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Comerciante é ameaçado de morte antes de depor à CPI
Do Diário do Grande ABC
29/04/1999 | 16:54
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Uma ameaça de morte movimentou a sessao desta quinta da Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a máfia dos fiscais. O comerciante da regiao da Sé, José Roberto Fabiani, que compareceu à Câmara Municipal por iniciativa própria, sem ser convocado, recebeu um telefonema enquanto aguardava, ao lado de assessores da comissao, sua vez de prestar depoimento. "Se você falar alguma coisa, vai se ferrar", ouviu Fabiani, ao atender seu celular.

A ligaçao foi feita pelo também comerciante da Sé, Nelson Canelói, o Nelson das Bolsas, acusado de arrecadar verba entre lojistas para a campanha do deputado estadual Hanna Garib (suspenso do PPB). Além do testemunho dos assessores, que escutaram a conversa, o olho mágico do celular gravou o telefone da casa de Canelói. A reportagem ligou em seguida para Nelson das Bolsas. Ele desmentiu as ameaças e disse que Fabiani, que já trabalhou em lojas de Canelói, deixou diversos recados, com o seu número de celular, pedindo para que Canelói entrasse em contato com urgência. Canelói afirmou que tudo nao passa de "fruto da imaginaçao do depoente" e que Fabiani estaria querendo extorquí-lo com ameaças de que contaria "coisas comprometedoras" à CPI. "O José Roberto é um sujeito vingativo e, com certeza, queria conseguir tirar dinheiro de mim", disse.

Fabiani saiu da Câmara acompanhado por dois policiais, que o levariam para o Instituto de Criminalística (IC), onde formalizaria as denúncias para o delegado Romeu Tuma Júnior, um dos responsáveis pela investigaçao dos esquemas de propina.

CPI - O depoimento de Fabiani foi considerado extremamente importante pelo presidente da CPI, José Eduardo Martins Cardozo (PT). "Ele comprovou a ligaçao entre Garib e o Nelson Canelói" disse.

Segundo Fabiani, Nelson das Bolsas conhecia Garib desde a época que o atual deputado era regional da Sé, na gestao de Jânio Quadros e eram amigos íntimos. Afirmou, ainda, que Canelói sempre pagou propina para Garib e ajudou o deputado fazendo doaçoes para sua campanha. O deputado, segundo o depoente, em contrapartida, ajudou Canelói a obter licença para construir um motel clandestino.

Nelson Canelói já havia prestado depoimento à CPI, mas negou qualquer ligaçao com o deputado. Nesta sexta (30), a comissao vai ouvir, às 16 horas, a ex-mulher de Canelói, Aparecida Canelói, que teria documentos comprovando a ligaçao entre seu ex-marido e o Garib.




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