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Comemoração por todo o mundo
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
22/03/2007 | 07:00
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Encenações da Paixão de Cristo, rituais profanos e eventos capazes de render até o mais convicto dos devotos aos prazeres do cacau conferem à Semana Santa traços singulares em cada canto do Brasil e do mundo. No exterior, os santuários de Fátima (Portugal), Santiago de Compostela (Espanha), Lourdes (França), Swieta Lipka (Polônia) e Knock (Irlanda) ficam apinhados de fiéis das mais variadas línguas e crenças. Isso sem citar a tradicional bênção papal Urbi et Orbi no Vaticano e a rota número um das peregrinações: Jerusalém, em Israel, palco real dos últimos passos de Jesus rumo ao Calvário e de sua posterior ressurreição.

Em Portugal, uma das principais atrações é a procissão com archotes dentro das paredes do Castelo Medieval, em Lisboa, enquanto que na Espanha diversos espetáculos tomam as ruas das cidades andaluzes. As procissões de Málaga são as mais famosas, mas as de Córdoba, Granada, Almería, Cadiz e Jerez também não deixam a desejar. Destaque também para Sevilha, onde os penitentes rastejam de joelhos no chão carregando imagens sacras de até 3,5 toneladas, que demandam a força de mais de 200 homens.

Sacrifício maior que este só mesmo nos rituais de autoflagelação em San Fernando, ao Norte das Filipinas, onde os devotos mais radicais chegam a pregar mãos e pés em cruzes de madeira para sofrer na própria carne as dores do Nazareno.

Bem longe disso, a devoção em solo brasileiro ganha o tempero do profano para dar origem às mais curiosas manifestações populares, seja na forma de procissões como a do Fogaréu, em Goiás Velho, e a do Senhor Jesus dos Passos, em Florianópolis (SC); de peças teatrais, como os espetáculos da Paixão de Nova Jerusalém (PE) e de Santana de Parnaíba (SP); seja nos rituais paulistanos de malhação do Judas ou, ainda, em eventos nos quais a devoção se rende aos prazeres da gula por chocolate, a exemplo do tentador Chocofest de Canela.

A tradição da Páscoa, no entanto, remete a milhares de anos antes do nascimento de Jesus, com o Pessach (na tradução, “passagem”), celebração de origem judaica que marca a fuga do povo hebreu do Egito, comandado por Moisés, pelo Mar Vermelho. Como os momentos derradeiros do Messias coincidiram com a data, a Igreja incorporou a Páscoa ao calendário cristão, exaltando os momentos de sua prisão (na Quinta-feira Santa), morte (Sexta-feira da Paixão) e ressurreição (domingo).

Os costumes pagãos de comemorar o fim do inverno no Hemisfério Norte, por sua vez, deram origem à mítica figura do Coelho da Páscoa, símbolo da fertilidade, e à tradição de presentear os amigos com ovos coloridos, em alusão à renovação da vida na primavera.

Na Polônia, Ucrânia e Romênia, os ovos são pintados com tanto capricho que mais parecem obras de arte. Os búlgaros os cozinham e pintam após a missa da Quinta-feira Santa, enquanto que os armênios os decoram com imagens de Jesus e Maria.

Só no século XVIII é que se teve a idéia de unir a simbologia do ovo ao sabor do chocolate, alternativa bem mais em conta do que os ovos de ouro e diamantes que até então circulavam entre a nobreza.

Hoje, dezenas de fábricas e museus espalhados pela Europa arrancam suspiros e água da boca dos visitantes às custas de gigantescos caldeirões e até de chafarizes a jorrar caldas de chocolate. Cenas que fazem filmes como o inglês Chocolate e o recém-refilmado A Fantástica Fábrica de Chocolate reduzirem-se a meros aperitivos. Na Alemanha, por exemplo, a Páscoa dura duas semanas, com feiras pascais, enfeites, bichos de pelúcia e o irresistível museu Imhoff Stollwerk Chocolate, que surpreende os visitantes com uma tentadora fonte de chocolate. Itália, França, Inglaterra e, claro, Bélgica, também contam com saborosos acervos do gênero.



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