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Ucrânia: após a crise, Yanukovich enfrenta oposição e governo
Da AFP
20/12/2004 | 10:39
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O primeiro-ministro da Ucrânia, Viktor Yanukovich, vencedor da eleição de 21 de novembro, anulada por fraude, se apresenta como um candidato independente que agora não faz apenas campanha contra a oposição, mas também contra o governo, que o apoiara incondicionalmente antes da crise.

Yanukovich, 54 anos, se nega a jogar a toalha, como lhe aconselhou o atual presidente, Leonid Kuchma, que depois de apoiar o candidato no primeiro e segundo turnos o abandonou ante a pressão da oposição e da comunidade internacional.

Com quase dois metros de altura, gestos rígidos e linguagem pouco elaborada, Yanukovich foi designado pelo governo para dar prosseguimento à política de Kuchma e, especialmente, seu relacionamento com a Rússia.

Mas a ‘revolução laranja’ da oposição frustrou os planos do poder e - depois da anulação, por parte da justiça, do resultado da votação de 21 de novembro - Yanukovich não teve outro remédio a não ser apoiar-se em seu reduto regional do leste e sul do país.

Yanukovich criticou Kuchma por "erros e por sua passividade" durante a crise e acusou seu rival, o opositor Viktor Yushchenko, de ter se transformado no novo "candidato do poder" que, financiado pelos americanos (segundo ele), poderia "transformar a Ucrânia em uma colônia".

Muito impopular na região oeste nacionalista da Ucrânia, reduto da oposição, Yanukovich concentrou sua campanha nas regiões de língua russa, onde reivindica uma "autonomia econômica".

Apesar de ter poucas possibilidades de vencer as eleições, Yanukovich garante que seus simpatizantes jamais aceitarão a vitória de Yushchenko e que dezenas de milhares deles estão dispostos a marchar até Kiev para "impedir um golpe laranja".

Nascido em 1950, em uma família operária de Donbass (leste), órfão de mãe aos dois anos, Yanukovich reconhece que teve uma infância difícil e uma juventude agitada. Também confessou que sonhava em sair da pobreza.

Ele foi condenado, em 1968 e 1970, por roubo e agressões. Segundo sua biografia oficial, ele foi condenado por penas "infundadas", que acabaram anuladas pela justiça soviética.

A imprensa opositora o acusa de ter colaborado com os serviços de inteligência soviéticos (KGB) para cumprir apenas metade de sua pena, ou seja, um ano e meio, e de ter recebido mais tarde a cédula de membro do Partido Comunista.

Depois de começar como um simples operário, subiu na profissão até chegar a diretor geral de uma empresa de transporte.

Nomeado governador de Donetsk, uma rica região do país, em 1997, Yanukovich, casado e com dois filhos, assumiu o governo em novembro de 2002.




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