Setecidades Titulo Uso emergencial
Com aval, região prevê começo da vacinação contra a Covid na 4ª

Diante de autorização da Anvisa, Consórcio aguarda a confirmação dos governos estadual e federal para estabelecer cronograma de imunização

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
17/01/2021 | 22:42
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Divulgação/Governo do Estado


Com a aprovação ontem pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) do uso emergencial da Coronavac, vacina contra a Covid-19 do laboratório Sinovac – em parceria com o Instituto Butantan –, o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, por meio do presidente e prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), prevê iniciar a imunização na região quarta-feira. A entidade aguarda a confirmação dos governos estadual e federal para estabelecer cronograma integrado concreto.

“Se os prazos forem cumpridos (pelos entes envolvidos) podemos iniciar na quarta-feira. Com o envio e logística acertados, consequentemente, o calendário é possível. Temos estrutura organizada para começo da imunização no mesmo dia (da chegada das vacinas), nos antecipamos. Entramos em outra expectativa (desta sinalização), pois trabalhávamos com a data do dia 25 (estipulada pelo governo de São Paulo). A partir de amanhã (hoje), o Ministério da Saúde deve enviar para os Estados o cronograma (fechado)”, alegou Paulo Serra. A região espera vacinar cerca de 270 mil pessoas até março, prazo da primeira etapa e estimada a profissionais de saúde, idosos, índios e quilombolas.

Há indicativo que o Estado de São Paulo deve ficar com 1,37 milhão de doses da Coronavac. A União requisitou as 6 milhões de doses armazenadas pelo Butantan. O chefe do Executivo andreense ponderou, contudo, que a quantidade de vacinas para a região não foi sacramentada. “Tínhamos quantidade projetada. Como isso mudou, número deve ser reduzido. Não vamos criar falsas expectativas. O que temos garantido são os critérios. Vai ser proporcional à população”, disse. “Certo que é dia histórico para o Brasil. Embora ainda não signifique o fim das medidas de proteção, temos duas vacinas liberadas.” A da Oxford, desenvolvida pela AstraZeneca, também recebeu autorização.

A enfermeira Mônica Calazans, 54 anos, foi a primeira imunizada com a vacina do Butantan no País – aplicada no Hospital das Clínicas. “Se queremos voltar à vida normal, todas as pessoas têm que se vacinar. Não é apenas uma vacina. É o recomeço da vida”, afirmou. O Estado informou que pouco mais de 100 pessoas foram vacinadas ontem, entre elas a indígena Vanuzia Costa Santos, 50, moradora da aldeia Filhos dessa Terra, em Guarulhos (confira abaixo perfil de ambas).

Vice-presidente do Consórcio e prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PL) alegou que, embora a expectativa fosse que todas as vacinas do Butantan ficassem no Estado, no geral, vê luz no fim do túnel para retomada das atividades. “Só a vacina dará esse start. Ida para o ministério, em distribuição nacional, no entanto, faz com que a cidade possa receber 2.000, 3.000 (doses).” O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), adiantou que o município tem 400 mil kits de seringas e agulhas – cidade deve contar com mais de 100 pontos de vacinação, entre UBSs (Unidades Básicas de Saúde), escolas, templos religiosos e outros espaços.

O chefe em exercício do Paço de São Caetano, Tite Campanella (Cidadania), reforçou que o governo adquiriu todos os insumos necessários para iniciar a imunização tão logo cheguem as primeiras vacinas.

Prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT) afirmou que a expectativa é vacinar “o quanto antes”. “Do ponto de vista de infraestrutura e programação, a Secretaria de Saúde deixou tudo pronto. Antes dessa determinação do governo federal de distribuir a Coronavac para todo o Brasil, estava previsto recebermos 70 mil doses.” Marcelo Oliveira (PT), de Mauá, frisou que a cidade está preparada, com o plano municipal pronto e com insumos em estoque. “Vamos continuar a cobrar, aguardando os governos estadual e federal entrarem em acordo para saber o que teremos para a primeira fase.”

Primeira, Mônica atua pela FUABC há quase três anos

Primeira vacinada no País, Mônica Calazans atua pela FUABC (Fundação do ABC) há quase três anos. Desde maio de 2018, ela, que recebeu a dose de lançamento oficial da Coronavac após liberação da Anvisa, é enfermeira no Pronto Atendimento São Mateus, na Zona Leste da Capital. Em maio, quando a pandemia entrava em fase de pico em São Paulo, decidiu se inscrever para vagas de enfermagem com contrato por tempo determinado. Escolheu trabalhar no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, unidade tida como epicentro do combate à doença.

“A Fundação manifesta seu orgulho e satisfação em ter em seus quadros a primeira brasileira imunizada contra a Covid-19”, confirmou a instituição. Mulher e negra, Mônica possui perfil de alto risco para complicações provocadas pelo coronavírus. Além de trabalhar na linha de frente, ela é obesa, hipertensa e diabética. Residente em Itaquera, trabalha em turnos de 12 horas, em dias alternados, na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Emílio Ribas, referência para casos graves de Covid – o setor tem 60 leitos exclusivos a pacientes com coronavírus, com taxa de ocupação média de 90%.

Viúva, Mônica mora com um filho, de 30 anos, e cuida da mãe, que aos 72 anos vive sozinha em outra casa. Diante do quadro, ela citou ser minuciosa nos cuidados de higiene e distanciamento tanto no trabalho quanto em sua residência – até agora, nenhum dos três foi contaminado. Apesar disso, viu a Covid afetar sua família quando o irmão caçula, que é auxiliar de enfermagem e tem 44 anos, ficou internado por 20 dias devido à doença.

Além dela, pouco mais de 100 pessoas foram imunizadas. Na lista entrou a indígena Vanuzia Costa Santos, de Guarulhos. Técnica em enfermagem e assistente social, ela é originária da aldeia de Massacará, na cidade baiana de Euclides da Cunha, onde nasceu. Veio para São Paulo em 1988 para trabalhar e se aprimorar na carreira profissional. (colaborou Flávia Kurotori) 




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