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Por que os bichos desaparecem?
Por Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
05/06/2011 | 07:00
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Ao longo de 4 bilhões de anos - desde que surgiu a vida na Terra - muitos bichos e plantas desapareceram por motivos variados e naturais: grandes desastres ambientais, vulcões, terremotos e mudanças de clima, como nas eras glaciais, quando o gelo cobriu tudo.

Agora, entretanto, a maior parte das extinções é causada pelo homem, que destrói o habitat das espécies para fazer casa, estrada, hidrelétrica, plantação e pasto. Isso sem contar a poluição, queimada, caça, pesca.

No Brasil, há 627 bichos, que podem sumir nos próximos anos. No planeta, são 18.351 animais, mas esse número pode ser bem maior, segundo a IUCN (União Internacional pela Conservação da Natureza). Em geral, as espécies mais ameaçadas são as que têm poucos exemplares ou vivem em uma pequena área, como ocorre com o mico-leão-preto. Esse macacaquinho, criticamente em perigo, habita pequena área da Mata Atlântica paulista.

Também correm mais riscos os bichos que vivem muitos anos, têm poucos filhotes ao longo da vida, demoram para gerá-los e se tornarem adultos, como o elefante. Isso não significa, porém, que os outros estejam a salvo.

Quando o animal está em perigo por causa da atividade humana é possível salvá-lo. Por isso, muitos especialistas no mundo se esforçam bastante para desenvolver projetos de conservação. No Brasil, o mais conhecido é o Tamar, que luta para proteger as tartarugas-marinhas.

 

Listas mostram a situação

Os pesquisadores dedicam muito tempo para estudar as espécies; com isso, é possível avaliar se estão ou não ameaçadas. No mundo, a lista mais importante é a organizada pela União Internacional pela Conservação da Natureza. Assim como em outros países, o Brasil tem lista própria feita pelo Ministério do Meio Ambiente.

Todos os bichos que fazem parte delas correm risco de desaparecer em poucos anos, se nenhum esforço for feito. No entanto, podem sair da lista caso os especialistas descubram que a pesquisa anterior estava errada ou que determinado animal aparece em outros locais que não eram conhecidos, mostrando que existem em quantidade suficiente para se reproduzir e manter a espécie.

O curioso é que um bicho pode estar presente na lista internacional e fora da brasileira ou vice-versa. É que a população pode ter diminuído muito em várias regiões do planeta, mas no País exista em número suficiente. Assim, é importante conservá-lo porque aqui pode ser o último lugar onde vive.

O mesmo pode ocorrer de um Estado para outro. A onça-pintada, por exemplo, está muito ameaçada na Mata Atlântica (do Rio Grande do Sul ao Piauí), porém, ainda não sofre grande risco na Amazônia. Essas análises são importantes para ajudar os especialistas a desenvolver as estratégias de conservação.

 

Graves consequências

De certa forma, todos os seres, inclusive o homem, estão interligados; por isso, quando uma espécie desaparece, surge o desequilíbrio. A produção de água, alimentos, matérias-primas e até o clima passam a não funcionar direito. Se os animais ameaçados de extinção realmente sumirem, a humanidade provavelmente morrerá de fome, sede e doenças.

E tem mais. Na Amazônia e nos oceanos, por exemplo, há infinidade de seres que nunca foram vistos. Até mesmo em regiões bem estudadas, como o Sul do Brasil, surgem espécies desconhecidas. O problema é que a toda hora, e principalmente a cada ambiente destruído, outras desaparecem sem que tenham sido descobertas.

 

Saiba mais

- O lince-ibérico (Lynx pardinus), que vive apenas nas regiões da Espanha e Portugal, é o felino mais ameaçado do planeta. Calcula-se que existam menos de 150 exemplares, por isso, aparece como criticamente em perigo na lista da IUCN. Aumentou seu desaparecimento quando os coelhos-bravos (seu principal alimento) começaram a morrer por causa de doenças.

- O peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) provavelmente é a espécie de mamífero aquático mais ameaçada no Brasil. Já desapareceu em algumas áreas do Nordeste. Também habita a região Norte. Entre as ameaças estão a perda de habitat natural e a captura por acidente em redes de pesca.

 

Consultoria de Monica Brick Peres, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade




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