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Oscar confronta Hollywood com independente

Com exceção do perfil do apresentador, pouca coisa mudou na 81ª edição do Oscar, que acontece hoje

Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
22/02/2009 | 07:00
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Com exceção do perfil do apresentador, pouca coisa mudou na 81ª edição do Oscar, cuja cerimônia será realizada neste domingo em Los Angeles, a partir das 22h (horário de Brasília). Em lugar de comediantes como Billy Crystal e Steve Martin, a festa da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas será ancorada pelo galã australiano Hugh Jackman.

De resto, a fórmula da principal premiação do cinemão não apresenta surpresas, inclusive entre os candidatos a uma estatueta (veja lista principal na página 6). Dentre as fórmulas de sempre entre os indicados na principal categoria, estão a saga romântica (O Curioso Caso de Benjamin Button), o filme político (Frost/Nixon), o drama de tema polêmico e inspirado em fatos reais (Milk - A Voz da Igualdade) e o título tido como independente (Quem Quer Ser um Milionário?). Completa a lista, o drama O Leitor.

No país, outra tradição quebrada foi a transmissão na TV aberta. A Globo, que detém os direitos de exibição, preferiu priorizar o Carnaval este ano e transmitirá apenas flashes entre os desfiles das escolas de samba do Rio. O único canal - pago - a transmitir na íntegra será o TNT. A partir das 21h, começa o aquecimento com o crítico Rubens Ewald Filho.

Baseado em conto de F. Scott Fitzgerald, a incrível história do homem que nasceu idoso e rejuvenesceu ao longo dos anos lidera a noite, com 12 indicações, dentre as quais melhor ator (Brad Pitt), atriz coadjuvante (Taraji P. Henson ), direção (David Fincher) e roteiro adaptado (Eric Roth e Robin Swicord). Na bolsa de apostas, é também forte candidato, uma espécie de Forrest Gump - O Contador de Histórias (1994).

Milk, dirigido por Gus Van Sant, tem oito indicações e conta com a sempre magnética colaboração de Sean Penn, igualmente bem cotado por sua atuação como o ativista gay Harvey Milk (1930-1978).

Único título ainda inédito no Brasil, Frost/Nixon, que dividia o favoritismo com O Curioso Caso de Benjamin Button no Globo de Ouro, tem agora cinco chances. O longa-metragem remonta a entrevista que Richard Nixon deu ao jornalista inglês David Frost logo após o escândalo do Watergate e a consequente renúncia à presidência.

O Leitor, dirigido pelo britânico Stephen Daldry (Billy Eliott e As Horas) é ambientado na Alemanha durante os anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial e deve finalmente fazer justiça a Kate Winslet depois de diversas indicações - e nenhuma estatueta. Daldry, assim como os diretores dos outros quatro indicados a melhor filme, é também candidato ao prêmio de melhor direção.

Forte candidato - Quem Quer Ser um Milionário? é este ano o que Pequena Miss Sunshine e Juno foram em 2007 e 2008, respectivamente: o alternativo. Ao contrário dos antecessores, porém, tem mais chances de se consagrar entre o júri da Academia, haja vista a campanha até agora: com vitórias nas categorias principais do Globo de Ouro e do Bafta, desbancando os favoritos. O longa ambientado na Índia é o segundo colocado em indicações, com dez chances.

O diretor, o britânico Danny Boyle (Trainspotting), também conquistou os prêmios em sua categoria e lidera a bolsa de apostas ao Oscar de direção.

Principais indicados
Melhor Filme
Quem Quer Ser Um Milionário?
O Curioso Caso de Benjamin Button
Frost/Nixon
Milk - A Voz da Igualdade
O Leitor

Melhor Diretor
Stephen Daldry - O Leitor
David Fincher - O Curioso Caso de Benjamin Button
Danny Boyle - Quem Quer Ser Um Milionário?
Gus Van Sant - Milk - A Voz da Igualdade
Ron Howard - Frost/Nixon

Melhor Ator
Mickey Rourke - O Lutador
Sean Penn - Milk - A Voz da Igualdade
Frank Langella - Frost/Nixon
Brad Pitt - O Curioso Caso de Benjamin Button
Richard Jenkins - The Visitor

Melhor Atriz
Kate Winslet - O Leitor
Meryl Streep - Dúvida
Anne Hathaway - O Casamento de Rachel
Angelina Jolie - A Troca
Melissa Leo - Rio Congelado

Melhor Ator Coadjuvante
Heath Ledger - Batman - O Cavaleiro das Trevas
Philip Seymour Hoffman - Dúvida
Michael Shannon - Foi Apenas Um Sonho
Josh Brolin - Milk - A Voz da Igualdade
Robert Downey Jr - Trovão Tropical

Melhor Atriz Coadjuvante
Penélope Cruz - Vicky Cristina Barcelona
Viola Davis - Dúvida
Amy Adams - Dúvida
Taraji P. Henson - O Curioso Caso de Benjamin Button
Marisa Tomei - O Lutador

Melhor Animação
Kung Fu Panda
Wall-E
Bolt - Supercão

Melhor Filme Estrangeiro
Der Baader Meinhof Komplex (Alemanha)
Entre Les Murs (França)
Departures (Japão)
Revanche (Áustria)
Valsa com Bashir (Israel)

A vez dos excluídos

Em ano em que Brad Pitt recebeu do diretor David Fincher um papel desafiador e retribuiu com uma performance bastante competente em O Curioso Caso de Benjamin Button, quem deve levar a melhor no Oscar desta noite é um Mickey Rourke cada vez mais irreconhecível - pelo menos para aqueles que se acostumaram a ler os termos ‘símbolo sexual' ao lado de seu nome nos anos 1980, quando fez par com Kim Bassinger em 9 1/2 Semanas de Amor. E é assim, entre retornos e os tradicionais acertos de contas com eternos injustiçados, que a premiação de atuação deve se resolver.

Com o rosto deformado por conta de uma sucessão de cirurgias plásticas, Rourke já ensaiava um retorno em Sin City (2005). Até então, fez pontas em produções do circuito alternativo (caso de Spun, do diretor sueco Jonas Akerlund) e em outros filmes sem grande expressão.

Assim como Pitt, Rourke foi agraciado como um grande papel. Alternativo até os ossos, o cineasta Darren Aronofsky (Réquiem para um Sonho e A Fonte da Vida) apostou em Rourke, 57 anos, para encarnar um lutador em fim de carreira. Esse universo não é muito distante ao do ator, que começou a treinar boxe aos 12 anos em Miami, onde foi criado.

Outra aposta forte é a de que Hollywood recompensará a britânica Kate Winslet, 33 anos, após cinco ocasiões em que saiu de mãos abanando do Kodak Theatre: a primeira, em 1996, candidata a coadjuvante por Razão e Sensibilidade. A última, em 2007, em que disputava a melhor atriz por Pecados Íntimos. Nos prêmios que tem abocanhado nesta temporada, fez discursos em que afirma não estar acostumada a ganhar. Ao que tudo indica, desbancará todas as colegas, inclusive a veterana Meryl Streep.

O prêmio de melhor ator coadjuvante deve repetir o Globo de Ouro e consagrar postumamente Heath Ledger, morto em janeiro do ano passado aos 28 anos. O ator australiano fez uma impressionante performance como o Coringa em Batman - O Cavaleiro Negro e sua morte só fez crescer o frisson em torno do filme.

Penélope Cruz fez uma tresloucada em Vicky Cristina Barcelona e afirmou em entrevistas não acreditar ser a favorita à melhor atriz coadjuvante. Mas é bem provável que a atriz espanhola receba neste domingo a estatueta das mãos do namorado Javier Bardem, ganhador da mesma categoria no ano passado por Onde os Fracos Não Têm Vez.




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