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Reitor da Unifesp contesta UFABC
Andrea Catão
Do Diário do Grande ABC
22/02/2005 | 14:16
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O professor Ulisses Fagundes Neto, reitor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), fez duras críticas ao Ministério da Educação, que anunciou no ano passado que a instituição teria autorização para expandir seus domínios para o Grande ABC e, este ano, recuou. “O ministro (Tarso Genro) me procurou pessoalmente em outubro do ano passado e propôs que a Unifesp se instalasse no ABC. Submeti a proposta ao Conselho Universitário, que aprovou por unanimidade. Em novembro, tanto o MEC quanto nós anunciamos a instalação da universidade em Santo André. Mas em dezembro disseram para eu esquecer o assunto”, afirma. Ele vai a Brasília na primeira quinzena de março para cobrar de Tarso Genro o compromisso assumido.

O recuo do governo federal citado por Fagundes é o fato de o projeto de lei que cria a UFABC (Universidade Federal do Grande ABC) não ter sido retirado do Congresso Nacional. Em reunião no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, o diretor de Desenvolvimento da Educação Superior do MEC, Manuel Palácios, afirmou que seria celebrado convênio com a Unifesp.

Com essa jogada, o governo não se desgastaria ao negociar com a oposição, que trancou a pauta de votações no Congresso antes das eleições municipais de outubro. Para não depender mais dos parlamentares, o governo aprovaria a extensão da Unifesp, o que não precisa de aprovação de lei. No entanto, o governo não retirou o projeto da UFABC da pauta de votações e cedeu às pressões do PFL, que não queria aprová-la. Para isso, anunciou a criação de universidades na Bahia e no Mato Grosso do Sul, dois conhecidos redutos pefelistas.

“Desde dezembro do ano passado não obtenho qualquer informação do MEC. Sou ignorado. O que sei é que o grupo técnico do MEC quer o convênio com a Unifesp e um grupo político não quer, pois acredita no projeto da UFABC”, afirma o reitor da Unifesp, Ulisses Fagundes Neto. Ele diz que não sabe qual o grupo político que pretende ver a UFABC criada, mas afirma se tratar de um erro. “A Unifesp tem 70 anos e demorou pelo menos quatro décadas para ter credibilidade. Até uma nova universidade se estabelecer e ter prestígio levam décadas”, diz.

Para Fagundes, a região abrigaria a reitoria da maior instituição pública do país ao ter um campus da Unifesp. A instituição atualmente oferece cursos apenas na área da saúde e, com a expansão, passaria a oferecer graduação e desenvolveria pesquisas nas áreas de Tecnologia, Educação e Ciências Sociais. “Com essa nova perspectiva, a Unifesp teria condições de rivalizar com a USP (Universidade de São Paulo), hoje a maior instituição pública de ensino superior do país.”

Mesmo com a aprovação do projeto de lei da UFABC, o reitor não descarta que a Unifesp também crie cursos no Grande ABC. “Geograficamente tudo nos une. Ter a reitoria em Santo André seria ótimo, mas se não for possível podemos conseguir a aprovação para criar alguns cursos na região.”

Em novembro do ano passado, o prefeito de Santo André, João Avamileno (PT), disse que doaria um terreno de 70 mil m², localizado na avenida dos Estados, para a instalação da Unifesp. Na segunda-feira, sua assessoria informou que o projeto de lei ainda não foi encaminhado à Câmara por conta de não ter sido definido qual instituição o ABC vai abrigar. De qualquer forma, o mesmo terreno continua disponível.




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