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Gasto com Educação chega a R$ 57 bi
Por Soraia Abreu Pedrozo Do Diário do Grande ABC
01/02/2011 | 07:01
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Os gastos com matrículas e mensalidades escolares representam quase 78% do total desembolsado com educação pelas famílias brasileiras, que deve alcançar R$ 45,13 bilhões neste ano. Os demais 22% ficam por conta de materiais escolares e livros didáticos, que devem movimentar R$ 12,74 bilhões.

Isso é o que aponta estudo do Instituto Data Popular, elaborado com base nos dados da pesquisa de orçamento familiar e do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), ambos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo o levantamento, de 2002 para cá houve crescimento de 369% nas despesas com Educação. De R$ 12,34 bilhões (sendo R$ 9,07 bilhões com matrículas e mensalidades e R$ 3,27 bilhões materiais e livros), o montante deve saltar quase cinco vezes, para R$ 57,87 bilhões (R$ 45,13 bilhões com matrículas e mensalidades e R$ 12,74 bilhões com materiais e livros).

Na avaliação de Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, a expansão se deve principalmente ao comportamento da classe C, que nesse período conquistou empregos formais e teve acesso ao crédito. "Com isso, essas famílias ganharam a possibilidade de transformar seus antigos sonhos em metas, e um desses sonhos era a educação. Os filhos ingressaram em escolas particulares e dessas foram para as universidades. Os filhos da classe C já superam as escolaridade dos pais em 68%, enquanto na A, este número é de apenas 10%", diz.

Os gastos com Educação da chamada nova classe média representam, hoje, 29,10% dos desembolsos de todas as esferas sociais. A perspectiva é que suas cifras somem R$ 16,84 bilhões neste ano, sendo R$ 11,55 bilhões com matrículas e mensalidades e R$ 5,29 bilhões com materiais e livros (veja arte ao lado).

O estudo aponta, ainda, que mais da metade dos estudantes da rede particular de ensino (da pré-escola à pós-graduação) pertence à nova classe média. Na rede pública, entretanto, o predomínio é de estudantes da classe D.

São considerados integrantes das classes D e E aqueles que recebem até três salários-mínimos (até R$ 1.620), da classe C, quem ganha acima de três até dez salários (de R$ 1.621 a R$ 5.400) e, das classes A e B, quem tem renda acima de dez salários (acima de R$ 5.401).

ESCOLHA

Para Oswana Fameli, presidente da Aesp (Associação da Escolas Particulares do Grande ABC), o aumento nos gastos com Educação nos últimos nove anos se deu principalmente por conta do crescimento da economia, que elevou o poder aquisitivo dos brasileiros e que proporcionou a possibilidade de escolha da escola que os pais querem para seus filhos. "Quando se pode escolher, se investe acreditando, portanto, se investe mais. Antes, o estudo não era prioridade para as famílias, até porque elas não tinham opção", explica.

Atrelado ao direito de escolha, veio também maior conscientização da importância do estudo. Tanto que, desde 2009, foi instituído por lei o Ensino Fundamental de nove anos, e não mais oito.

Grande entrave para que as classes C, D e E melhorem a educação de seus filhos é o valor gasto com mensalidade e com material escolar. No caso da mensalidade, Oswana aponta como grande culpado os tributos, que respondem por 46,7% do faturamento de uma escola.

Porém, ela visualiza possível solução com base em promessa de governo da presidente Dilma Rousseff: permutar os impostos pagos pela instituição por bolsas de estudo. "Muitas escolas têm capacidade ociosa e podem comportar mais alunos, que não têm como pagar. Acho que isso resolverá pelo menos metade dos problemas."




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