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Clínica de estética ilegal é interditada em Sto.André

Local não tinha nenhuma documentação e há suspeita de uso de produtos vencidos em atendimentos

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
20/09/2019 | 07:00
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Divulgação/Polícia Civil


 A Vigilância Sanitária de Santo André, com apoio da Polícia Civil, fechou a clínica de estética Vita Bella, na Avenida Industrial, no bairro Jardim, por não atender nenhuma das condições de funcionamento estabelecidas por lei e supeita de utilizar produtos vencidos em procedimentos estéticos. A empresa, que também oferece cursos de estética em outro endereço da cidade, não tinha documentação regularizada, como alvará de funcionamento expedido pela Prefeitura, licença da Vigilância Sanitária e alvará do Corpo de Bombeiros.

Segundo o investigador chefe do caso, Renzo Angeram, o proprietário do local, identificado como Francisco José Gentil, 57 anos, já teve outra clínica em shopping, que também foi lacrada. Após esse episódio, montou escola de estética na Rua Luís Pinto Flaquer, região central de Santo André. “Eles se camuflaram com essa escola e montaram essa nova clínica, mas a vigilância teve conhecimento desse novo endereço. Levantamos situação do local e verificamos que estava sem nenhuma documentação em ordem”, afirmou.

A clínica clandestina oferecia procedimentos como alisamento de sobrancelhas, alongamento dos cílios e drenagem linfática, mas, de acordo com o investigador, existiam também procedimentos mais invasivos, como micropigmentação (implantação de pigmento na pele) de pálpebras e lábios, carbox corporal (aplicação de injeções de gás carbônico sob a pele para eliminar celulite e estrias) e clareamento de olheiras com ácidos. “A vigilância logo nos orientou também que a clínica oferecia intervenções mais complicadas e que necessitam de pessoas capacitadas para isso. Por exemplo, uma biomédica para responder pelo local”, apontou.

Uma ex-aluna da clínica e atual esteticista, que preferiu não se identificar, disse que finalizou o curso de micropigmentação há três anos e ficou surpresa quando soube das irregularidades. “Quando realizei o curso, foi muito bom. Lembro que na época éramos oito pessoas por sala e sempre tinha modelos para testarmos as técnicas. Nunca imaginei que eles poderiam apresentar esses problemas”, observou.

O caso foi registrado pela Dicma (Delegacia de Investigação de Crimes Contra o Meio Ambiente) do município, que apreendeu pelo menos 30 produtos irregulares e vencidos no local, agulhas utilizadas nos procedimentos e máquinas de cartão de débito.

O proprietário foi preso em flagrante por crime de saúde pública e, em audiência de custódia, ontem, foi determinado o pagamento de três salários mínimos como fiança para que responda ao processo em liberdade.

A Prefeitura de Santo André declarou, em nota, que o processo se originou por uma denúncia recebida pelo Centro de Vigilância Sanitária do Estado. A clínica foi interditada por falta de licença sanitária, alvará de funcionamento e falta de responsável técnico. 

Procedimentos errados podem deixar sequelas

De acordo com a biomédica e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Patrícia Montanheiro, muitas clínicas arriscam trabalhar em cenário com reagentes vencidos e funcionários sem a qualificação necessária para aplicação em procedimentos, o que pode levar a resultados negativos ou até mesmo sequelas. “Não só os biomédicos, mas profissionais de outras áreas também podem responder por esses atendimentos, desde que seja um profissional reconhecido pelo conselho para atuar na área de estética. Aconselho meus alunos, por exemplo, a terminarem a faculdade, estagiarem já nessa área e ingressarem em uma pós-graduação. Assim, o conselho libera o profissional como habilitado para atuar nesse mercado”, explicou a especialista.

A profissional ainda falou sobre os cuidados que a pessoa precisa tomar quando pensa em iniciar tratamento estético. “Analisando os serviços oferecidos por essa clínica, por exemplo, um clareamento de olheiras com ácidos aplicados de forma errada pode deixar manchas em torno do local aplicado, vermelhidão nos olhos, coceira e até queimaduras.”

Segundo ela, é fundamental que inicialmente a pessoa passe por consulta com dermatologista para saber se está apta a realizar esses procedimentos e depois faça uma pesquisa de clínicas. “Não precisa ser a mais barata nem a mais cara, desde que tenha indicações positivas. Também deve se informar sobre os profissionais que farão os trabalhos estéticos”, finaliza.




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