Esportes Titulo Mudança de planos
Adiamento olímpico muda rotina e leva brasileiros a Portugal

País europeu foi escolhido pelo COB para treinamento de cerca de 200 atletas que, durante a pandemia, tiveram de adaptar atividades em casa

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
17/08/2020 | 07:00
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 O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, foi decisão acertada pensando na saúde de atletas, comissões técnicas, torcedores e demais envolvidos no evento. Porém, a postergação das competições causou diferentes efeitos, sobretudo nos esportistas que, de repente, praticamente às vésperas da Olimpíada, foram forçados a voltar às suas casas, muitos sem condições ideais para manter treinamentos diários e sem perspectiva de quando poderiam participar de uma disputa novamente.

Aos poucos, alguns lugares do mundo foram permitindo o regresso de atividades e o COB (Comitê Olímpico do Brasil) decidiu agir para promover a Missão Europa, que consiste em enviar parte da delegação verde e amarela para treinos em quatro centros de treinamentos em Portugal (Rio Maior, Coimbra, Cascais e Sangalhos) até dezembro. Serão cerca de 200 atletas – incluindo alguns do Grande ABC, como o ginasta Arthur Zanetti e o técnico Marcos Goto, as meninas do tênis de mesa Bruna Takahashi, Giulia Takahashi e Caroline Kumahara, juntas ao treinador Hugo Hoyama e o boxeador Luiz Gabriel de Oliveira, o Bolinha –, de aproximadamente 20 modalidades.

Ex-jogador de vôlei com participação em quatro Jogos Olímpicos e quatro Mundiais, e atual coach do COB, no qual cuida de nove modalidades, o andreense Antônio Carlos Moreno trabalhou por vídeo com atletas e treinadores desde o início da pandemia no País e falou sobre os efeitos causados pela Covid-19 sobre a delegação brasileira.

“Foi período muito triste. Esta pandemia foi, para o mundo esportivo, uma perda significativa, com muitos sonhos adiados. Provocou série de mudanças no dia a dia de todos nós. Falando do mundo esportivo, para alguns foi ruim, porque muitos destes já estavam com foco nos Jogos Olímpicos, tinham índice. De repente fechou tudo, a maioria voltou para suas casas, essas cada uma numa realidade diferente, e acendeu luz amarela no COB sobre como resolver tudo isso”, afirmou. “A primeira atitude tomada foi manter o contato com todo mundo. A tecnologia entrou em ação e começamos a fazer treinamentos regulares por meio de lives, de segunda-feira a sábado, cada atleta se virando como pôde. Quartos viraram academia, cadeiras viraram barras. Cada um tentou da melhor forma possível”, disse.

Moreno ainda foi a fundo no que citou como “realidade diferente” dos atletas. “Alguns, por exemplo, tinham a sorte de ter piscina em casa. Outro atleta, por exemplo, tinha avô com um sítio e pôde continuar praticando tiro com arco em medida oficial (até 90 metros), enquanto outra colega, sem essa realidade, atirava a 5 metros. O Bolinha (boxeador, neto de Servilio de Oliveira) voltou para casa dos pais, onde tinha academia à disposição 24 horas. O Alisson, grande velocista dos 400 metros com barreira, não tinha mais pista nem barreira e foi treinar no asfalto”, pontuou. “Mas o estrago foi muito mais emocional do que propriamente técnico e tático. Ritmo do treinamento obviamente foi perdido, mas acredito que o atleta que vai voltar em piores condições, será em 40% a 50% da sua melhor forma.”

O coach. porém, apontou possíveis pontos positivos – esportivamente falando – pelo adiamento dos Jogos. “Abriu novas oportunidades para um monte de gente. Imagine quem que não tinha índice: ganhou um ano de maturidade, treinamento e oportunidade para conquistar esse índice.”

Por tudo o que aconteceu com o adiamento dos Jogos, sobretudo interrupção e adaptação dos treinos, cancelamento de competições e outras situações, Moreno não tem dúvidas: Tóquio-2021 será desafiador. “Estamos bastante realistas com o que nos espera no Japão, tenho certeza que será a edição mais difícil vivenciada pelo Brasil”, encerrou.




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