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Lobão: 'o rock é capitalista'
Por Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
02/12/2008 | 07:00
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Para explicitar a fase paulistana e ‘fechar a tampa' da turnê do premiado e controverso CD Acústico MTV, lançado em 2007, o cantor e compositor Lobão apresenta-se nesta terça e quarta-feira, às 23h, no Studio SP, na Capital. Os shows serão os primeiros do projeto Elétrico, em que o veterano roqueiro carioca, atualmente radicado em São Paulo, plugará novamente a guitarra no amplificador para mostrar hits e composições significativas de sua carreira.

Os ingressos vão de R$ 20 a R$ 35 e a casa abre às 21h. O artista contará com o grupo formado por Duda Lima (baixo), Samuel Fraga (bateria) e Luiz Mattos (guitarra). O público poderá conferir canções que há muito estavam ausentes do repertório, casos de Samba da Caixa Preta e A Hora Deserta, que ganhou novo título: A Hora Deserta Bonanza.

Sem hipocrisia - Quem conhece a trajetória profissional de João Luiz Woerdenbag Filho, nacionalmente conhecido como ‘Lobão' desde o início dos anos 1980, sabe que seria até ingenuidade esperar dele respostas diplomáticas ou hipócritas. Verborrágico, ele não se esquivou de debates acalorados nem mesmo na época do lançamento do Acústico MTV. Vencedor do Grammy Latino de melhor álbum de rock brasileiro no ano passado, o disco rendeu acusações feitas por uma parcela da imprensa de que ‘o velho lupino' havia se rendido a uma multinacional e renegado seu passado no cenário indie.

"Se você vir minha biografia vai perceber que, desde a época em que eu era baterista da Blitz e saí da banda para seguir carreira solo, me chamavam de maluco. Isso aconteceu muitas vezes: na minha prisão (Em 1987, Lobão foi preso por porte de drogas); no Rock in Rio 2, quando os metaleiros me jogaram latas; quando reivindiquei a numeração do discos; e, em 1998, quando falei que as gravadoras iriam cair. Sempre tive essa pecha."

Lobão, que, além de se dedicar aos palcos apresenta os programas MTV Debate e Código MTV, considera lamentável o patrulhamento ideológico que sofreu. "Achar que eu estou vendido para o sistema é muito primário, né? Sempre fiz muitas palestras e disse que ser independente era uma fase transitória, é como a segunda divisão. Faço música para tocar e as pessoas têm de entender que o rock é capitalista."

‘Mano Caetano' - A mais recente polêmica protagonizada por Lobão ocorreu em agosto último, quando concedeu uma entrevista a um jornal carioca, durante o festival Mada, no Rio Grande do Norte. Na ocasião, falou sobre sua mudança para São Paulo, motivada por razões profissionais, e teria, supostamente, mirado sua artilharia verbal para a Zona Sul do Rio, a bossa nova e João Gilberto.

Na mesma entrevista, só teria poupado o cantor Caetano Veloso, com quem troca farpas e afagos há décadas. Durante as gravações do DVD Obra em Progresso, no Rio, Caetano comentou as declarações em tom irônico, antes de apresentar a canção Lobão tem Razão. "Na verdade, não dou razão a qualquer coisa que ele diz, mas gosto do Lobão", alfinetou o tropicalista.
O roqueiro, que em 2001 escreveu Para o Mano Caetano, disse que gostou da canção escrita pelo tropicalista e que, infelizmente, suas palavras foram deturpadas pelo repórter quando a entrevista foi publicada. "O Caetano fez uma música muito bonita, por sinal. Mas acabou acreditando em uma entrevista feita criminosamente."

Lobão - Show. Nesta terça e quarta-feira, às 23h. No Studio SP - Rua Augusta, 591, São Paulo. Tel.: 3129-7040. Ingr.: de R$ 20 a R$ 35.




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