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Com água barata, morador desperdiça sem consciência

O consumo de até 10 mil litros por mês custa R$ 16,82 nas cidades atendidas pela Sabesp

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
22/03/2014 | 07:00
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Você acha sua conta de água cara? Pois a Região Metropolitana, e o Brasil como um todo, tem uma das tarifas mais baratas do mundo, o que pode estimular o desperdício. A avaliação é de Paulo Massato, diretor metropolitano da Sabesp (Companhia de Abastecimento do Estado de São Paulo), que cobra R$ 16,82 por consumo até 10 metros cúbicos de água por mês.

Pesquisa da revista National Geographic e da ONG Global Water Intelligence aponta que em Copenhague, na Dinamarca, cidade com a água mais cara do mundo, o custo de 10 metros cúbicos seria de US$ 85,75, o equivalente a R$ 198,94 no dólar de ontem.

Com o clima seco atípico registrado no verão, que terminou na quinta-feira, os sistemas de abastecimento da Grande São Paulo, especialmente o Cantareira, entraram em colapso. Mas Massato explica que a água é um recurso escasso mesmo quando chove muito. “Nossa disponibilidade hídrica é de 116 metros cúbicos por habitante por ano, com total de 20 milhões de habitantes na Região Metropolitana. A ONU (Organização das Nações Unidas) afirma que, para o sistema ser autossustentável, é preciso haver 2.000 metros cúbicos por habitante por ano. Estamos longe do ideal.”

Além da falta do recurso, os mananciais estão cada dia mais poluídos, o que aumenta o custo do tratamento da água. “A ocupação desordenada das áreas de mananciais prejudica a produção. É preciso fazer parcerias entre Estado e município para viabilizar a urbanização, de forma a levar tubulações para coleta de esgoto e evitar que ele seja descartado diretamente nas represas”, explica o diretor da Sabesp. Apenas no entorno da Represa Billings, estima-se que haja cerca de 250 mil moradias irregulares.

Além do esgoto, o lixo e as partículas produzidas pelo desgaste de pneus em contato com o solo também são arrastados para as águas quando chove. “E esse volume de detritos não é pequeno”, avisa Massato.

LONGO CAMINHO

O diretor da Sabesp afirma que, por enquanto, a poluição permite o tratamento, mas o processo é complicado. Após a captação, o primeiro passo é a flotação, na qual são utilizadas substâncias como sulfato de alumínio, cloreto férrico e polímeros, além da agitação da água, com o objetivo de aglutinar a sujeira e formar flocos. Depois, o líquido passa pelo tanque de decantação, para que a sujeira fique concentrada no fundo, e por sistemas de filtragem.

Por fim, é feita cloração para matar as bactérias. Só então o líquido está pronto para distribuição. “A água é escassa e seu tratamento e distribuição são caros. É preciso usar com consciência”, diz Massato. O aviso não é apenas para hoje, Dia Mundial da Água, mas sim para todos os dias.
 




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