As frequentes chuvas neste início de ano podem ter colaborado para uma leve melhora da qualidade da água da Represa Billings. Essa é a expectativa da equipe que realiza a terceira edição da Expedição Billings, iniciada ontem, na Prainha do Riacho Grande, em São Bernardo. A ação é uma iniciativa da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), por meio do projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos), em parceria com a empresa ProMinent.

Por sete semanas, o eco-esportista Dan Robson percorrerá 462 quilômetros de margem e coletará amostras do líquido em 164 pontos, distribuídos entre São Bernardo (104), Capital (37), Santo André (dez), Diadema (oito), Ribeirão Pires (dois) e Rio Grande da Serra (três). No ano passado, eram 166 pontos avaliados, mas dois (um em Rio Grande da Serra e outro na Capital) sofreram processo de assoreamento.

No ano passado, que registrou maior quantidade de chuva, houve a diminuição de pontos considerados péssimos, quando comparados a 2015, período em que a estiagem ocasionou a pior crise hídrica das últimas oito décadas no Estado: de 31 baixou para 21. Os pontos ruins também caíram de um ano para outro – de 42 para 32. Já os bons subiram de 23 para 41, enquanto os regulares se mantiveram nas duas expedições: 68.

Dan Robson ressalta que o fator climático ajuda a preencher o reservatório e, com isso, há a diluição de poluentes. No entanto, a situação não é unanimidade em todos os pontos analisados. “O lado negativo é que em alguns lugares, que não têm a bacia preservada, a chuva acaba trazendo lixo.”

A bióloga, especialista em recursos hídricos e coordenadora do projeto IPH/USCS, Marta Ângela Marcondes. pontua que para mudar a atual situação é necessário implantar ações efetivas de saneamento e retirar as pessoas que moram em torno do manancial.

“Essa expedição está começando com gestões novas das prefeituras, então, à medida em que formos entregando os relatórios, veremos como elas (as administrações) reagirão”, fala Marta. A ação será feita até a décima edição, para montagem de um histórico da situação da Billings, considerada um dos principais mananciais da Região Metropolitana.

Representando o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), o secretário municipal de Gestão Ambiental, Mario Henrique de Abreu, remou juntamente com Dan Robson para a primeira coleta de água. Ele disse que a Pasta acompanhará os resultados da expedição ano a ano para traçar ações que contribuam com a melhora do reservatório.

Carta propõe atuação para as prefeituras
O ambientalista e presidente do MDV (Movimento em Defesa da Vida) do Grande ABC, Virgílio Alcides de Farias, encaminhou ontem, dia em que a Represa Billings completou 92 anos, carta aos prefeitos das cidades onde o reservatório está, com propostas para recuperação do manancial.

“Os prefeitos se omitem do exercício do poder de polícia administrativa que a administração municipal tem para controlar os usos do solo urbano. Esta omissão constitui ação em favor de ocupações ilegais que resultam em mais poluição e assoreamento dos braços e corpo central da represa, tornando-a menor, poluída e rasa”, explica.

Entre os pedidos que constam na carta estão atuação junto ao subcomitê Billings-Tamanduateí no sentido de implantar a fiscalização integrada dos mananciais, prevista nos artigos 99 a 108 da Lei Específica da Billings (13.579/09), além de pautar, também pelo subcomitê, plano para cumprir a meta de qualidade de água estabelecida para o reservatório, outro dado previsto na legislação e que estabelece limites para o planejamento de uso e ocupação do solo municipal.