Política Titulo Irritação
Marinho ataca Diário ao tratar manobra no Consórcio

Atual presidente da instituição afirma achar ‘estranho’ imprensa antecipar troca em norma

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
18/11/2014 | 07:00
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Prestes a modificar o estatuto do Consorcio Intermunicipal do Grande ABC a fim de garantir nova reeleição à frente da instituição, o que é proibido hoje, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), reagiu com irritação sobre questionamentos da possibilidade e atacou diretamente o Diário.

Eleito pela primeira vez ao cargo em 2013, Marinho ocupa a cadeira máxima do colegiado em dois mandatos e, para garantir mais tempo, precisa alterar estatuto interno – que permite apenas uma reeleição – antes da escolha do novo gestor, que ocorrerá em eleição a ser realizada em janeiro.

Ontem, após reunião com os demais prefeitos da região, na sede do colegiado, o chefe do Executivo são-bernardense se irritou ao ser indagado por jornalistas sobre o tema, focando críticas ao Diário.

“Eu não estou discutindo estatuto, mudança. Eu acho muito estranho que a imprensa me trate deste jeito. Eu tenho vontade de cuidar da minha vida. Peço a vocês que me permitam. Eu acho desrespeitoso o modo que o Diário me trata. Sinceramente, desrespeitoso. Eu nunca falei que desejaria ter terceiro mandato para ser tratado deste jeito. ‘Eu mando, eu exijo’, que conversa é essa? Aprenda a fazer jornalismo, pelo amor de Deus”, atacou.

Sobre a possibilidade de os prefeitos trabalharem pela manutenção de seu nome, Marinho foi novamente ríspido, destacando desconhecer qualquer hipótese do assunto. “Eu vou decidir em janeiro. Se os prefeitos desejam alguma coisa, tragam a mim. No entanto, não discutiram isso comigo. Portanto, esse debate não existe. Não estou considerando nada isso”, explicou.

“O que é preciso é que a imprensa colabore com esse debate. Pelo amor de Deus. Fico envergonhado de um dia ter sido assinante do Diário”, criticou o petista.

Não é a primeira vez que Marinho adota tom agressivo ao falar do jornal. Durante eleição, em carreata em Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, o chefe do Executivo de São Bernardo desdenhou da publicação. “Veja? Mas o que é Veja? Com a Veja e com o Diário eu não perco mais meu tempo”, disse, à ocasião, depois de tecer ataques pessoais a Aécio Neves, candidato do PSDB na corrida presidencial contra a presidente Dilma Rousseff (PT). “Ele governou Minas Gerais, mas conhece mesmo as boates do Rio de Janeiro e “já foi pego no bafômetro.” <TL>LB

Prefeito já tentou censurar publicação

Da Redação

O prefeito de São Bernardo e presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Luiz Marinho (PT), tentou duas vezes censurar o Diário.

Em 2010, o petista recorreu à Justiça para calar a publicação sobre reportagens que apresentavam descarte de carteiras e cadeiras escolares em bom uso por parte da Prefeitura de São Bernardo.

À ocasião, equipe de reportagem chegou a adquirir peças por R$ 10 o conjunto (sendo R$ 7 a carteira e R$ 3 a cadeira).

O juiz Jairo Oliveira Júnior, da 1ª Vara Cível de Santo André, concedeu a liminar a Luiz Marinho e, de abril a dezembro de 2010, o Diário ficou proibido de veicular reportagem sobre o assunto, sob pena de multa diária de R$ 500. No fim daquele ano, o mérito do processo foi julgado em primeira instância e a censura imposta foi derrubada.

O segundo episódio ocorreu em maio, quando Marinho tentou impedir veiculação de reportagens jornalísticas a respeito de investigação do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), que apurava denúncia indicando que o petista integrava grupo para assassinar um promotor e um juiz da região.

A magistrada Ana Cristina Ramos, da 8ª Vara Cível de Santo André, negou no dia 2 de maio a liminar, que previa multa diária de R$ 500. “O pedido para que os réus não procedam nenhum tipo de comentário em face do autor, envolvendo os fatos narrados na presente demanda, fere o princípio da liberdade de expressão e afronta o direito constitucional do livre pensamento”, argumentou a juíza.




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