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Inauguração de 4 creches
em Diadema fica para 2014

Com investimento federal, unidades oferecem
658 vagas para crianças de zero a três anos

Natália Fernandjes e Guilherme Monfardini
Do Diário do Grande ABC
24/06/2013 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


As quatro creches previstas para serem concluídas até o fim deste ano em Diadema só abrirão as portas à população a partir de fevereiro de 2014. As unidades, que foram iniciadas ainda na gestão anterior, somam 658 vagas para crianças com idade entre zero e 3 anos e investimento aproximado de R$ 11,2 milhões oriundos do governo federal.


Diadema amarga o título de cidade com maior número de crianças nessa faixa etária fora da escola – são cerca de 6.000 pequenos, segundo dados atualizados pela Prefeitura.


As creches estão localizadas nos bairros Centro (Betel), Ilhéus (Yambere), Sagrado Coração (Gazuza) e Naval. A equipe do Diário visitou todos os canteiros de obras e conversou com a população do entorno. A pior situação é a da unidade do Gazuza, que oferecerá 150 vagas. Apesar de haver placa informando sobre a retomada das obras, não havia nem sinal de que os trabalhos estavam sendo realizados.


A creche Naval deveria ter sido entregue neste mês, no entanto, tem obras em ritmo lento. A unidade terá 180 vagas e dois pavimentos com seis salas e dez berçários, além de um Cras (Centro de Referência da Assistência Social). A expectativa é de que as novas vagas aliviem a demanda dos bairros Nova Conquista e Vila São José. “Temos muitas crianças nas ruas por falta de vagas em creche”, destaca a vendedora Daiane Alves, 18 anos, moradora do bairro carente.


No caso da unidade Betel, no Centro, os trabalhos foram retomados em maio. Por lá, é possível observar operários em ritmo normal de trabalho. A construção da unidade estava paralisada desde dezembro. Serão oferecidas 128 vagas. O prédio terá dois pavimentos, seis salas de atividades para as crianças, sala multiuso, três berçários, área de recreação, entre outros.


Localizada no Jardim Inamar, a creche Ilhéus contará com 200 vagas. De acordo com os vizinhos da unidade, o terreno foi cercado ainda em outubro de 2012, mas a obra só voltou a receber operários há duas semanas. “Temos poucas creches aqui no bairro e muitas crianças”, observa a comerciante Ana Paula Serafim da Silva, 41.


As instituições de ensino integram pacote de dez obras para implementação de unidades de ensino anunciadas em 2011 pelo ex-prefeito Mário Reali (PT). Ao todo, a criação de 3.000 vagas consumiu investimentos de cerca de R$ 21 milhões.


As creches foram incluídas em TAC (Termo de Ajuste de Conduta) firmado no ano passado entre a Prefeitura e o MP (Ministério Público) como garantia de abertura de vagas na rede pública.

TEOTÔNIO
Outra unidade cuja entrega está atrasada é a Emeb Teotônio, a antiga Escola Municipal Teotônio Brandão Vilela, localizada na Vila São José. O prédio, que atendia 200 alunos com 4 e 5 anos, foi demolido e erguido novamente de forma ampliada – passará a comportar 500 estudantes. A previsão era de que a inauguração fosse realizada em abril, mas o canteiro de obras segue abandonado.


As intervenções no local têm custo de R$ 2,6 milhões. Enquanto a escola não abre as portas, as crianças são atendidas na creche Nova Conquista de forma improvisada. A promessa da Prefeitura é de que a unidade seja entregue em dezembro.

Prefeitura pretende reajustar TAC
A Prefeitura de Diadema e o Ministério Público vão discutir alterações no TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado no ano passado para diminuição do deficit de vagas em creche. Em reportagem publicada na semana passada pelo Diário, a Secretaria de Educação, chefiada por Marcos Michels (PV), avaliou que os dispositivos do acordo firmado ainda na gestão do ex-prefeito Mário Reali (PT) não correspondem à realidade atual das filas de espera por vagas na rede pública municipal.


Isso porque, pelo TAC original, o Paço se comprometia a incluir 1.300 crianças no sistema educacional neste ano, contabilizando um deficit de 11 mil pessoas. Segundo o secretário, esse número foi reajustado para 6.767 depois de trabalho de reorganização da fila, como recadastramento, ocupação de vagas ociosas e planejamento de atendimento por bairros.


A intenção da administração de Lauro Michels (PV) é avançar na discussão de alterações no TAC no mês que vem, com debate com diretoras das creches, Ministério Público, representantes de APMs (Associações de Pais e Mestres) e vereadores.


À época, o titular de Educação creditou à gestão petista a paralisação das obras das quatro creches que ainda não foram entregues, principalmente por conta dos bloqueios da CND (Certidão Negativa de Débito) e o CRP (Certificado de Regularidade Previdenciária).

Cuidadora de crianças é opção para mães que trabalham
Sem vagas em creche, mães da comunidade carente da Naval, em Diadema, tiveram de recorrer ao improviso para deixar os filhos com idade entre zero e 3 anos: as cuidadoras. Geralmente vizinhas de confiança, entre desempregadas e donas de casa, essas mulheres desempenham trabalho semelhante ao de uma babá, com a diferença que recebem várias crianças ao mesmo tempo nas suas próprias residências.


A dona de casa Rosiana Bezerra, 41 anos, é uma das cuidadoras que residem na Naval. Há três anos ela cuida de duas crianças cujos pais trabalham e estão em fila de espera por vaga em creche no período da tarde. “Com a dificuldade de conseguir escola para os menores, as mães procuram a gente”, comenta.


Além de pagarem valor para as cuidadoras todo mês, as mães são responsáveis por enviar a alimentação dos pequenos. “Claro que seria melhor que eles estivessem na escola, porque aqui eles passam a maior parte do tempo brincando”, destaca Rosiana.


Moradora da mesma comunidade, a operadora de caixa Jaqueline Rodrigues Silva, 32, tenta vaga para que a filha de 2 anos possa frequentar a escola desde o ano passado. “A nossa esperança é de que essa creche (Naval) seja entregue logo para facilitar a vida da gente, que precisa trabalhar e não tem com quem deixar os filhos”, ressalta.
 




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