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Greve geral faz 700 mil trabalhadores pararem em Israel
Por Da AFP
30/04/2003 | 08:44
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A central sindical israelense Histadrut iniciou nesta quarta-feira uma "disputa de força" com o governo de Ariel Sharon, ao lançar uma greve por tempo indeterminado, que paralisou grande parte do país, para rechaçar um drástico plano de austeridade com medidas sem precedentes. Cerca de 700 mil empregados do setor público israelense cruzaram os braços a partir das 6h locais (0h de Brasília).

Israel está isolado do resto do mundo com a paralisação do tráfego de aviões no aeroporto internacional Ben Gurion, nos arredores de Tel Aviv. Os trens não funcionam, nem os serviços portuários e aduaneiros.

Escolas e universidades permaneceram fechadas, assim como os bancos, os serviços municipais, as unidades administrativas e ministérios, a Bolsa de Tel Aviv, a companhia de telecomunicações Bezeq, os Correios, a companhia elétrica, a de água e as refinarias. Entretanto, o movimento não afeta as empresas do setor privado.

Crise - O clima social está tão deteriorado que o secretário geral da Histadrut, Amir Peretz, se recusou a adiar a greve, apesar do ataque suicida cometido durante a madrugada na entrada de um café-bar de Tel Aviv, próximo da embaixada dos EUA, que causou a morte de quatro pessoas, incluindo o camicase.

A ação da Histadrut foi deflagrada para protestar contra a intenção do ministro de Finanças, Benjamin Netanyahu, de apresentar um projeto de lei que anula acordos coletivos no setor público que a central tinha firmado e que constituem sua razão de ser. "Benjamin Netanyahu se comporta como um ditador", disse Peretz.

Entretanto, a aprovação deste plano em primeira leitura no Parlamento parece garantida, graças ao apoio dos partidários da maioria, segundo a emissora de rádio oficial. O objetivo do plano é livrar Israel da maior recessão econômica de sua história.

Adotado no final de março pelo Governo, o plano estabelece cortes orçamentários de 2,3 bilhões de dólares, uma queda de entre 8% e 10% dos salários da função pública, a demissão de dezenas de milhares de funcionários, a prorrogação até os 67 anos da idade para aposentadoria, contra 65 atualmente, e uma redução dos subsídios familiares.

Netanyahu pediu à Histadrut que "ponha fim a esta greve supérflua e reinicie as negociações", durante um agitado debate parlamentar. O ministro também afirmou que os Estados Unidos "condicionaram a entrega a Israel, em três anos, de 9 bilhões de dólares de garantias bancárias do Tesouro americano à aprovação deste plano". Estas garantias devem permitir a Israel conseguir empréstimos internacionais com taxas de juros mais baixas.

Na frente política, Netanyahu está menos propenso a fazer concessões, mesmo sabendo que seu futuro político está sendo julgado, segundo os observadores. Um eventual fracasso de seu plano questionaria seriamente sua tentativa de suceder a Ariel Sharon como chefe do Likud e no cargo de primeiro-ministro.

O presidente da Associação de Industriais, a principal organização patronal, Oded Tira, denunciou por sua parte a greve, afirmando que "dará um golpe muito duro nas empresas privadas, cujas atividades de exportação serão paralisadas". O Tesouro estimou entre US$ 300 e US$ 400 milhões por dia o montante das perdas provocadas por esta greve.




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