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Anhanguera demite 50% na UniABC
Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
17/12/2011 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Cerca de 150 professores da UniABC foram demitidos nesta semana pela Anhanguera Educacional, grupo que adquiriu a universidade em julho. Segundo docentes ouvidos pelo Diário, a maioria dos funcionários dispensados possui título de mestrado ou doutorado.

A instituição confirmou as demissões, mas não informou o número de professores que foram desligados. A estimativa de 150 docentes é do Sindicato dos Professores do ABC. De acordo com a entidade, a universidade empregava em torno de 330 professores. Desta forma, o corte atingiu aproximadamente 50% do quadro funcional.

Para o presidente do sindicato, Aloísio Alves da Silva, os professores foram dispensados para dar lugar a profissionais com salários inferiores. "Eles demitiram mestres e doutores para contratar especialistas, apenas com graduação ou, no máximo, pós-graduação." O sindicalista afirma que os professores remanescentes terão redução na jornada de trabalho. "Isso é precarizar a mão de obra e desvalorizar o trabalhador."
Alves informa que, desde o início do ano, a Anhanguera demitiu ao menos 131 docentes que trabalhavam na UniA e Uniban, ambas compradas pelo grupo recentemente. "Essas demissões não foram negociadas com o sindicato. Vamos entrar com representação junto ao Ministério Público para tentar reverter isso." O presidente admite a possibilidade de a categoria deflagrar greve no início de 2012 para reivindicar a readmissão.

A Anhanguera Educacional informou que desligou os profissionais "em função do planejamento de carga horária do próximo semestre e faz parte de um movimento natural das instituições de ensino a cada encerramento de semestre". Com a aquisição da Uniban, em setembro, a Anhanguera passou a ser a maior do Brasil e segunda maior do mundo.

QUALIDADE

Na opinião de ex-professores da UniABC, o corte em massa implicará em perda na qualidade do ensino. "Qual é o compromisso que a Anhanguera tem com a Educação? Foram aplicados altos investimentos na compra de outras instituições, mas sem contrapartida para o ensino. É o sucateamento da Educação", avalia o professor e mestre Sérgio Simka, que lecionou por quase 11 anos no curso de Letras. O professor critica o uso exagerado do método de Educação a distância utilizado pela universidade. "Se pessoalmente os alunos já cometem erros de português, imagine a distância?"

O professor Vitor Mizael Dias, que dava aulas no curso de Arquitetura, afirma que os mestres e doutores que ficaram no quadro funcional foram condicionados a aceitar diminuição da carga horária. "Os professores que trabalhavam com pesquisa tinham jornada de 40 horas semanais. Agora, a jornada será de oito horas."

Segundo o docente, após a aquisição da UniABC, a Anhanguera teria prometido aos funcionáriosEMque não haveria demissões.

Estudantes se revoltam contra corte em massa

A demissão de metade do quadro de professores da UniABC revoltou estudantes da universidade. "Me sinto enganada por essa nova administração (da Anhanguera), que está transformando a Educação em linha de produção de diplomas", critica a aluna Michelle Bebiano, do curso de Arquitetura.

O estudante Rodrigo Domingues Alves, também de Arquitetura, afirma que, apesar do corte, a mensalidade do curso foi aumentada em cerca de 12% desde o início da gestão da Anhanguera. Na segunda-feira, os alunos da instituição deverão se reunir para programar manifestação contra as medidas adotadas.

No fim de novembro, cerca de 100 alunos protestaram em frente à universidade, na Avenida Industrial, contra alterações na carga horária dos cursos. Segundo professores, no modelo da Anhanguera as aulas presenciais só acontecem de segunda a quarta-feira, sendo pela internet nos demais dias.




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