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Nada mudou no Sítio Joaninha

Obras anunciadas há um ano e meio seguem
em ritmo lento no loteamento de Diadema

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
27/02/2017 | 07:07
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Anderson Silva/DGABC


Mesmo um ano e meio após mais um anúncio de obras de urbanização no loteamento Sítio Joaninha, em Diadema, desta vez pelo prefeito Lauro Michels (PV) e o ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), e a oito meses do término do prazo firmado pelos dois, a realidade segue praticamente a mesma para os 3.500 moradores do local, que existe como núcleo habitacional há quase três décadas. A área segue com a estrutura precária de ruas de terra batida e exposição dos cidadãos a esgoto a céu aberto.

As intervenções que contemplavam a primeira etapa do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tiveram início em 2012. Estava prevista instalação de asfalto, iluminação e saneamento básico. A área é de manancial e também de risco. A promessa era terminar esse projeto em 2015.

Da Avenida Nicola Imparato, uma das principais vias do bairro e uma das raras que contam com asfalto e iluminação, é possível ver a placa indicativa das obras que acontecem na Rua Rio Esperança Pedrosa. Como o objeto está danificado, não é possível enxergar prazos ou valores envolvidos.

Dois tratores reviram a terra para colocação do asfalto, mas há muito trabalho a ser feito. Na avenida, encontram-se algumas das casas mais precárias. Vinte residências têm de improvisar pontes de madeira em frente ao córrego onde é despejado esgoto doméstico.

Em meio ao mau cheiro, mato alto, ratos e baratas, famílias como a do aposentado José Lopes, 66 anos, convivem com o esquecimento do poder público. Morador há oito anos, Lopes desistiu das melhorias, apesar de afirmar que no princípio se sentia esperançoso. “Aqui não tem mais jeito. Se alguém disser que vai acontecer, falo que é mentira”, contou ele, que vive com a filha e duas netas. Lopes revelou estar de mudança. “Pretendo vender minha casa e ir para o Interior. Vim para Diadema há 21 anos, de Pernambuco, em busca de uma vida melhor. Mas o que encontrei foi tristeza. Não temos nem dignidade.”

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) divulgou que foram instaladas 1.037 ligações de água na região do Sítio Joaninha. “As obras de ligações de esgoto que ainda não foram executadas estão em fase de elaboração de estudos técnicos.”

A casa da família do motoboy César Augusto, 26 anos, que mora com a avó e a tia, fica próxima às obras da Prefeitura. Ele afirma que o barulho das máquinas pesadas incomoda. No entanto, ele vê poucos avanços na intervenção. “Há mais de dez anos que prometem melhorias aqui. Acho que a minha avó não vai viver para ver esse lugar melhor. O pessoal não aparece nem para cortar o mato. Só olham para gente em época de eleição.”

Apesar da insistência, a Prefeitura de Diadema não respondeu aos questionamentos da equipe do Diário sobre o andamento das obras, atrasos e a previsão de término.

O acordo firmado prevê repasse de R$ 8,9 milhões do governo federal, mais valor de contrapartida municipal (R$ 2,9 milhões). Segundo o Ministério das Cidades, para essa etapa já foram desbloqueados 12,02% do investimento. “As obras de infraestrutura no Sítio Joaninha estão em andamento. A etapa prevista no Sítio Joaninha tem previsão de conclusão para novembro de 2017”, informou a Pasta.

Urbanização do local era para ter sido concluída ainda em 2015

A urbanização do Sítio Joaninha, em Diadema, começou a ser prometida pelo Paço em 2007. Juntamente com o loteamento Iguassu e Complexo Caviúna, cerca de 3.000 famílias em área de manancial começaram a receber as melhorias em 2012, na gestão do então prefeito Mário Reali (PT), com previsão de término em 2015.

Finalizadas as primeiras intervenções, as obras ficaram paralisadas por um ano. Não houve avanços por conta de falta de liberações da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), o que foi regularizado no início de 2014, quando venceu prazo para que a administração do atual prefeito, Lauro Michels (PV), utilizasse recursos do PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento). A União tinha liberado R$ 34,7 milhões, e outros R$ 7,3 milhões eram de contrapartida.

O contrato foi repactuado no fim de 2015, com valor de R$ 8,9 milhões. As intervenções preveem obras de saneamento integrado e urbanização dos núcleos, além de 83 unidades habitacionais no núcleo Krones. 




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