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Grande ABC é a praia dos 'tuneiros'
Clarissa Cavalcanti
Do Diário do Grande ABC
09/10/2005 | 08:33
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Com cerca de 30 empresas especializadas no ramo, o Grande ABC se converteu num pólo de atração de clientes de várias partes do Brasil e da Europa que buscam personalizar os próprios carros, transformando-os em máquinas muito particulares, com características de automóveis de corrida e até de danceterias.

Pioneiras, essas empresas se tornaram referência no mercado brasileiro de tuning, uma mania surgida há três anos que leva os tuneiros a gastar mais que o valor do carro para equipá-lo com rodas de aro gigante, neon, luzes, DVD, som potente, pedaleiras e variados equipamentos exclusivos.

Entre outras empresas importantes para o segmento, é da região a líder nacional em fabricação de equipamentos tuning, a Shutt, de São Bernardo. “O Grande ABC é uma forte referência no ramo, com muitas lojas de qualidade”, afirma Eduardo Bernasconi, editor da Full Power, principal revista especializada em tuning.

A moda do tuning começou em 2002, influenciada pelo lançamento do filme norte-americano Velozes e Furiosos, um policial protagonizado por pilotos de carros tunados. Não há indicadores oficiais do segmento de tuning, mas a estimativa é que as mudanças introduzidas depois da compra do veículo já movimentem US$ 31 bilhões por ano nos Estados Unidos e cerca de R$ 500 milhões no Brasil, segundo Bernasconi. “O número de lojas, publicações e lançamentos cresce a cada ano”, explica.

A carteira de clientes da Shutt oferece uma noção do tamanho desse mercado. A empresa atende diretamente 600 lojas de todo o país e mais 2 mil por meio de distribuidores. “O mercado está se profissionalizando e já desperta o interesse até de montadoras. Nos últimos três anos, crescemos em média 20% ao ano e também estamos aumentando as vendas para a América Latina”, diz Lívio Matsuda, diretor de Marketing da Shutt. A empresa trabalha com três marcas – Shutt, Shuttuner e Nitrox – e fabrica produtos personalizados, como manoplas de câmbio, volante, bancos entre outros equipamentos.

A Rush Tuning, de São Caetano, é especialista em modificação de veículos e tem a patente no Brasil de uma porta que abre para cima, que atraiu clientes da Espanha e Portugal, e pode custar até R$ 2,5 mil. Segundo o gerente de vendas, Anderson Peixoto, as vendas aumentaram 60% depois do lançamento da seqüência do filme Velozes e Furiosos, intitulada + Velozes e + Furiosos.

Em média, cinco pessoas por mês mudam o carro inteiro e mais 60 equipam o veículo. Segundo Peixoto, o mínimo necessário para começar a “tunar” o carro é R$ 2,1 mil, com a instalação de pára-choque, saia lateral, manopla de câmbio, pedaleira e outros produtos. Para um trabalho mais completo, o valor mínimo é R$ 6 mil.

Na Flash Wheels, de São Caetano, o faturamento cresceu 40% nos últimos anos, segundo estima o proprietário Márcio Galdin. “Começamos com o tuning há quatro anos fazendo rodas, mas a demanda aumentou e hoje fazemos personalização de pára-choque, kits aerodinâmicos, aparelhos eletrônicos, farol de xenon (de maior intensidade de luz), entre outros”, explica Galdin. A Flash faz em média 50 modificações por mês e boa parte dos clientes são da capital.

Para modificar o carro, os “tuneiros” gastam muito. Segundo o proprietário, um kit multimídia não sai por menos de R$ 5 mil e um jogo de pneus importados, R$ 8 mil. Em média, os clientes pagam entre R$ 10 mil e R$ 15 mil em equipamentos, mas Galdin já modificou um carro que recebeu R$ 70 mil em produtos.

Muita gente da capital e de outras cidades do Estado também procura a HR Rodas, de São Bernardo. O proprietário Douglas Flores Gianoto acredita que a demanda aumentou também porque os produtos estão mais baratos. “Muitos equipamentos são importados e a queda do dólar fez com que os preços ficassem mais em conta.” A loja personaliza pneus, que custam em média R$ 2,5 mil, volantes que variam de R$ 150 a R$ 1,5 mil, entre outros produtos. “Quem começa com o tuning não pára mais. O setor está crescendo, e a procura pelo Grande ABC também”, diz Gianoto.




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