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Juro médio para o consumidor registra queda de 9,2 pontos
19/08/2003 | 07:28
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Os juros ao consumidor registraram um recuo de 9,2 pontos porcentuais desde maio. Em julho, a taxa média de financiamento para aquisição de veículos e outros bens, dos empréstimos pessoais, do cheque especial e do cartão de crédito chegou a 77,1% ao ano. Em abril, estava em 86,3%.

A redução, que se antecipou às quedas da taxa Selic (taxa básica de juros), foi motivada pela fraca demanda por crédito e os baixos índices inflacionários, de acordo com a Partner Consultoria, que faz análises mensais sobre o comportamento dos juros com base nos dados do Banco Central. De abril para maio, as taxas tinham sido cortadas em 2,6 pontos porcentuais. De maio para junho, foram mais 2,3 pontos. Em julho, com o empurrão do Copom (Comitê de Política Monetária), a redução foi de 4,3 pontos.

Das cinco modalidades de crédito ao consumidor pesquisadas, os cartões de crédito são os que apresentam as maiores taxas. Em julho, a taxa chegou a 238,7% ao ano. O cheque especial veio a seguir, com 173,9%. Já o empréstimo pessoal ficou em 91,7%; o de veículos, 42,9%; e a taxa para aquisição de bens, 75,2%. O levantamento não inclui o varejo que mantém o crediário com capital próprio, mas apenas aquele que tem financeira para administrar a carteira, o que significa cerca de 50% do universo total de estabelecimentos que vendem a prazo.

Mesmo com a redução das taxas, os bancos e financeiras emprestaram menos no mês passado. O volume chegou a R$ 24,6 bilhões, valor 2,7% menor do que julho de 2002. O crédito por meio do cheque especial e do empréstimo pessoal puxou o resultado global, com quedas de 7,7% e 5,9%, respectivamente.

Por outro lado, cresceu o montante usado para aquisição de veículos (+ 18,7%), de bens (+ 7,5%) e ainda o valor destinado ao consumo em geral, por meio dos cartões de crédito (+ 1,8%). Este quadro, de acordo com o sócio-diretor da Partner, mostra uma perspectiva de aquecimento das compras, o que pode ajudar na reativação da economia. Em relação a junho, o volume de novas concessões caiu 9,3%.

Outro dado considerado positivo foi a desaceleração da queda do saldo de crédito (o que foi emprestado e hoje é devido pelo consumidor). Em julho, os bancos e financeiras tinham R$ 81 2 bilhões a receber, um valor 0,5% maior do que junho. A reação interrompe uma queda que começou em outubro de 2002.

A Partner avalia que o total de recursos destinados ao crédito ao consumidor, que hoje é de R$ 80 bilhões e representa 5,6% do PIB, pode chegar a R$ 200 bilhões até 2010. A estimativa se baseia na trajetória deste indicador a partir do Plano Real, com a estabilização da economia. Em 1995, o volume era de R$ 20 bilhões, o que significava 2% do PIB.

Varejo - O movimento de redução de juros por parte dos grandes bancos, a reboque da diminuição da alíquota do recolhimento compulsório sobre depósitos à vista, de 60% para 45%, não foi suficiente para entusiasmar o varejo. Executivos do setor afirmam que o problema do cenário creditício no Brasil hoje não é a escassez de recursos, mas a falta de tomador de empréstimos.

Para eles, antes da flexibilização do compulsório, já havia no sistema financeiro uma liquidez da ordem de R$ 53 bilhões que, no entanto, não fora transformada em operações de crédito. “Não adianta colocar recursos no mercado se não há tomadores. E não tem quem queira contrair financiamentos porque a taxa de juros continua ainda muito elevada.”, explica o diretor-executivo da Fecomércio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), Antônio Carlos Borges.




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