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Camping urbano
Por Marcela Munhoz
Do Diário do Grande ABC
26/06/2011 | 07:00
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Em barraca ou chalé, na floresta ou em área particular, quem curte participar de acampamentos busca, entre outras coisas, diversão e adrenalina, além de a incrível sensação de liberdade ao passar um tempo longe de casa. Por isso, acampar não é só passeio de criança. Muita gente mais crescidinha curte dormir sob a luz do luar.

É o caso de 26 alunos do Ensino Médio da E.E Filinto Muller que tiveram a chance de acampar em pleno Jardim Botânico, em Diadema. A turma superanimada virou a noite no parque durante a 2ª Monitoria Noturna, que serviu para mostrar como a natureza se comporta depois das 20h e a importância de respeitar o meio ambiente, primeira regra que todo campista deve seguir.

"Dá para se divertir sem sujar o local", afirma Juliana Giavoni, 17 anos, que quer fazer faculdade de Ciências Biológicas. "Uni o útil ao agradável: me diverti com as amigos e ainda aprendi bastante." De início, os estudantes fizeram pequena trilha. Para a galera que não está acostumada com a floresta, qualquer movimento significa perigo e deixa tudo ainda mais divertido.

Durante o passeio, ouviram um pouco sobre a flora e a fauna local e se empolgaram ao saber sobre os morcegos. Alguém no meio da roda gritou: "É o Edward de Crepúsculo". Todos riram e pararam para observar o céu que estava superiluminado. Pausa para sopa quente. Ninguém consegue aproveitar nada se sentir tanto frio.

 

Uma noite fora de casa - Mais do que dinâmicas e horários para cada atividade - diferentemente do que ocorre quando se acampa só entre amigos -, a chance de dormir fora de casa e estar em um ambiente diferente do que o de costume já causam empolgação por si só. "Estamos há muitos anos juntos e precisamos aproveitar o máximo de tempo que temos antes de nos formar; por isso, o passeio é bem legal", conta Anna Cláudia Xavier, 16 anos, que dividiu a barraca com duas amigas. "Dormimos tarde. Ficamos ouvindo Luan Santana." O colega Lucas Mondami, 17, achou tudo muito inusitado. "Já acampei com meu pai e nunca foi assim. É bem legal saber que estamos no meio da cidade com os amigos de escola."

 

Acampando com o professor - "Foi o acampamento mais civilizado que já fiz, uma atividade diferente que ajuda a sair da rotina. Foi muito legal o professor estar junto", diz Sandro Cesar, 17. A ideia de levar a turma para viver a experiência noturna partiu dos professores de matemática e do de história, que passou a noite lá. Bruno do Nascimento Santos orgulha-se do comportamento dos alunos. "A princípio dá um pouco de medo, mas é ótima a oportunidade de estar mais próximos deles. O problema é que a agora os demais querem isso também." Para ficar ‘de olho' na galera, monitores do parque se dividiram na vigília. "Dormimos com um olho fechado e o outro aberto. Eles podem se divertir, mas há regrinhas", avisa Camila Matos.

 

Passa perrengue também - Pensa que acampar é só moleza? Está enganado! É preciso arregaçar as mangas para montar e desmontar as barracas, dormir muitas vezes com o colchonete úmido da chuva e preparar a própria comida, sem contar as visitas indesejadas, como aranhas, sapos e outros bichos.

No caso dessa turma, o jantar e o café da manhã foram muito bem servidos pelos funcionários do parque. Mas a lavagem da louça e a montagem ficaram por conta deles. "A parte mais chata de todas é armar e levantar acampamento. Tem que arrumar tudo e nunca as coisas cabem direitinho como vieram", diz François Fernandes, 17 anos. A colega Erika Carvalho, 17, também não conseguiu encaixar tudo como deveria e descobriu que acampar não é programa para ela. "Não consigo acordar cedo e adoro a minha cama, mas valeu a experiência."

Já o quarteto de amigas Izadora Fernanda, Yandra Alves, Amanda Smeteu e Ana Carolyna - todas de 17 anos - não estava nem aí por ter de dividir a minúscula barraca. Tudo foi só diversão. "Pelo menos, não passamos frio à noite. Foi bem engraçado", conta Izadora.

 

Escoteiro é bambambam - Faz parte da vivência e aprendizado dos escoteiros sobreviver na mata. Fábio Ribeiro dos Santos, 23, explicou à galera de Diadema que o mais importante é zelar pela segurança. "Não é simplesmente pegar a barraca e sair acampando por aí. É preciso sempre ter um adulto responsável por perto." Escoteiro há 16 anos, Fábio já viveu vários ‘apuros' na mata. Certa vez, uma cobra entrou na barraca e uma aranha na bota. "É preciso sempre sacudir os sapatos antes de calçá-los", ensina Fábio, que aprendeu técnicas para ter relação amigável com os bichos: "Tem de respeitar a natureza". Outra dica é sempre deixar a barraca bem vedada, colocar jornal por baixo da roupa para se aquecer e tomar muito cuidado com as fogueiras. "Há regras para acender e apagar."

 

Dicas

A primeira regra para quem deseja acampar é estar acompanhado por um responsável que, de preferência, já tenha ido.

Antes de escolher o local, pesquise bem. Peça opinião para quem já foi e certifique-se que é adequado para isso. É melhor optar por um com área fechada, segurança e banheiro.

Treine antes para armar a barraca.

Leve lona plástica para forrar o chão onde for montá-la.

Respeite a natureza. Nada de jogar lixo ou roubar flores e mudas.

Muito cuidado com a fogueira. Tem de limpar bem a área antes, não pode ficar perto da barraca nem cortar galhos para alimentar o fogo. Use os gravetos espalhados pelo chão.

Planeje a quantidade de água e de comida necessárias.

Tenha sempre uma lanterna por perto.

 

Dá para se divertir muito, mas há regras - Desde que se conhece por gente, três vezes por ano - em janeiro, julho e no Carnaval -, Matheus Liebentritt, 15 anos, vai para o mesmo acampamento de férias, onde encontra os amigos de antigas temporadas. "É legal porque saímos da rotina. Tem gincanas, oficinas, rodas de violão e festas. É bem melhor do que passar as férias na frente do computador ou videogame", conta. A irmã Victória, 13, também curte o programa e a oportunidade de sempre conhecer gente nova. "Comemoro o aniversário em julho e sempre estou por lá."

Os irmãos curtem pra caramba o passeio e garantem cumprir muito bem as regrinhas. "Nada de bebidas nem ficar", lembra Matheus, que marca encontro com a menina depois da temporada para conhecê-la melhor. Na opinião de Victória, as desvantagens são ter de acordar cedo todos os dias e não poder chegar nem perto do celular e computador. "Só pode ligar se pedir autorização para as monitoras."

Juliana Carmevale, 35 anos, é monitora há 16 no Peraltas e sabe muito bem identificar quem está pensando em quebrar as restrições. "Eles acham que podem nos enganar, mas nossa tarefa é supervisionar. Não gosto de ser a chata, mas é preciso seguir as regras porque a responsabilidade de cuidar deles é grande", explica. Mesmo assim, segundo ela, a diversão é garantida e aprende-se bastante nessa viagem longe dos pais. "Muitos filhos únicos entendem que é preciso dividir e respeitar o espaço dos outros."

 

Tem para todos os gostos - Quer viver a experiência, mas acha que acampar é coisa de criança? Há vários locais com dezenas de atividades diferentes voltadas à galera da sua idade. Na verdade, todo acampamento é dividido por faixa etária. "Fora do Brasil, participar de acampamentos faz parte da cultura", afirma Marília Rabello, presidente da Abae (Associação Brasileira de Acampamentos Educativos). Tanto que servem de cenário para muitos filmes e séries, como Camp Rock. Segundo Marília, agrada a todas as idades porque há programações diferenciadas. "Os mais novos brincam e os mais velhos curtem baladas a esportes radicais." Há quase 30 anos na área, a dirigente já viu muita coisa acontecer durante e depois das temporadas. "Teve gente que se casou e outros que ficaram amigos por toda a vida. É uma experiência inesquecível." Confira abaixo alguns acampamentos temáticos. No site www.abae.org.br há a lista completa:

 

FUTEBOL - Alguns acampamentos são organizados por times de futebol. O oficial do Corinthians, por exemplo, acontece em Bragança Paulista e é dirigido para quem tem de 8 a 16 anos. São sete dias de treinamento, em que os participantes aprendem técnicas de jogos, conversam com jogadores e se enfrentam em amistosos. Há duas temporadas em julho. Mais informações: www.corinthianstraining.tur.br. Também é tradicional o do Milan, que rola nas instalações do NR, em Sapucaí Mirim (Minas Gerais), destinado a turma de 8 a 15 anos. A temporada de julho está marcada entre os dias 24 e 30. Saiba mais no http://milanjuniorcamp.com.br

LÍNGUAS - Dá para se divertir e ainda treinar inglês e espanhol durante gincanas e brincadeiras no English Camp, em Itapetininga (São Paulo). A faixa etária vai até 16 anos, com atividades de acordo com a idade e o grau de entendimento. São quatro temporadas. Quer saber mais? Acesse www.englishcamp.com.br

MUSICAL - No Camp Music NR, em Sapucaí Mirim, é possível se sentir uma estrela da música, pelo menos, durante a temporada de férias. Ainda tem teatro, dança e esportes. É um acampamento dentro do acampamento, já que as oficinas de música ficam abertas para quem quiser. Estão programadas três temporadas em julho para quem tementre 11 e 16 anos. Mais no www.campmusic.com.br

RADICAL - Quem não quer moleza pode optar pelos acampamentos com esportes radicais. A diversão rola em Boituva (São Paulo) e reúne vários esportes como alpinismo, paintball, mountain biking e até paraquedismo. É para quem tem de 4 a 18 anos. Em julho, estão programadas duas temporadas. Confira no site www.radical.com.br

FINANCEIRO - Quer aprender a administrar e poupar? O The Money Camp, em Atibaia (São Paulo), vai estimular esse lado com gincanas financeiras, entre outras atividades em grupo programadas para quem tem até 15 anos. A temporada de julho rola entre os dias 12 e 16. Saiba mais no www.themoneycamp.com.br




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