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Jorge Fernando é inquieto na TV, mas óbvio no cinema
Por Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
31/12/2003 | 15:02
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Diretor da trama Chocolate com Pimenta, novela escrita por Walcyr Carrasco e responsável por levantar a audiência do horário das seis da Globo, o inquieto Jorge Fernando faz sua estréia na sétima arte com a comédia romântica Sexo, Amor & Traição, a partir de quinta-feira no circuito nacional de cinemas. O filme é um remake de Sexo, Pudor e Lágrimas (1999), o mexicano de maior bilheteria da história de seu país de origem, com 6 milhões de espectadores. Não só bem-vindo para o público, SPL foi uma mão na roda também para a produção audiovisual daquele país, que teve as portas abertas para o mercado internacional.

Com o filme de Jorginho, a história deve ser outra. A Fox Film até pensa em exportá-lo, segundo o diretor de marketing, Marcos Oliveira, mas só se o faturamento superar as expectativas por aqui. O alvo mesmo é o público nacional, e isso está estampado na cara do elenco, formado apenas por globais.

Dois deles, Malu Mader e Fábio Assunção, são os atuais protagonistas da novela das nove, Celebridade. Já Murilo Benício está em Chocolate com Pimenta, enquanto Heloisa Perissé, no humorístico Sob Nova Direção, que estreou no domingo passado. Caco Ciocler e Alessandra Negrini há algum tempo não são escalados para produções da emissora, mas continuam como contratados.

Não só responsável pela liberação dos atores, mas também fundamental para a captação de recursos, a Globo Filmes é hoje grande contribuinte para o fortalecimento da indústria cinematográfica brasileira – e, também, por fazer com que o público assista mais aos filmes nacionais. Recentemente, foram muitos: Xuxa Abracadabra, Casseta & Planeta – A Taça do Mundo É Nossa, Os Normais, Lisbela e o Prisioneiro e Carandiru, entre outros. Independente da qualidade artística dos longas, não deixa de ser um mérito que as salas passem a exibir mais e mais produções brasileiras.

Sexo, Amor & Traição está longe de ser uma obra-prima, mas é o tipo de filme que leva gente ao cinema. Fala de amor e das relações contemporâneas, mostra casais moderninhos às voltas com discussões acaloradas sobre sexo e aborda a traição de maneira aberta. Talvez, por isso, tudo soe muito novela das nove, muito falso. Jorginho não tem medo de abusar e isso faz com que ele fuja do realismo dos personagens, que é o ponto forte da história original.

Malu, por exemplo, faz Ana, que trabalha como fotógrafa, mas que não aparece nenhuma vez fotografando. No máximo, ela surge de calcinha e camiseta na sala de revelação de sua casa – o que serve mais como pretexto para uma cena apimentada. Já o Carlos de Benício é atônito. Escritor em crise profissional, ele não fede nem cheira, e chega a ser ridícula sua relação de amor e indiferença com Ana. Ao mesmo tempo em que a venera, ele a ignora.

Vizinhos do apartamento de frente do casal, o publicitário Miguel (Ciocler) e a ex-modelo Andréa (Alessandra), vivem em pé de guerra. Ela quer atenção e ele quer tempo para ganhar dinheiro e garantir uma vida confortável. O espectador já sabe que isso não vai dar certo.

A chegada de dois novos personagens causará uma reviravolta na história. O viajante e mulherengo incorrigível Tomás (Assunção) se acomoda na casa de Ana e Carlos. Detalhe: ele é o melhor amigo dele e ex-namorado dela. Já Cláudia (Heloisa), o primeiro amor de Miguel, é convidada por Andréa a se hospedar em sua casa, com o marido junto.

Os triângulos amorosos se desfazem para formar uma verdadeira guerra dos sexos: os três homens se acomodam no apartamento de Carlos, e as três mulheres no de Andréa. As provocações infantis de ambas as partes só escondem os reais sentimentos dos personagens. Eles querem mesmo é ficar juntos e, como todo mundo, ser felizes para sempre. E o público nem precisa esperar até o fim para descobrir essa obviedade.




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