Um bando formado por pelo menos dez pessoas invadiu na madrugada de quinta-feira o Cesa (Centro Educacional de Santo André) Parque Erasmo Assunção e cometeu diversos atos de vandalismo na unidade, como depredação de banheiros, pichações em quase todos os muros e paredes, arrombamento de portas e destruição de uma câmera de monitoramento. A outra câmera do local foi levada pelos vândalos. Ninguém foi preso. As aulas de natação foram suspensas quinta-feira por causa da impossibilidade de uso dos vestiários, prejudicando 180 alunos.

Durou 19 dias a tranqüilidade do local, inaugurado em 15 de outubro. A obra custou R$ 3 milhões aos cofres municipais. O caso expõe a fragilidade do sistema de segurança implantado pela Prefeitura nos nove Cesas do município. E mostra que não está dando certo a política estabelecida pela administração de facilitar ao máximo o acesso físico às unidades, como forma de integrar a comunidade aos equipamentos. Quinta-feira, horas após a invasão, a reportagem flagrou um garoto entrando no novo Cesa montado a cavalo.

A segurança é feita por dois guardas municipais das 10h às 22h. De acordo com relato de moradores vizinhos ao Cesa, eram 2h quando o bando invadiu o local. Nesse horário, a segurança dos 33 mil m² da unidade é feita apenas com duas câmeras de monitoramento, operadas pela Guarda Municipal. O equipamento não foi eficiente para evitar o vandalismo.

“Estava me preparando para dormir quando ouvi a gritaria lá do Cesa. Foi uma baderna muito grande. Vidros, janelas e portas foram quebrados em minutos. A segurança do local é muito precária”, afirmou o mecânico M.R., 66 anos, que pediu para não ter o nome publicado, temendo represálias. Nenhum vizinho teria ligado para a polícia.

Os vândalos quebraram uma das câmeras de segurança, arrombaram o portão e destruíram vidros e espelhos do banheiro feminino da biblioteca, invadiram os vestiários utilizados pelos alunos de natação e quebraram luminárias e pisos, além de realizaram diversas pichações nesses locais. Na porta dos vestiários, funcionários colocaram um cartaz com a inscrição: “Interditado por motivos de vandalismo”.

Quase todas as paredes e muros internos da unidade foram pichados, infestando a unidade com simbologias típicas de pichadores. “Aqui estava tão bonito, dava até orgulho de trabalhar. Quando cheguei, nesta sexta-feira de manhã, vi o estrago que tinham feito. Na verdade, já estávamos esperando a ação dos vândalos, pois a segurança aqui é ridícula”, afirmou uma monitora do Cesa que pediu para não ser identificada.

“Dá vergonha de freqüentar um local assim. A Prefeitura gasta dinheiro, inaugura e não cuida do local. É muito descaso”, disse a dona-de-casa Kátia Nunes, cuja filha estuda na escola infantil dentro do Cesa.

Somente às 7h30 de quinta-feira a direção da unidade ficou sabendo do que ocorreu, ao chegar para o expediente. Guardas municipais foram acionados e apresentaram a ocorrência no 5º DP. “Já pedi diversas vezes para a direção desse novo Cesa mandar ofício para o comando da Guarda Municipal solicitando aumento de guardas no local. Talvez essa medida tivesse impedido o vandalismo. Não podemos esquecer também que a população do bairro deveria se conscientizar para preservar essa área de lazer”, afirmou a delegada-titular do 5º DP, Vera Lúcia Pereira Araújo.

Desde março, a Prefeitura decidiu apostar em monitoramento por câmeras e botões antipânico em diversos estabelecimentos públicos, especialmente escolas. Nessa data, a administração rescindiu contrato com a empresa Officio Serviços de Vigilância, que fornecia 210 vigilantes para ajudar a cuidar dos 117 prédios públicos municipais. A Guarda Municipal tem um efetivo de aproximadamente 470 funcionários.

Ronda – A Prefeitura disse quinta-feira que ninguém do governo iria dar entrevista sobre o assunto. Por meio de nota, informou que a Secretaria de Educação e Formação Profissional condena os atos de vandalismo. Também disse que a segurança do Cesa Parque Erasmo Assunção é feita pela Guarda Municipal e que, após as 22h, além do monitoramento eletrônico, os guardas realizam rondas noturnas em todos os Cesas do município.

Ocorrências desse tipo não são exclusividade do Cesa Parque Erasmo. Em junho, o Diário percorreu os demais oito Cesas em funcionamento na cidade. Na ocasião, constatou, além de vandalismo, situações de abandono e falta de manutenção.