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Paraíso no sul da Bahia

Belas praias, agitação e destinos históricos são atrações para os visitantes de Porto Seguro

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
25/07/2019 | 07:07
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Divulgação


Porto Seguro, cidade localizada no Sul da Bahia, é um lugar para se conectar com a natureza, por causa das belas praias, com águas cristalinas, areia branca e uma densa vegetação de mata atlântica. Mas também é para sentir de perto como se iniciou a história do Brasil, já que lá foi o destino inicial da esquadrilha de Pedro Álvares Cabral, em 1500. Muito mais do que um destino de viagens de formatura, a cidade guarda verdadeiro paraíso e destinos para todas os perfis de visitantes.

São cerca de 85 quilômetros de belas praias. Entre elas se destacam a do Mutá, Mundaí e Taperapuã na Orla Norte. Esta última abriga os tradicionais complexos de lazer Axé Moi e Tôa Tôa, com estrutura que mantém bares e restaurantes e programação diária com dançarinos de axé.

Outro local indispensável para quem gosta de agitação é a Passarela do Descobrimento – ou como era denominada anteriormente, e é popularmente conhecida, a Passarela do Álcool – que concentra bares com música ao vivo e locais onde o turista pode apreciar a culinária local, com destaque para os drinks com misturas e nomes inusitados. O mais famoso deles é o Capeta, que tem como ingredientes vodka, pó de guaraná, leite condensado e canela.

Não é a toa que o turismo responde por 85% da receita econômica do município. Porto Seguro tem a terceira maior rede hoteleira do Brasil, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, com 45 mil leitos (leia sobre opções de hospedagem na página 4).

Questionado sobre o maior diferencial da cidade, o secretário municipal de Cultura, Paulo Cesar Magalhães, afirmou que é a receptividade do povo baiano. “Costumo dizer que desde que você desce no aeroporto e pede uma informação, dependendo a pessoa vai te levar até o destino e virar seu amigo”, garantiu.

Por conta do tamanho da cidade e das atrações, que se estendem também aos municípios vizinhos, é recomendado alugar um carro. Os preços da diária de veículo popular partem de R$ 100 com seguro.

CENTRO HISTÓRICO
Essencial para se sentir mais próximo do descobrimento do Brasil, o Centro histórico, na parte alta da cidade, conserva museu a céu aberto dos primeiros passos dos portugueses no nosso País. Todo o local é tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) desde 1973.

Na chegada, já é possível avistar a pequena igreja de São Benedito, construída pelos jesuítas no século XVI e que guarda as ruínas da primeira escola jesuíta do Brasil.

Na vila preservada, também está a igreja mais antiga do País ainda de pé, a Nossa Senhora dos Passos, que já funcionou como Santa Casa da Misericórdia, e foi construída em 1526. Atualmente, a construção abriga o Museu de Arte Sacra, que possui imagens datadas do século XVI, incluindo a escultura de barro de São Francisco de Assis, a primeira trazida ao Brasil, em 1503.

Comum nos cartões postais da cidade histórica, a Igreja Nossa Senhora da Pena, padroeira da cidade, foi finalizada em 1773. Este é um dos poucos templos católicos que estão de frente para o mar.

Na mesma praça também está localizada a Casa de Câmara e Cadeia, onde ficavam os prisioneiros da época (1772) e que atualmente abriga o museu da cidade. A maior pena para os encarcerados pela Coroa Portuguesa, na época que Porto Seguro já era uma capitania hereditária, era ficar de frente para o mar, observando o ir e vir das embarcações. Também é possível avistar o marco de posse de Portugal, espécie de pedra de mármore cravada para marcar terras em 1506.

Os preços de petiscos nessa região histórica são convidativos. Um acarajé bem recheado sai por R$ 10, o coco gelado custa R$ 2 e a garrafa de água mineral, R$ 1.

A atmosfera da vila fica ainda mais completa com rodas de capoeira, pés de aroeira (ou pimenta-rosa) e árvores de pau-brasil. Depois desse passeio, a sensação é a de que dá para reviver os primeiros anos do Brasil colonial.

A jornalista viajou a convite da Prefeitura de Porto Seguro

Visita a aldeia relembra história de luta indígena

Impossível falar da história do Brasil sem citar os indígenas, que já estavam aqui antes da chegada dos portugueses. No extremo Sul da Bahia, existem cerca de 15 mil índios de origem Pataxó, povo que já passou por inúmeros massacres e que atualmente luta para manter viva a sua tradição. Em Porto Seguro, é possível fazer visitas a diversas tribos. Entre elas, está a Reserva do Jaqueira, que mantém 34 famílias (cerca de 110 pessoas).

A visita inclui uma ‘benção’ do pajé, um lanche (que costuma ser banana da terra cozida ou alguma outra fruta e chá), palestra, dança típica e a oportunidade de degustar um peixe assado na folha de bananeira, que se come com a mão. Também é possível fazer trilha pela área de mata atlântica. Passar um tempo na reserva é imersão na cultura indígena e fica difícil não se emocionar com a história tão sofrida deste povo.

O turismo acabou sendo uma forma de sobrevivência, conforme explicou uma das líderes da reserva, Nitynawã, 50 anos. “Também é um jeito de divulgar a nossa história, mas foi a alternativa que encontramos para o nosso sustento”, disse.

A luta contra o preconceito acaba sendo o maior desafio dos índios Pataxó atualmente. Formada em pedagogia e autora do livro As guerreiras na história Pataxó, Nitynawã sofreu isso na pele. “Fui para escola já adulta, em 1998. Lembro que o professor dizia para a sala ficar quieta porque eu era uma índia que comia gente. Aquilo machucava muito”, lembrou.

Outro episódio vergonhoso da história, junto ao aldeamento forçado dos índios em 1861 e tantos outros, é o grande massacre de 1951. Em decisão do governo da Bahia, em consenso com ruralistas, a Polícia Militar invadiu o território indígena, tendo como resultado a morte de muitos índios e cerca de 70% das mulheres foram violentadas. “Nosso povo entrou mata adentro e tivemos que nos esconder muitos anos para sobreviver. Lembro que, quando era criança, éramos proibidos de falar a nossa origem porque havia muito medo”, afirmou a líder.

Em poucas horas na reserva é possível entender que temos muito a aprender com esse povo, principalmente no respeito e na preservação da natureza. As visitas variam entre R$ 45 e R$ 100, mas também é possível passar uma noite na tribo por R$ 230. 




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