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Equipes fazem última tentativa de resgate no 'Kursk'
Do Diário do Grande ABC
20/08/2000 | 19:40
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Mergulhadores da Noruega, com equipamentos de vídeo, examinaram o Kursk na manha deste domingo, numa tentativa de encontrar um acesso ao interior do submarino atômico russo, encalhado há pouco mais de uma semana no fundo do mar de Barents, com 118 tripulantes.

Os mergulhadores apenas conseguiram torcer a borboleta da escotilha da câmara de descompressao, sem conseguir abri-la.

"Realizaremos um treinamento de emergência numa das bases navais russas, em Vediaievo (onde fica a base do "Kursk", Mar de Barents) para que os noruegueses possam treinar com um submarino do mesmo tipo para compreender o mecanismo da câmara de descompressao e do conduto de saída, para que tenham uma visao completa do que vao fazer, quando trabalharem a 108 metros de profundidade", declarou Dygalo.

"Há também outra possibilidade, que consiste em arrancar a escotilha. Atualmente, os especialistas russos, noruegueses e britânicos trocam consultas intensivas", disse o porta-voz.

A soluçao que consiste em arrancar a escotilha com uma grua fixa num navio norueguês na superfície já foi evocada este domingo pelo Vice-Primeiro-Ministro russo, Ilia Klebanov.

Apesar dos riscos que isso representa, "os homens-ras noruegueses aceitaram entrar no submarino se conseguirem abrir a escotilha", declarou à TV RTR o vice-Primeiro-Ministro Ilia Klebanov.

"Os mergulhadores tentaram primeiro abrir a escotilha exterior e se deram conta de que já haviam tentado abri-la do interior, e que portanto um membro da tripulaçao estaria dentro da câmara", disse Klebanov.

"Tentaram abrir a escotilha, mas nao puderam fazê-lo, inclusive com os potentes meios de que dispoem" (um macaco hidráulico com potência para levantar 250 quilos, segundo a RTR), afirmou o vice-primeiro-ministro.

É impossível abrir a escotilha exterior "já que foi deformada pelo choque (do submarino) contra o fundo do mar", declarou Klebanov, e precisou que segundo as imagens gravadas pelos mergulhadores, "nada foi destruído na popa do submarino".

Depois de ver as imagens, gravadas pelos noruegueses, os mergulhadores desceram até o submarino e usaram marretas para bater no casco e verificar a escassa possibilidade de ainda restar algum sobrevivente, nas poucas partes do submarino que teoricamente nao estariam inundadas.

Doze mergulhadores noruegueses, divididos em quatro equipes de três membros cada, se revezam no local a cada seis horas, sem parar.

Uma equipe de resgate britânica esperava na superfície enquanto os mergulhadores examinavam o casco do Kursk batendo em uma de suas laterais para ver se ainda havia ar em seu interior. O próximo passo da operaçao de resgate seria dado depois da descida do mini-submarino britânico LR5.

A Marinha russa praticamente já descartou a possibilidade de encontrar com vida algum tripulante. A explosao do último dia 12 que levou o submarino ao fundo deve ter matado a maior parte da tripulaçao e os que sobreviveram se afogaram pouco depois, quando o submarino foi inundado.

Klebanov disse que cinco ou seis compartimentos da proa do submarino devem ter sido inundados em segundos. Talvez alguns tripulantes tenham sobrevivido nos três compartimentos da popa.

Uma câmera de vídeo norueguesa foi levada na descida para examinar o casco e a água foi analisada para detectar algum possível escapamento de radiatividade dos dois reatores atômicos do Kursk.

Os mergulahdores estimam que o corpo de um tripulante, que tentou deixar o submarino, esteja preso, segundo um correspondente da RTR que está num dos navios russos na zona do acidente. "Máximo" - O presidente russo Vladimir Putin declarou neste domingo, no Kremlin, que as equipes de resgate lutarao "até o último minuto" e "por cada vida" dos tripulantes do Kursk.

"Faremos o máximo para salvar a tripulaçao", disse Putin, em declaraçoes transmitidas pela TV RTR.

O porta-voz da Marinha da Rússia, capitao Igor Dygalo, questionado sobre a possibilidade de as equipes conseguirem entrar neste domingo no Kursk, se limitou a dizer que "se mantém a esperança". O tempo bom na regiao contribui para as operaçoes deste domingo.

Populaçao - Muitos russos acham que a ajuda ocidental chegou tarde demais e criticam a maneira como o presidente Vladimir Putin administrou a crise, demorando muito para pedir ajuda estrangeira.

O anúncio de Moscou de que a tripulaçao já devia estar morta feito no momento em que as equipes de resgate britânicas e norueguesas chegaram ao local do acidente, sábado, foi considerado uma tentativa das autoridades russas de indicar que os ocidentais nao poderiam fazer nada.




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