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Postos sentem queda de 70% na demanda

Medidas de isolamento social causam procura menor por combustíveis no Grande ABC

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
15/04/2020 | 00:04
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Celso Luiz/DGABC


Considerados serviço essencial, os postos de combustíveis continuam abertos em todo o Estado, mas com horário determinado. Porém, por causa do isolamento social e a diminuição do fluxo de pessoas nas ruas, os estabelecimentos do Grande ABC já sentem uma queda de 70% na demanda.

De acordo com o Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMR), que forneceu a estimativa, o cenário enfrentado pelo setor é preocupante (leia mais ao lado) e exige cautela principalmente neste mês.

“Temos que respeitar as recomendações das autoridades de saúde, assim como os decretos de funcionamento. A questão é que pouquíssimas pessoas estão indo abastecer, já que quase ninguém mais está indo para as escolas e a maioria das pessoas não vai ao trabalho. Muitas empresas, que possuíam carros de frota própria, também estão paradas. É um caos. Isso sem falar que a maioria das pessoas também não está saindo de casa normalmente, por causa do isolamento social”, afirmou o presidente do sindicato regional, Wagner de Souza.

Segundo o representante do setor, que também é empresário do ramo, algumas medidas anunciadas pelos governos federal, estaduais e municipais ajudam na redução de custos, mas somente por um período. “O custo médio de um posto de gasolina fica em torno de R$ 80 mil a R$ 100 mil. Isso só para operar. Quando se reduz alguns encargos, como está acontecendo atualmente, isso fica entre R$ 70 mil e R$ 90 mil, mas não reduz mais do que isso”, afirmou.

“A questão da redução da jornada de trabalho do governo federal e a prorrogação do pagamento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), como vai ser anunciado pela Prefeitura de Santo André, ajudam. Mas muitas das contas estão sendo prorrogadas, assim como o crédito destes empreendedores nos bancos. Não está sendo feita a isenção. Ou seja, se a economia não andar, pode ser que muitos estabelecimentos não consigam arcar com isso”, analisou Souza

Na região, os postos atuam com horário reduzido, na média das 7h às 19h, conforme anunciado ontem pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC (leia mais abaixo). As lojas de conveniência acompanham o horário, mas não é permitido consumir no local, assim como ocorre em padarias ou restaurantes.

PREÇOS
Ontem, a Petrobras anunciou mais uma redução no valor dos combustíveis nas refinarias. A gasolina ficará 8% mais barata e o diesel terá queda de 6%. No acumulado do ano, o preço da gasolina já caiu 48,2% e o do diesel (tipos S10 e S500), 35,4%.

De acordo com o presidente do Regran, desde o início de março o litro da gasolina já caiu entre R$ 0,30 e R$ 0,40. “Antes, a média da gasolina estava R$ 4,49, atualmente tem postos vendendo por cerca de R$ 3,89. O etanol caiu uma média de R$ 0,50 e o diesel também recuou. É uma pequena queda, e agora que o consumidor poderia usufruir, não há movimento”, disse.

De acordo com Souza, os estabelecimentos que costumavam vender média de 7.000 litros por dia, precisavam encher os tanques dia sim, dia não. Atualmente, o mesmo local comercializa 2.000 litros e só repõe o combustível uma vez por semana, período que deve demorar para chegar o novo repasse. (com ABr)

Fechamento de estabelecimentos e cortes preocupam entidade do setor

Com a perspectiva de que a segunda quinzena do mês ainda seja difícil, o Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMR) teme que as medidas anunciadas pelo governo federal, apesar de ajudarem, não segurem as demissões ou o fechamento de alguns estabelecimentos. A preocupação é principalmente com os maiores, que antes das medidas da quarentena ficavam abertos 24 horas.

De acordo com o presidente do sindicato, Wagner de Souza, o balanço das iniciativas só poderá ser feito a partir do fim do mês. “As medidas anunciadas agora, que prevêem a redução da jornada de trabalho e dos salários (MP 936, anunciada pelo governo federal), só devem ter reflexos a partir do próximo mês. Ainda estamos analisando as medidas com o jurídico e quais os reflexos”, afirmou.

O sindicalista disse que ainda não é possível quantificar os números de estabelecimentos que podem fechar ou de demissões. “Muitas empresas vão usufruir dessas medidas, outras não. Um exemplo de quem mais está sofrendo com isso são os postos que operavam 24 horas. Eles podem ficar sem outra alternativa, já que tinham equipe que virava 24 horas e agora não estão operando nem por 12 horas, com 30% de volume. É muito preocupante. Vamos enfrentar um cenário difícil nos próximos dias e não sabemos até quando vai.”

Comércio de gás começa a voltar ao normal na região

Tauana Marin
O fim de março e início de abril foram marcados pelo desabastecimento de gás de cozinha na região. Muitas pessoas precisaram ir à casa de familiares, mesmo em tempos de isolamento social, para poder fazer suas refeições. A situação não se normalizou por completo, mas já está longe de refletir em filas e demora pelo recebimento do botijão, como registrado pelo Diário. Procuradas ontem, distribuidoras das sete cidades informaram ter o produto para comercialização. O valor, antes em R$ 90, já normaliza também, com média de R$ 70 o botijão.

Questionada, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) informou que o abastecimento de GLP está se normalizando. “A Petrobras já esta distribuindo o GLP importado para atender ao aumento da demanda. Ainda podem ocorrer faltas pontuais, mas a tendência é que esteja tudo normal nos próximos dias”, em nota.

Já o Sindigás (Sindicato Nacional das empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo) informou que, diante da procura crescente, mais um navio com carga extra de 24 mil toneladas de produto importado foi liberado para descarga no Porto de Santos. “Após o descarregamento, o gás será bombeado para a Refinaria de Capuava, em Mauá. É importante salientar que até o momento não houve qualquer interrupção no fluxo de suprimento. Nenhum mercado deixou de receber o produto até agora.”

Consórcio afrouxa restrição para algumas atividades

Os prefeitos do Grande ABC revisaram ontem, na assembleia mensal do Consórcio Intermunicipal – por videoconferência –, algumas medidas para atividades econômicas. Entre as decisões está a ampliação do horário de funcionamento dos postos de combustíveis, permitindo a abertura também aos domingos e feriados. Os estabelecimentos, assim como as lojas de conveniência, podem operar todos os dias, das 7h às 19h. Permanece vedada a venda de alimentos e bebidas alcoólicas para consumo no local.

O funcionamento das bancas de jornais também foi autorizado. Todos os estabelecimentos liberados devem ter as filas nos caixas e balcões de atendimento organizadas com fitas de isolamento, observada a distância mínima de dois metros entre as pessoas.

Além disso, todos os funcionários devem trabalhar obrigatoriamente com EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), incluindo máscaras. Todas as máquinas de cartão de crédito e de débito deverão ter o teclado imediatamente higienizado após a utilização.

“A ampliação dos horários de atendimento dos postos contribui para garantir o abastecimento de veículos, inclusive dos utilizados pelos serviços de saúde e segurança”, afirmou o presidente do Consórcio e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão.

Ontem, o Diário flagrou funcionários de posto no bairro Campestre, em Santo André, sem os equipamentos. O Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMR) afirmou que recomenda o uso de EPIs por todos os funcionários.  




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