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Comunidade irregular se consolida no Jd.Elisabeth

Famílias intensificam construção de moradias em
loteamento ilegal em área periférica de manancial

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
04/03/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Uma comunidade em formação. Ainda sem infraestrutura e de forma irregular nasce núcleo habitacional dentro do Jardim Elisabeth, área periférica e de manancial em Mauá. Embora a maior parte dos terrenos tenha sido demarcada pelos invasores há pouco mais de dois anos, quando os primeiros ocupantes chegaram ao local, a construção das moradias de alvenaria começou a ser intensificada no fim do ano passado.

As dezenas de famílias que tomam a área como novo endereço têm ciência do ato ilegal, mas tentam justificar a ação ao lembrar do agravamento da crise econômica que assola o País. Já a Prefeitura, cuja fiscalização não evitou o crescimento desordenado, diz que estuda a melhor forma de solucionar a questão.

A entrada da comunidade é pela Rua Amazônia, que em nada lembra a floresta tropical. A vegetação nativa da área foi suprimida e deu lugar a um loteamento que segue em expansão. “Fomos construindo aos poucos, na coragem, para sair do aluguel (de R$ 450 no Jardim Santista)”, revela a ajudante de produção desempregada Alessandra Santos, 29 anos. A munícipe se mudou para a área com o marido e os dois filhos há cerca de seis meses, quase dois anos após a demarcação do terreno. “Esperamos o pessoal construir, porque não sabíamos se era área pública ou particular”, admite.

Assim como toda comunidade, o local já conta com bares e a demarcação de espaço onde será erguida igreja evangélica. Também está em processo de formação a Associação Comunidade Boas Novas Jardim Elisabeth 2. Conforme a comissão de moradores que organiza a entidade, a expectativa é a de que toda a documentação fique pronta dentro de um mês. “Aqui era uma pedreira, um terreno particular que foi transformado em área de interesse social por causa de dívidas de impostos”, destacou um dos participantes, que prefere não se identificar.

O intuito, de acordo com a comissão de moradores, é que a associação consiga melhorias para a área carente. “Temos projetos para dar aulas gratuitas de música, construir área de lazer para as crianças, além de conseguir com que os programas sociais cheguem até aqui”, destacam. Posteriormente, a ideia é abrir diálogo com a Prefeitura com o objetivo de pensar em regularizar a área, o que possibilitará o acerto das ligações de água e luz, hoje irregulares, além de permitir que o local tenha saneamento básico.

“A gente fica preocupada, mas está aqui porque precisa muito. Vim da Bahia, tenho três filhos pequenos e sou sozinha”, destaca a coletora de material reciclável Tamara Mayara Tenório de Macedo, 26. Uma das mais antigas moradoras da área, ela habita um dos mais precários imóveis: barraco de dois cômodos feito de madeira e com ligação de água apenas até a porta da cozinha. “Consegui isso porque o pessoal aqui me ajudou. Pego baldes de água e esquento para tomar banho, cozinhar”, observa a ex-recepcionista de restaurante. “A gente se vira como pode, né? Para conseguir dinheiro tenho de levar a menor (filha de 1 ano e 4 meses) no carrinho de bebê para pegar reciclagem comigo. Consigo uns R$ 25 por dia. Pelo menos dá para o leite e arroz e feijão”, completa.

Uma das principais preocupações da comunidade é quanto às novas invasões, realizadas na beira da encosta e, com isso, as incertezas sobre os riscos de deslizamentos durante os temporais. “Aqui na associação temos um mapa da área segura para construção. Estamos trabalhando para que seja um loteamento organizado”, ressalta outro integrante da comissão de moradores.

À medida em que a comunidade avança demanda a oferta de serviços básicos próximos, como é o caso de escola, unidade de Saúde, Cras (Centro de Referência de Assistência Social), já que hoje é preciso se deslocar para áreas distantes. A priori, os moradores pedem ao menos melhorias no asfalto de terra e na iluminação viária.

Por meio de nota, a Prefeitura de Mauá destacou que realiza estudos para solucionar o impasse da melhor forma para a população. No entanto, não esclareceu qual o trabalho feito no sentido de fiscalizar as construções e tampouco confirmou se a área é pública ou privada.




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