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Frateschi em dois atos
Por Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
22/03/2007 | 07:02
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Depois de longas temporadas com Shakespeare (Ricardo III) e Dostoiévski (Sonho de um Homem Ridículo), Celso Frateschi leva dois espetáculos novos ao Ágora Teatro, em São Paulo. Um deles é A Grande Imprecação Diante dos Muros da Cidade, que estréia nesta quinta-feira, com direção do próprio. O outro é Estação Paraíso, com texto de Frateschi, que entra no segundo fim de semana de sua temporada.

A Grande Imprecação Diante dos Muros da Cidade inaugura um novo espaço, mais amplo, no Ágora Teatro, o que permite agora sugerir no cenário a grande muralha onde se passa a trama escrita por Tankred Dorst.<EM>

Renata Zhaneta, que lecionou na Escola Livre de Teatro de Santo André até o ano passado, faz o papel principal. Ela encarna a camponesa Fan Chin-Ting, que na China antiga vai até a muralha reclamar por seu marido, que trabalha para o imperador.

Diante da muralha, Fan clama pelo imperador, mas quem surge são dois oficiais que a colocam à prova. Insinuam que seu marido possa ter morrido e é o que ela pressente e teme. Fan jura que poderia reconhecê-lo por meio de um talismã.

Então, aparece o imperador com sua comitiva, que lhe concede o direito de ver toda a tropa na muralha a fim de identificar seu marido. Fan aponta para um homem e fica evidente que a escolha foi equivocada.

Mesmo assim, os oficiais, e o suposto marido iniciam um jogo constrangedor com a mulher que, sob a mira de lanças e diante do imperador, tem de expor detalhes de sua vida a fim de provar que o soldado é mesmo o homem que procura.

Enfim, os homens encerram o jogo macabro quando um dos oficiais mostra o talismã do marido, que fora morto em combate. Sozinha e cheia de ira, a camponesa manifesta seu ódio contra todos: o Imperador, os soldados, os oficiais, o muro. Uma metáfora da própria sociedade, que se encontra num beco sem saída e do poder que oprime o povo.

Em Estação Paraíso, uma sociedade em convulsão, repleta de saques e invasões, é o ambiente em que vivem um homem branco e outro negro, que se encontram casualmente no subterrâneo de uma estação de metrô desativada.

O negro, que acabara de fazer um saque, prepara sua última ceia, quando é interrompido pelo branco, que lê o Apocalipse. Um jogo é estabelecido entre ambos, cujas regras são: preconceito, conhecimento, vida e morte.

A Grande Imprecação Diante dos Muros da Cidade – Fábula. De Tankred Dörst. Dir.: Celso Frateschi. Com Renata Zhaneta, Heitor Goldflus, Angelo Brandini e Hermes Baroli. Estréia nesta quinta-feira, às 21h30. Temporada: quinta e sexta, às 21h30; sábado e domingo, às 19h. Ingr.: R$ 40. Até 1º de julho. Estação Paraíso – Drama. De Celso Frateschi. Dir.: Roberto Lage. Com Dárcio de Oliveira e Osvaldo Raimo. Sábado, domingo, segunda e terça, às 21h. Ingr.: R$ 40. Até 17 de junho. No Ágora Teatro – Rui Barbosa, 672. Tel.: 3284-0290.



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