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Grande ABC tem 60% de área sem vegetação
Guilherme Russo
Do Diário do Grande ABC
21/03/2010 | 07:09
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Estudo divulgado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente revela que quase 60% do território do Grande ABC já não tem áreas verdes. Porém, com 41,27% da região coberta por florestas e outros tipos de vegetação, as sete cidades apresentam, proporcionalmente, mais que o dobro da quantidade de cobertura vegetal presente no Estado de São Paulo que, de acordo com o estudo, tem 17,3% do território ocupado por matas de diversos tipos. Ou seja, quase 83% de áreas sem vegetação. Hoje, é celebrado o Dia Mundial da Floresta e o Dia Nacional da Terra.

Os dados são resultado de análises de fotos tiradas pelo satélite japonês Alos. O equipamento revelou 184,5 mil trechos cobertos por árvores que ainda eram desconhecidos do Instituto Florestal do governo do Estado, por conta da alta resolução das imagens. No levantamento anterior, feito em 2001 a partir de imagens captadas pelo satélite sino-brasileiro CBERS, 13,9% de São Paulo apareciam como áreas verdes.

O satélite japonês é utilizado por conta de convênio estabelecido entre o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) e o governo daquele país e consegue fotografar com definição áreas verdes de até 0,25 hectare. No equipamento utilizado anteriormente só apareciam florestas de pelo menos dois hectares. O pesquisador Marcos Nalon, que coordenou o estudo, explica que, apesar da descoberta oficial de outras florestas e consequente elevação na porcentagem de áreas verdes revelada, houve aumento real de 94,9 mil hectares, na cobertura vegetal do Estado. De acordo com o técnico, a intenção da Secretaria Estadual do Meio Ambiente é realizar o levantamento a cada três anos, e o Executivo já tem um decreto em elaboração para determinar a ação.

Grande ABC - Em números absolutos, São Bernardo é o município da região com mais área verde: um total de 19.547 hectares de florestas, ou 48,1% do território. Proporcionalmente, aparece em segundo lugar no ranking vegetal das sete cidades, atrás apenas de Rio Grande da Serra, que tem 51,1% da superfície cobertos pela Mata Atlântica - o equivalente a 1.902 hectares de vegetação.

Em terceiro lugar aparece Santo André, com 44,8%, seguida de Ribeirão Pires, com 37,9%, ou 3.759 hectares de florestas no município. Logo depois, vem Mauá, com 824 hectares de cobertura vegetal - 13,2% do território.

No penúltimo lugar, figura Diadema, com apenas 5,7% de áreas verdes (176 hectares). Já sem a presença de matas nativas, São Caetano tem cobertura vegetal em 0,1% do município.

Pela primeira vez S.Caetano figura na lista
Por conta da alta resolução das imagens do satélite japonês Alos, usado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e pelo Instituto Florestal para o levantamento da cobertura vegetal paulista, São Caetano apareceu pela primeira vez no ranking dos municípios com áreas verdes. Sem cobertura de mata nativa, a cidade não figurou no levantamento de 2001.

Segundo nota da administração municipal, isso ocorre porque "há mais de quatro anos, a Prefeitura está atuando na cobertura arbórea da cidade, principalmente nas calçadas, parques e praças".

Na outra ponta, com a maior extensão contínua de mata nativa, o secretário de Gestão Ambiental de São Bernardo, Gilberto Marson, diz que o município tem intenção de remover famílias de áreas de preservação sobre cinco mananciais no Parque Alvarenga. Atualmente, a cidade dá 80% de desconto no IPTU de terrenos que abriguem árvores nativas da Mata Atlântica, independentemente do percentual ocupado na área, segundo informa Marson. "Quem participa do programa não desmata", diz.

Santo André deve plantar amanhã 60 mudas de árvores nativas da Mata Atlântica no Centro da cidade. São exemplares de sangra-d'água, ipê-amarelo-do-brejo, ingá-do-brejo, jerivá, palmito-juçara, eritrina-suinã, branquinho e babosa-branca. O Parque do Pedroso - principal área verde da cidade - receberá R$ 10 milhões da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), como compensação pelo desmatamento provocado pela construção do Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas.

Diadema afirma que "tem realizado programas e ações de plantio e de rearborizações periodicamente em toda a cidade", segundo nota emitida sexta-feira. A Secretaria de Meio Ambiente do município afirma ainda que programas de conscientização ambiental são realizados mensalmente.

Mauá, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires não informaram ao Diário se possuem ou realizam programas de reflorestamento ou educação ecológica.

Polícia Militar Ambiental alerta: desmatamento é comum na região
A fiscalização mais rígida dos municípios, dos cidadãos e da Polícia Militar Ambiental é apontada pelo pesquisador Marco Marlon como causa para o aumento de cobertura vegetal registrado no Estado de São Paulo pelo Instituto Florestal.

No Grande ABC, a sede da Polícia Militar Ambiental fica em São Bernardo e abriga o contingente da 2ª Companhia do 1º Batalhão. Comandante interino do quartel, o tenente Edgard Aicart Zullo de Castro conta que o principal crime ambiental que ocorre na região é o desmatamento de áreas protegidas.

O policial explica que quem é flagrado cometendo a infração em mata nativa, além de ser responsabilizado penalmente, é obrigado a plantar 25 novas árvores por cada exemplar derrubado. E que a lei funciona também em áreas particulares. Castro informa que o plantio tem de ser feito nas mesmas bacias hidrográficas de onde as árvores foram retiradas. E que, para cortar árvores nativas do terreno, só com autorização da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

Porém, o tenente explica que, se a árvore for exótica (proveniente de ecossistemas estrangeiros), como os eucaliptos ou os pinus, os donos dos terrenos têm o direito de derrubá-la.

O policial diz que a fiscalização vai atrás principalmente de baloeiros, pois as queimadas na região causadas por estes grupos são extensas. "Soltar balão é crime." Denúncias contra crimes ambientais na região podem ser feitas pelos telefones 4123-2364, 4123-4586, 0800-113560, ou pelo e-mail 1bpamb2cia2pel@sp.gov.br.gr




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