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São Caetano lidera ranking da inclusão digital no Brasil
Por Martha Alves
Especial para o Diário
28/07/2004 | 00:49
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Estudo realizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e pela organização não-governamental CDI (Co- mitê para a Democratização da Informática), divulgado em abril deste ano, traça o mapa da exclusão digital no Brasil e revela que São Caetano é a cidade com o maior número de moradores com acesso à informática. Dos 140.144 habitantes, 41% possuem computador em casa, número superior à média estadual (22,30%) e nacional (12,46%), segundo a PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios) de 2001 e amostra do Censo Demográfico de 2000. Os outros 49% da população têm acesso à informática por meio de cursos em escolas municipais, biblioteca, rede pública de ensino e escolas particulares.

Para combater a exclusão digital e viabilizar o acesso desta parcela da população à informática, nos últimos 13 anos o município investiu na área de ensino.

Em 1990, a cidade foi pioneira ao criar a Escola de Informática Professora Neusa Maria Nunes Branco, que visa iniciar crianças, jovens e adultos, além de apoiar a profissionalização. Desde a criação, a escola já beneficiou cerca de 14 mil moradores da cidade com cursos gratuitos de Windows, Word, Excel, Power Point e Introdução à Internet, além de Manutenção em Computadores para maiores de 16 anos com a 6ª série do ensino fundamental completa. Atualmente, mantém cerca de 400 alunos matriculados, que recebem material didático de apoio (apostilas) e têm uma hora e meia de aulas práticas, duas vezes por semana.

A escola também mantém parcerias com o Centro Educacional e de Convivência João Nicolau Braido para aulas de informática para idosos, e com o COPI (Centro de Orientação Profissional Elvira Paolilo Braido), que possui um laboratório com 16 computadores, onde 765 alunos dos cursos supletivos, com idade superior a 14 anos, têm a informática como disciplina do currículo escolar.

Outra iniciativa foi a criação de salas de acesso à internet no Complexo Educacional do Ensino Fundamental na Biblioteca Municipal Paulo Harris. No espaço, cerca de 2 mil pessoas por mês, moradores ou não de São Caetano, utilizam as cabines para realizar trabalhos escolares, consultas e acessar o correio eletrônico. Eduardo Osório Pereira da Silva, de 24 anos, que mora em São Caetano e faz o curso técnico de telecomunicações na ETE Jorge Street, não possui computador em casa e freqüenta a biblioteca desde 2003, pelo menos duas vezes por semana, para mandar currículos e realizar pesquisas escolares. “Pela internet a gente tem acesso mais rápido às informações”, justifica. O representante de vendas e estudante universitário Carlos Pereira é outro morador que utiliza o serviço oferecido pela biblioteca, apesar de possuir computador em casa. “Acessar a internet em casa é muito caro porque não possuo o sistema de banda larga”, explica.

Mas o grande avanço do município rumo à inclusão digital foi a implantação, em 1999, do projeto Didaktos (palavra grega que significa ‘aquele que adquiriu conhecimentos’), programa de informatização total das 21 escolas estaduais e da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ângelo Raphael Pelegrino. Na primeira fase do projeto foram instalados 411 microcomputadores, 22 scanners e 64 impressoras nas unidades educacionais.

Nesta segunda fase de implantação do projeto, duas unidades itinerantes equipadas com 14 computadores com acesso à internet e um telão permanecem a cada 20 dias próximas a alguma escola municipal. O programa atende crianças a partir de 1 ano e 8 meses de idade durante o dia e os adultos que estudam no período noturno, todos com orientação de um monitor e um professor de informática. Vitória Talita de Moura Almeida, de 5 anos, não tem computador em casa e está muito feliz por aprender a utilizar o equipamento. “Gosto muito dos jogos de memória e a professora me ensinou a usar o teclado, o mouse e a encontrar as ‘coisas’ na tela do computador”, diz, empolgada.

Outro que está animado com as aulas, apesar de ter computador em casa, é Andrei do Nascimento Gomes, de 5 anos, que afirma ter aprendido a usar o teclado e o mouse durante as aulas. “Fico contando os dias para vir na aula com computador”, afirma.

O Didaktos também é elogiado pelos professores, que consideram os programas de informática utilizados fundamentais para desenvolver as habilidades e a percepção auditiva, motora e intelectual das crianças. Para a professora Maria Dulce Bressan Acedo, que leciona para a fase 1 (alunos de 4 anos) da Escola Matheus Constantino, na Vila Gerty, o programa permite que as crianças, desde cedo, tenham condições de lidar com a informática e suas diversas aplicações, além de possibilitar que os alunos que não têm computador em casa possam ter contato com a tecnologia. “Elas aprendem de forma lúdica e informatizada”, define a professora.




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