Política Titulo Mudanças
De olho na eleição, 20 dos 50 prefeituráveis trocaram partido
Fábio Martins
Leandro Baldini
28/08/2016 | 07:00
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A partir da eleição municipal de 2012, 20 quadros, atuais candidatos a prefeito no Grande ABC, trocaram de partido para disputar o pleito majoritário. O cenário mais elevado se dá em Santo André, com cinco dos sete nomes que se apresentam na concorrência – São Bernardo é a única que não contém representantes neste panorama. Dentro deste contexto regional, PSDB e PSB foram as legendas que obtiveram maior número de adesões, recebendo três cada. O PTB, por sua vez, contabilizou quatro baixas, enquanto o PT sofreu com três saídas de filiados, atualmente rivais.

Com pífia expressão majoritária na região, tucanato e socialistas buscaram reforçar o time de postulantes em municípios considerados estratégicos de São Paulo, visando ampliar, em contrapartida, apoio a projetos em 2018. O trio elencado pelo PSDB tem o ex-vereador Paulinho Serra (Santo André, era do PSD, confira arte ao lado) e os ex-prefeitos José Auricchio Júnior (São Caetano) e Clóvis Volpi (Mauá). O PSB trouxe o ex-prefeito andreense Aidan Ravin, o deputado estadual Atila Jacomussi (Mauá) e o ex-prefeito de Rio Grande da Serra Adler Kiko Teixeira, hoje pleiteante em Ribeirão Pires. Os seis reuniam poder de disputar pela antiga legenda, mas vislumbraram projeção eleitoral.

Professora da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), a cientista política Maria do Socorro Braga afirmou que este tipo de mudança possui, na maioria das vezes, origem estratégica com objetivo de aumentar “condições de visibilidade (política) na disputa”. Segundo ela, boa parte do eleitorado não se atenta a questões partidárias e, com este prognóstico, os postulantes vislumbram agregar massa de votos, penetrar em segmentos diferentes da população e obter maior espaço. “Eles sabem que quanto mais autonomia e ambiente de apoio, há tendência de conseguir entrar no embate com maior força.”

O território andreense computou ainda as alterações do ex-prefeiturável Raimundo Salles (PPS), do vereador Ailton Lima (SD) e do ex-candidato a vice Rafael Daniel (PMDB). Diferentemente dos concorrentes, as três figuras políticas tiveram assegurado plano de concorrer ao Paço em outubro com a modificação do projeto. Em outra conjuntura, com desgaste na esfera nacional, o petismo viu as debandadas de Márcio Chaves (PSD), ex-vice-prefeito, e Rogério Santana (Rede), vereador, ambos de Mauá, além do parlamentar de Rio Grande e atualmente no PMB Cleson Alves.

Cientista político e professor universitário, Rui Tavares Maluf destacou que as alterações de legenda geralmente são captadas por eleitores que acompanham de perto a política, porém, que as movimentações não costumam trazer ônus nas urnas. “Para o eleitorado mais desatento essas trocas acabam despercebidas. Esta será eleição importante para avaliar isso, principalmente porque vivemos crise na classe, com o desgaste do PT em destaque. Contudo, o fator pessoal de cada político ainda está pesando mais na escolha do voto”, alegou.

Antigos aliados apontam frustração

Aliados em 2012 e hoje rivais na disputa pela gerência dos Executivos, candidatos revelam que a ruptura com antigos parceiros se deu por frustração.

Ao todo, o Grande ABC registrou sete fissuras políticas, no comparativo com 2012. Em Santo André, foram três casos. Os hoje prefeituráveis Paulinho Serra (PSDB) e Raimundo Salles (PPS) apoiaram o então candidato Carlos Grana (PT), que saiu vitorioso. Salles aderiu à coalizão no segundo turno, após perder no primeiro. “Em 2012, a cidade ficou sem opção após o desastre ético da gestão Aidan (Ravin, PSB). Não tínhamos alternativas. Hoje é diferente, temos um novo projeto”, disse Paulinho. “Em agosto de 2014, o prefeito Grana afirmou que seus secretários teriam de apoiar o projeto do PT à Presidência, eu pedi afastamento do governo, pois iria apoiar (candidaturas ao governo do Estado) Geraldo Alckmin (PSDB), (presidencial de) Aécio Neves (PSDB) e (a deputado federal, do PPS) de Alex Manente”, citou Salles. Outro aliado a romper foi Ailton Lima (SD), que em 2012 foi líder do governo de Aidan na Câmara.

Em São Bernardo, Tunico Vieira (PMDB) lançou nome ao Paço após caminhar ao lado do governo do prefeito Luiz Marinho (PT) por sete anos. “Trabalhei nesta e com outras gestões. Esta experiência me mostrou o que fazer e o que não fazer”, alegou Tunico. Parceiro na vitória de Donisete Braga (PT), em Mauá, há quatro anos, o candidato Atila Jacomussi (PSB) atacou o petista. “Como poderia ficar ao lado de uma pessoa que tem um comportamento de amnésia? Acorda dizendo que vai fazer uma coisa e à noite faz o inverso”, criticou. Vice, Lucia Dal’Mas (PRTB), em São Caetano, e Leo da Apraespi (PMB), em Ribeirão Pires, também rivalizam com seus antigos parceiros políticos. 




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