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Ceasa quer 50% do público da Ceagesp, de olho em sua mudança

Entreposto da Craisa também planeja ampliar horário de funcionamento em duas horas por dia

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
21/10/2017 | 07:22
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Nario Barbosa/DGABC


De olho na mudança de endereço da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), maior entreposto de frutas e verduras da América Latina, da Vila Leopoldina, onde opera há 51 anos, a Ceasa (Central de Abastecimento) Grande ABC, administrada pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) quer abocanhar 50% do fluxo de consumidores que hoje frequentam o estabelecimento da Capital.

Isso porque, conforme a Ceagesp, duas comissões formadas por integrantes dos governos federal, estadual, municipal e da própria companhia estudam processo de mudança devido ao fato de o local concentrar grande quantidade de caminhões, o que dificulta o acesso e a circulação da população. São especulados dois destinos para o entreposto: Perus, Zona Norte de São Paulo, e Suzano, na Região Metropolitana. Nos 700 mil metros quadrados da Zona Oeste, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), declarou pretender instalar um centro tecnológico.

Dessa forma, o diretor-presidente da Aeceasa (Associação das Empresas da Ceasa do Grande ABC), João Lima, tem ambiciosa expectativa de ‘herdar’ metade do público da Ceagesp, pelo fato de a Ceasa Grande ABC estar mais bem situada do que os locais cotados para a mudança, defende.

Hoje, o maior entreposto latino recebe cerca de 35 mil consumidores por dia, sendo outros 8.000 nos varejões e 5.000 na feira de frutas e flores, totalizando 48 mil pessoas. Desta forma, dentro da projeção de Lima, a intenção é atender fluxo extra de 24 mil clientes. Para se ter ideia, atualmente a Ceasa da região recebe em torno de 1.000 pessoas diariamente.

Para dar conta do volume adicional de visitantes – mais especificamente, 24 vezes maior –, Lima revela que, já no início de 2018, pretende ampliar o horário de atendimento, que hoje vai das 22h ao meio-dia, até as 14h.

“Hoje, devido ao fato de a Ceagesp operar de dia, temos muitos comerciantes do Grande ABC que acabam se deslocando à Capital para fazer suas compras. E concorrer diretamente com o entreposto seria dar murro em ponta de faca. Agora, com a mudança de endereço, o processo se torna mais natural. Com a ampliação do nosso horário, acredito que essas pessoas passarão a comprar conosco”, assinala o diretor-presidente da Aeceasa. “Além disso, mesmo que a Ceagesp vá para Suzano, estamos mais bem localizados, próximos a importantes rodovias. Não à toa, aqui ajudamos a escoar a safra de todo o Brasil.”

Em relação à infraestrutura para reter público oriundo da Ceagesp, Lima garante que há condições de atendê-lo e que, se preciso, ainda há espaço para ampliar a oferta de produtos. “Não temos espaço como a Ceagesp, mas temos muito potencial”, sentencia. Dos 162 mil metros quadrados na beira da Avenida dos Estados, onde está situada a Craisa, há 50 mil metros quadrados ociosos, revela o superintendente da companhia, Reinaldo Messias (PPS).

Para eventual expansão do espaço, que hoje abriga 108 empresas e 63 boxes, Lima não descarta a realização de PPP (Parceria Público-Privada). Ele explica que haveria a concessão da área para a construção de mais uma ala a fim de viabilizar a ampliação. “Será nos moldes como ocorreu com a concessão do posto de combustível. A Craisa não construiu o posto, mas licitou o espaço para que ele pudesse operar.”


Carro-chefe na região são as laranjas

O produto que tem maior saída na Ceasa Grande ABC é a laranja, responsável por 20% do total comercializado no entreposto, o que equivale a cerca de 2,6 toneladas mensais. Na sequência, vêm batata e cebola, com 5% cada (650 quilos). Ao todo, são comercializadas, por mês, 13 toneladas de produtos alimentícios, que, para se ter ideia de quanto isso representa, caberiam em 900 caminhões.

Na Ceagesp, a divisão é semelhante. E o carro-chefe também é a laranja (9,7%), seguido por tomate (9,1%) e batata (7,6%). No entanto, o que a Craisa vende em um mês, o maior entreposto da América Latina comercializa praticamente em um dia – são 12 mil toneladas entre frutas, legumes, verduras e pescados.

PARA ECONOMIZAR - Dentre os clientes da Ceasa Grande ABC, o diretor-presidente da Aeceasa (Associação das Empresas da Ceasa do Grande ABC), João Lima, destaca que houve crescimento de 10% no movimento de munícipes, sem precisar números. “As pessoas têm procurado a Ceasa em busca de economizar. Muitos vêm e dividem os produtos comprados com a família, ou compram aqui para preparar festas de aniversário e casamento.”

Segundo Lima, os itens do entreposto custam em média 30% menos do que em redes varejistas. É válido ressaltar, no entanto, que no local são vendidas apenas quantidades voltadas ao atacado. Por exemplo, uma caixa de laranjas com 23 quilos custa R$ 22, o que faz com que o quilo saia por R$ 0,95. De acordo com pesquisa semanal de cesta básica realizada pela Craisa, nos supermercados da região o preço médio do quilo da fruta é de R$ 2,05, pouco mais que o dobro do valor.

“Ceasa não é shopping center e, embora não tenhamos sacolinhas plásticas, oferecemos serviço de qualidade e ambiente familiar”, defende o diretor-presidente.

(Colaborou Evaldo Novelini)
 




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