a cada ano. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, 37 mil brasileiros morreram no trânsito em 2008 - outros 100 mil foram internados conquistando o primeiro lugar no ranking de procedimentos mais custosos ao Sistema Único de Saúde: são 113,4 milhões por ano. Estima-se que 20% dessas vítimas carregam sequelas para o resto de suas vidas e 4% não sobrevivem. O prejuízo não para aí: são milhares de aposentados por invalidez, custo de conservação das vias, postos de trabalho e uma série de condições especiais que precisam ser criadas para as vítimas.
TRAGÉDIA
O acidente de trânsito não é um fato pontual, uma ocorrência de algo banal. Não caem aviões todo dia, não se travam guerras todo dia - mas as pessoas temem quando acontece. Já o trânsito mata muito mais e os acidentes viários acontecem todo dia. Esse tipo de violência social precisa acabar. As ocorrências de trânsito refletem um conjunto de fatores estruturais da realidade social, a começar pela prioridade concedida aos automóveis nas vias públicas. A violência no trânsito é um fenômeno cujas causas são determinadas socialmente e suas consequências são dramáticas para vida das pessoas. Os números nos dão uma noção da extensão da tragédia em que se transformou o trânsito no mundo todo. Se nada for feito, a previsão é de que até 2015, os acidentes de trânsito sejam a principal causa de morte nos países em desenvolvimento.
É PRECISO
Para erradicar a violência no trânsito, é preciso uma mudança cultural, precisamos democratizar o uso do espaço urbano e isso exige das autoridades uma nova postura, uma atitude mais firme em defesa da vida e do meio ambiente. O trânsito seguro é um direito do cidadão e um dever do Estado, portanto, a segurança no trânsito deve ser consubstanciada em uma política pública efetiva, definida e implementada sob responsabilidade dos municípios, dos estados e da União.
Os pontos que devem permear as ações do plano governamental são:
. Que haja forte envolvimento da sociedade civil nas ações;
. Que as metas e ações estejam na agenda do governo, que estabelecerá políticas públicas;
. Que sejam desenvolvidos dados estatísticos com qualidade, para balizar a redução dos acidentes na década;
. Que todo o Sistema Nacional de Trânsito esteja envolvido;
. Realizar campanhas permanentes de educação para o trânsito, em todos os aspectos da segurança;
. Melhorar a fiscalização eletrônica ou por meio dos agentes de trânsito;
. Investir na construção e manutenção das vias com foco em recursos que ajudem a evitar e atender aos acidentes;
. Adotar definitivamente a inspeção veicular;
. Investir e estimular o uso do transporte coletivo;
. Privilegiar a mobilidade e priorizar o pedestre nas construções e projetos urbanísticos.
A ONU
A Década de Ações para a Segurança no Trânsito 2011 a 2020, instituída pela Organização das Nações Unidas, envolve 150 países num esforço conjunto para a redução dos acidentes de trânsito no mundo. Espero que desta vez, tendo a ONU e a Organização Mundial da Saúde como patrocinadoras das ações, algo realmente aconteça nacionalmente, de maneira integrada entre os órgãos de trânsito e outros, como o de Saúde, de Educação, Transporte. Que a participação e o apoio da sociedade brasileira sejam efetivos, afinal não dá para esperar que tudo venha do governo, é preciso praticar a cidadania e fazer as coisas acontecerem.
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