Economia Titulo Crise internacional
Pequenas empresas da região são as primeiras vítimas da crise

Segundo o Sebrae, as micro e pequenas empresas do Grande ABC foram as mais atingidas pela crise

Bárbara Ladeia
Vivian Costa
05/12/2008 | 07:00
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A crise financeira internacional não só chegou ao Brasil como já começou a apresentar suas primeiras vítimas. Segundo levantamento do Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) do Estado de São Paulo, as MPEs (micro e pequenas empresas) do ABC foram as mais atingidas pela turbulência econômica no mês de outubro. Foram 14,4% de perdas no faturamento, contra a média estadual de 9,8%.

Marco Aurélio Bedê, gerente do Observatório das MPEs do Sebrae, afirma que o Grande ABC concentra indústrias de metalurgia, que foram afetadas logo no início da crise. "Os fornecedores de montadoras foram os primeiros a afetados, porque as vendas para o consumidor final dependem muito de financiamentos", explica. "Com a escassez de crédito, o consumo ficou travado."

Para ele, transparência por parte das empresas que buscam financiamentos e ações mais enérgicas do governo federal poderiam reverter o cenário. "É preciso uma postura mais agressiva para mostrar ao mercado que o governo está em defesa do crescimento."

Embora concorde com boa parte das medidas do governo, o secretário executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Fausto Cestari, também sente falta de ações mais pontuais. "Estão muito preocupados em minimizar os efeitos da crise. Governo tem de dar apoio efetivo às MPEs, dilatando o prazo para o pagamento de impostos, por exemplo. Isso capitaliza as empresas", defende. "Em janeiro, serão necessárias decisões mais contundentes."

As perspectivas para o próximo ano também não são as melhores. "Não sou pessimista, sou realista. Infelizmente, pelo menos pelo ano de 2009 inteiro vamos ver mais crise e desemprego."

SINDICALISTAS - Segundo Cícero Firmino da Silva, o Martinha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, algumas empresas já estão demitindo por causa das férias coletivas das montadoras. "Quando as montadoras param a cadeia produtiva é a primeira a ser prejudicada. Há muitas empresas que suspenderam os pedidos. E como não há expectativa de retomada de produção, há demissões", explica.

Diante da situação, Silva acredita que o cenário só pode mudar se os incentivos do governo ajudarem. "Temos que dar garantias para os trabalhadores, encontrar mecanismos para fortalecer a categoria", explica.

De acordo com Silva, os empresários da região já vêem o primeiro trimestre como perdido e que estão trabalhando para não perderem o semestre. "O governo diz que está investindo, dando incentivos. É preciso ter um controle para ver se isto está acontecendo realmente", comenta.

O Sindicato dos Químicos do ABC as empresas têm dado férias coletivas para seus trabalhadores para acompanhar a parada das montadoras, afirma Thomaz Ferreira Jensen, assessor técnico do Dieese na subseção da entidade. "As empresas que fornecem diretamente para as montadoras estão sem pedidos e com isso, muitas têm procurado a entidade para negociar", explica.

Já Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, afirmou, em entrevista recente ao Diário, que há muitos mecanismos para se atravessar momentos contubardos antes de se falar em demissão. "É uma irresponsabilidade falar em demissão agora", afirma. Mesmo assim, Nobre afirma que a situação só irá se definir no começo do ano. O sindicalista foi procurado pelo Diário para comentar os resultados divulgados pelo Sebrae, mas não se pronunciou sobre o assunto.

 




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