Os choques aconteceram horas depois de o governo boliviano ter lançado uma operação de resgate de 2 mil turistas e paroquianos presos há uma semana na localidade de Sorata, perto de Warisata. Moradores enfurecidos gritaram insultos ao ministro da Defesa, Carlos Sánchez, que liderou a ação militar e policial e teve que deixar o local em um helicóptero.

O poderoso sindicato agrário havia convocado neste sábado uma 'ampliação ao nível nacional' do bloqueio de estradas, que, pelo sexto dia consecutivo, afetava o Altiplano Andino e os Yungas, centros de fornecimento de alimentos para La Paz.

O líder da oposição e plantador de coca Evo Morales adiantou que consultará suas bases, neste domingo, sobre as medidas que serão tomadas após os incidentes em Warisata. Na ocasião, um soldado morreu em um carro da rede de TV ATB quando era levado para o hospital, após ter sido baleado no pescoço, informou a rede.

Os camponeses Mateo e Juan Quispe, uma menor e um estudante indígena não identificados também morreram baleados. Os feridos, muitos em estado grave, foram levados para hospitais e clínicas de La Paz.

O porta-voz da Presidência, Mauricio Antezana, lamentou as mortes e os confrontos e pediu a Morales que 'baixasse o tom' e abandonasse 'o discurso da violência', para que se pudesse estabelecer o diálogo pedido pelo presidente Gonzalo Sánchez de Lozada.

As estradas andinas tomadas pelos lavradores aimarás ligam o oeste boliviano ao Peru e Chile, e é por onde passam os turistas que entram e saem da Bolívia, além de ser uma região de intensa atividade comercial. O governo ordenou a forças militares e policiais que liberassem as estradas, enquanto negocia com autoridades tradicionais e administrativas dos Yungas uma solução para o bloqueio de vias nos vales agrícolas próximos de La Paz.

A Confederação Sindical Única dos Trabalhadores Camponeses da Bolívia (CSUTCB) declarou ‘guerra’ ao presidente Gonzalo Sánchez de Lozada, enquanto o povo aymará de Warisata velava, neste domingo, os mortos, incluindo uma menina de 8 anos.