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Crise deve impulsionar compras na Black Friday

Consumidor aguarda ação do varejo no dia 27
para adquirir produtos com até 80% de desconto

Por Marina Teodoro
Especial para o Diário
15/11/2015 | 07:12
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Ari Paleta/DGABC


Os computadores da família Queiroz estão com os dias contados. A troca dos equipamentos antigos, que já deveria ter sido feita neste ano, foi adiada por conta da crise econômica. “Não tínhamos como comprar antes, então estamos esperando as promoções da Black Friday para trocá-los”, afirma Ana Martins Queiroz, 36 anos, que é professora e moradora de São Bernardo.

Assim como Ana, muitas pessoas estão aguardando a quinta edição da Black Friday, que acontecerá no dia 27, última sexta-feira do mês, para adquirir o que não pôde ser comprado ao longo do ano, devido ao momento econômico delicado. Isso porque o evento, conhecido pelas diversas promoções e descontos, que devem chegar a até 80%, promete aquecer o setor do comércio de lojas físicas e on-lines em todo o País.

A prática é originária dos Estados Unidos, e tradicionalmente é realizada após o feriado de Ação de Graças, com filas a perder de vista e descontos realmente agressivos para lojas inteiras. Desde 2010, vem se consolidando no mercado brasileiro – com maior profissionalização no último ano. Com maior visibilidade no comércio virtual, pesquisas de sites especializados em e-commerce apontam que a adesão dos internautas às compras será alta neste ano.

Cerca de 80% dos consumidores que costumam fazer compras pela internet têm a intenção de adquirir algum item na Black Friday neste ano, de acordo com estudo feito pela e-bit/Buscapé. “Nossa pesquisa mostra que os consumidores acham que essa é uma oportunidade de encontrar ofertas imperdíveis para realizar aquele antigo sonho de consumo, mas que teve de ser adiado para momento mais oportuno”, afirma André Ricardo Dias, diretor executivo da e-bit/Buscapé.

A Rebellion Digital também realizou pesquisa que aponta que 72% dos entrevistados têm interesse em comprar algo na data. “Alguns consumidores deixaram de consumir ao longo do ano para esperar os descontos da Black Friday, tornando as compras mais racionais e planejadas com a busca de boas oportunidades”, afirma o diretor de marketing Felipe Mendes.

Para o professor de Economia da Universidade Mackenzie Agostinho Celso Pascalicchio, por este ter sido um ano de recessão econômica, a Black Friday pode ser, de fato, alternativa para impulsionar o consumo País. “Se a redução de preços realmente for feita, e as promoções forem efetivas, apesar da crise, este ano poderá ter faturamento e demanda ainda maiores que em 2014.”

Pascalicchio explica os efeitos práticos para a expectativa ser maior do que no ano passado. “O tamanho do desconto deverá ser maior e, o da oferta de produtos mais baratos, maior (pois devem ser mais demandados). Além disso, o marketing para a campanha deste ano está sendo melhor preparado”, analisa ele.

O professor ainda destaca que a data já pode ser comparada com Dia das Mães, Dia dos Pais e Dia dos Namorados para o comércio. “Ainda falta um pouco para que seja equiparada ao Natal, mas certamente é a primeira movimentação efetiva do 13º salário (pago até dia 30), que é um recurso essencial para o comércio e indústria do País.”

De acordo com o site da Black Friday, organizado pelo Busca de Descontos em parceria com a ClearSafe, o faturamento do evento em 2014 foi de R$ 872 milhões, e a previsão para este ano é de R$ 978 milhões. “Há uma expectativa de 12% de crescimento em relação a 2014, o que é relevante em um ano economicamente mais complicado”, afirma Juliano Motta, diretor de operações da BlackFriday.com.br.

BALANÇO - A data, que promete ajudar varejistas a esvaziarem os estoques para dar lugar aos novos produtos do Natal, também deve vir com perspectiva mais otimista da parte dos consumidores. Pesquisas apontam que o tíquete médio deve ser maior do que o do ano passado.

No estudo realizado pelos organizadores da Black Friday, os internautas têm intenção de desembolsar cerca de R$ 422,39 neste ano, contra R$ 416,75 em 2014. Já no levantamento feito pela Rebellion Digital, o valor médio das aquisições deve chegar a R$ 532.

Os setores que mais se destacam nas preferências dos consumidores são os de eletrônicos (37%), informática (27%), eletrodomésticos (27%), telefonia (25%) e livros (17%), de acordo com o e-bit/Buscapé.

PARTICIPANTES - No on-line, muitas lojas já anunciam a participação na campanha e garantem descontos. O site da Black Friday no Brasil já aponta empresas como Adidas, Americanas.com, Azul, Chevrolet, CVC, Dell, Hering, Hotel Urbano, HP, Magazine Luiza, Marisa, Nike, O Boticário, Saraiva, Submarino.com, Walmart.com e outras. Já o comércio físico também participa de maneira independente, assim como a Super Casa, que fica no Centro de Santo André.


Procon e Proteste monitoram sites

Quem já está acostumado a fazer compras na internet, e principalmente em sites internacionais, sabe que a fama da Black Friday no Brasil não é das melhores. De acordo com os organizadores do site brasileiro do evento, ClearSale e Busca Descontos, estudo mostra que é estimado que consumidores gastem até R$ 15 milhões em compras feitas no dia 27 e que nunca serão entregues.

Pensando nessa situação, o Procon-SP e a Proteste estão monitorando sites para acompanhar se os descontos estão sendo realmente aplicados. “Muitas lojas aproveitam a fama da Black Friday, aumentam o preço uns dias antes e, depois, anunciam descontos, que na verdade não existem”, afirma a advogada da Proteste, Livia Coelho.

Caso seja comprovado que alguma empresa esteja fazendo esse tipo de manobra, o Procon-SP pode aplicar multa, com base no Código de Defesa do Consumidor. “O valor da pena depende da situação, que pode variar desde a falta de garantia de produto em estoque, entrega após prazo acertado, e outras que caracterizam propaganda enganosa”, completa Livia.

Para não pagar a “metade do dobro”, ou se ver em qualquer outro tipo de problema, o criador do site Dica de Preço, Leonídio de Oliveira Filho, orienta que a pesquisa é fundamental. “Confira os preços dias antes da compra, escolha lojas confiáveis (verifique o CNPJ delas) e acompanhe sites e aplicativos que monitoram as ofertas e descontos.”

A Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, com o intuito de trazer mais credibilidade ao evento, indica que o consumidor procure por empresas que estejam identificadas pelo selo Black Friday Legal 2015, que se comprometeram a oferecer descontos reais e a entregar os produtos dentro do prazo prometido, seguindo as boas práticas do e-commerce.

Cadastros que divulgam a reputação negativa das companhias também devem ser consultadas. O Procon-SP divulga a lista negra de empresas que prometem não cumprem em seu site (http://sistemas.procon.sp.gov.br/evitesite/list/evitesites.php). O e-bit faz a mesma coisa, também em sua página na web (http://www.buscape.com.br/lojas-online-nao-recomendadas.html).
 




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