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Hospital Mário Covas sofre com falta de insumos para enfermeiros

Funcionários do equipamento ressaltam a restrição para uso de máscaras e de álcool gel

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
02/04/2020 | 00:00
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Claudinei Plaza/DGABC


 O Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, tem sofrido nas últimas semanas com a falta de insumos para uso dos profissionais da saúde que trabalham na linha de frente de combate ao novo coronavírus. Funcionários e pacientes destacam que máscaras e álcool gel estão em falta há pelo menos dez dias. Segundo relatos, a escassez destas proteções para conter a ploriferação do vírus está preocupando funcionários do local.

“Vários profissionais já foram afastados com sintomas de gripe após ter contato direto com pacientes que contraíram o (novo) coronavírus”, destaca um dos funcionários que prefere não se identificar.

De acordo com depoimentos, as luvas e aventais ainda estão disponíveis para uso. “Primeiro faltaram as máscaras, depois, o álcool gel. Quando chegam, o uso é restrito. Eles alegam que os setores que não têm contato com o vírus não precisam usar as máscaras”, declara o funcionário.

Uma outra fonte que trabalha no local, que também preferiu não revelar seu nome, comentou que o álcool gel está em falta também nos andares que recebem as visitas para os pacientes. “Precisa deste cuidado com os funcionários, pacientes e familiares dentro desta situação (de pandemia)”, cobra.

Os enfermeiros ainda destacam que, por enquanto, não estão sendo comprados os itens para uso pessoal e eles utilizam outros métodos de proteção. “Estamos nos virando com água e sabão, porém, isso dificulta o trabalho. Os profissionais que estão na linha de frente dos pacientes confirmados usam todos os itens e os demais (profissionais), não. Porém, todos os pacientes passam pela emergência, é a mesma porta de entrada e não tem como saber quem chega contaminado ou não”, reforça o profissional.

PROTEÇÃO
Segundo a biomédica e gestora do curso de biomedicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Adriana de Brito, uma vez contaminado, o profissional da saúde se torna uma fonte de transmissão àqueles que ainda não se expuseram ao vírus e coloca em risco o paciente que procura o serviço médico por motivo não associado à Covid-19.

“A falta do EPI (Equipamento de Proteção Individual) adequado ao tipo de doença favorece a contaminação do profissional por pacientes que estejam doentes”, diz. A especialista avalia que os equipamentos não protegem apenas o profissional, mas também os pacientes como um todo.

A Secretaria de Estado da Saúde informou que não há falta destes itens no hospital. “A secretaria já adquiriu mais de 42,2 milhões de unidades de EPIs e outros materiais”, declara, em nota. A Pasta informa ainda que os hospitais seguem protocolos de segurança para profissionais e pacientes e que a unidade conta com ala separada para casos de suspeita da Covid-19.

Farmácia de alto custo também apresenta problemas
A farmácia de alto custo do Hospital Estadual Mário Covas também acumula problemas por causa da falta de cuidados com o novo coronavírus. O cenário da demora para retirar os medicamentos sempre incomodou os pacientes que precisam se deslocar mensalmente até o local, porém, a aglomeração de pessoas na área de espera tem preocupado usuários.

A operadora de atendimento Elisabete Aparecida da Silva, 57 anos, retira o medicamento adalimumabe todo os meses para seu marido, o motorista Robinson de Lima, 55, que foi diagnosticado com artrite reumatoide. Ela precisou ir até o equipamento na segunda-feira e se preocupou com a situação dos funcionários e usuários do local.

“Logo que cheguei não vi funcionários usando máscaras e álcool gel, só tinha em algumas mesas. O suporte nas paredes também não tinha o álcool”, declara Elisabete.

A operadora de atendimento conta que chegou na unidade por volta das 15h10 e permaneceu esperando o atendimento até as 16h50. “Quando cheguei, peguei a senha de número 271 e no painel estava no número 230, ou seja, 50 pessoas estavam na minha frente”, lamenta.

Elisabete também destacou que a farmácia intercalou as cadeiras para que os usuários não fiquem tão próximos na unidade, mas, mesmo assim, a superlotação a incomodou. “Muitos idosos indo retirar seus medicamentos, infelizmente. Alguns ficam até em pé do lado de fora, mas eles não aguentam e acabam entrando para sentar e esperar o atendimento nas cadeiras”, ressalta.

O Diário também questionou a Secretaria de Estado da Saúde sobre a situação da farmácia de alto custo, mas a pasta não respondeu até o fechamento desta edição.

(Colaborou Vinícius Castelli)




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