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Sertão: Veredas fecha o ano
Márcio Maio
Da TV Press
28/12/2008 | 07:07
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Depois de consolidar seu núcleo de teledramaturgia, a Record agora busca ser também referência de produtos com o que chamam de "qualidade diferenciada". E, para isso, pelo menos no fim do ano, recorreu às produções independentes. Produzido pela BossaNovaFilms, o docudrama Sertão: Veredas, adaptação do clássico Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, faz parte do especial 200 Anos de História, que a emissora exibe nesta segunda-feira, às 23h.

A idéia é homenagear os 100 anos do nascimento do escritor e mistura documentário com ficção. O episódio embarca no romantismo da história de Riobaldo e Diadorim e, ao que parece, pode significar a abertura para uma parceria nova na emissora. "Aqui no Brasil não é um formato tão comum, mas a mistura de elementos fictícios com entrevistas explicando o conceito da obra já é muito visto na Europa. Tem tudo para emplacar aqui", sugere Denise Gomes, produtora executiva do episódio.

Na história, Riobaldo e Reinaldo - que, na verdade, se chama Diadorim - são amigos de infância que vivem como jagunços no sertão mineiro. Mas o primeiro, aos poucos, se descobre apaixonado pelo colega. E passa a conviver com o sentimento de culpa por não entender de onde vem o amor que nutre por Diadorim, sem saber que, na verdade, trata-se de uma mulher criada como homem desde pequena.

Para encarnar o casal, o diretor Willy Biondani escalou duas pessoas que têm em comum a pouca experiência em televisão e o vasto currículo teatral. Ainda mais porque teria cerca de 20 dias para realizar o trabalho.

Odilon Esteves, que interpretou o travesti Cíntia em Queridos Amigos, da Globo, se utilizou da própria experiência de vida para construir seu Riobaldo, já que cresceu em Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha, em Minas.

Já Sílvia Lourenço, que se traveste de homem na pele de Diadorim, recorreu ao próprio colega de cena e, principalmente, à obra original, para ganhar segurança. "Foi um estudo imenso. Desde a fala e a gramática do Guimarães Rosa até os exercícios corporais. Não queria fazer feio, ficar caricata demais vivendo uma mulher que finge ser homem", destaca Sílvia, que estreou na tevê como a avoada Monique na série Alice, da HBO.

Para ambientar o sertão, a BossaNovaFilms contou apenas com 50 m² do estúdio da própria produtora, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo. Ao todo, a equipe teve seis dias para rodar os 30 minutos que serão exibidos na TV. "No final, esse ‘aperto' todo nos favoreceu. Ficamos muito próximos, todo mundo sabia o que a equipe inteira estava fazendo e podia participar do processo completo", analisa Willy.

O resultado surpreendeu tanto o grupo que já existem planos de se aproveitar o material de produção para outros fins. "Temos mais de 400 fotos que dariam um bom livro ou exposição. Além disso, pretendemos conseguir os direitos para lançar em DVD, com menos cortes. A parte documental, por exemplo, poderia ser alongada e entrar como um extra", adianta Denise.

Sertão: Veredas deve ocupar cerca de 40 minutos do especial 200 Anos de História. Primeiro, a Record vai exibir a adaptação do conto Os Óculos de Pedro Antão, de Machado de Assis, em comemoração ao centenário de morte do escritor.

Em seguida, entra em cena o especial que homenageia Guimarães Rosa. Segundo a direção da emissora, já existem planos para, em 2009, exibir outras adaptações. De acordo com Denise Gomes, a idéia é tentar desenvolver um novo especial para ser exibido em maio ou meados de junho. "Mas não temos nada confirmado ainda. As conversas existem, só que sem qualquer definição de data ou até mesmo de qual texto utilizar", desconversa.




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