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Ex-clientes do Di Thiene enfrentam dificuldades
Por Pedro Souza
26/08/2010 | 07:01
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Alguns ex-clientes do plano de saúde Di Thiene estão encontrando dificuldades na hora de contratar os serviços de outra operadora com o benefício da portabilidade especial. De acordo com a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), as empresas são obrigadas a aceitar esses beneficiados e com isenção de carência em planos com a mesma cobertura que tinha no Di Thiene.

Entre as dificuldades encontradas pelos ex-clientes e protocoladas no Procon de São Caetano, está a oferta de outro serviço, com desconto, desconsiderando a portabilidade especial. Neste caso, alguns corretores e operadoras apresentam planos com carência reduzida.

"Temos reclamação que um corretor ofereceu o plano da Santa Amália com redução de carência", destacou o diretor do Procon de São Caetano, Alexandro Rudolfo de Souza Guirão. "É complicado, porque orientamos os beneficiados a procurarem os corretores de planos para fazer a portabilidade, mas esses oferecem outro serviço", criticou Guirão.

VALORES
O aposentado e morador de São Caetano Sebastião Rodrigues, 74 anos, é um dos ex-cliente do convênio Di Thiene, que encontraram dificuldades. Depois de pesquisa em site de consultoria credenciada os valores de planos para efetuar a portabilidade, o aposentado optou pela Amil e procurou corretores da operadora em Santo André. "Eles me mandaram ir até Alphaville (Barueri) para adquirir o plano", contou.

O aposentado levou as cópias dos documentos no local e os três últimos boletos pagos do Di Thiene, mas foi surpreendido com ligação de funcionário da Amil indicando que o preço do convênio, com a portabilidade especial, sairia bem mais caro do que o anunciado no site.

Rodrigues procurou, então, o Procon, e depois disso recebeu nova ligação da Amil oferecendo o plano pelo valor que seu filho havia checado na internet.

Guirão afirmou que o Procon enviou notificação para a área jurídica na Amil sobre o caso. Procurada, a assessoria de imprensa da operadora informou que não conseguiria explicar o caso até o fechamento desta edição.

PORTABILIDADE
Rodrigues se enquadra no grupo de ex-clientes do Di Thiene que, mesmo com a portabilidade especial, sofre com o preço dos novos planos. Seu antigo convênio com a operadora liquidada pela ANS recentemente tinha mensalidade de R$ 468. "A moça me ligou hoje (ontem) de manhã e disse que o plano custaria R$ 876 por mês (valor que estava anunciado no site)", disse.


Empresas criam artifício para evitar migração
Suspensão da oferta de planos individuais e familiares. Esta é a argumentação que ex-clientes do plano de saúde Di Thiene receberam de operadoras, que se negaram a realizar a portabilidade especial.

"As pessoas vieram aqui e reclamaram que a operadora Ômega se negou a realizar a portabilidade por só trabalhar com planos empresariais", disse o diretor do Procon de São Caetano, Alexandro Rudolfo de Souza Guirão.

De acordo com a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), as empresas prestadoras de serviços de planos de saúde não são obrigadas a prestar contas com a agência em caso de fim de comercialização de tipos de convênios - parar de vender, por exemplo, plano individual.

Procurados, representantes da Ômega não atenderam às ligações. No site da companhia, consta a frase: "Tanto usuários individuais, como pequenas, médias e grandes empresas poderão usufruir de um atendimento de alta qualidade."

Guirão destacou que algumas operadoras também pedem prazo de 20 dias para analisar os documentos necessários para a portabilidade. E o período pode ultrapassar a data limite para realizar o benefício, que é dia 4. "Mas apenas os três últimos boletos pagos são necessários. E se o prazo vencer durante a análise, a pessoa continuará com direito ao benefício", explicou.

Neste caso, ou em outras dificuldades apresentadas pelas operadoras, Guirão orienta que o consumidor procure o Procon. Sugere também aos consumidores que se informem na ANS sobre o caso no telefone 0800 701 9656, ou no escritório da agência na Avenida Bela Cintra, 986, quinto andar, Jardim Paulista, em São Paulo. Os telefones da agência na Capital é o 3218-3757 ou 3218-3866.

BENEFÍCIO
Os ex-clientes do Di Thiene têm até o dia 4 para exercer a portabilidade. Eles estão isentos de carência para planos equivalentes ao seu antigo. Se houver acréscimo de tratamentos, será cobrada contrapartida proporcional de carência. As operadoras têm direito de cobrar o preço que já exercem pelo serviço, mesmo que este seja diferente ao que o conveniado do Di Thiene pagava. PS


Convênio não atendia mesmo antes da liquidação extrajudicial

Mesmo antes da liquidação extrajudicial do plano de saúde Di Thiene, os clientes não tinham a oferta de todos os serviços que pagavam. Isso porque o convênio tinha atendimento exclusivo no Hospital São Caetano, na cidade homônima.

O estabelecimento funcionava parcialmente desde que o antigo gestor administrativo, o andreense Hospital Brasil, rescindiu o contrato. Este, por sua vez, alegou que o São Caetano se encontrava com dívidas irreparáveis.

Entre os débitos, estão trabalhistas e tributários. Enquanto vários funcionários entraram na Justiça pedindo seus direitos, outros tentam, ao lado de integrantes do conselho deliberador do São Caetano, reativar o hospital.

A Secretaria de Saúde de São Caetano afirmou que tem capacidade de atender todos os ex-conveniados do Di Thiene que sejam moradores da cidade. Para aqueles de outros municípios, a Pasta garante o atendimento de pronto-socorro.

O Di Thiene possuía 4.217 conveniados de São Caetano. Ao todo, eram 7.806, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). PS




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