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Em DVD duplo, toda a história dos Ramones
Por Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
31/03/2008 | 07:03
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Doses substantivas de adrenalina, coerência e um punhado de acordes. O grupo norte-americano Ramones abusou desses ingredientes para pichar os nomes de seus integrantes na galeria dos heróis do rock.

Quem assiste ao recém-lançado DVD duplo Ramones: It’s Alive 1974-1996 (Warner Music, R$ 90 em média), confirma rapidamente essa afirmação. Em cerca de três horas, os dois discos reúnem entrevistas, trechos de shows e participações em programas de TV que marcaram a carreira da banda.

Há desde as primeiras performances no lendário clube CBGB, berço do punk nos Estados Unidos, até apresentações da turnê Adiós, Amigos, a última dos roqueiros.

Por conta disso, apesar dos preços salgados e da qualidade das imagens variar entre o perfeito e o deplorável, o material deve ser consumido pelos fãs com a voracidade.

Contexto - No início dos anos 1970, o rock já tinha se transformado em um estilo respeitável, digno de ser analisado pelos críticos como uma manifestação artística.

Durante esse período, grupos como Yes e o Emerson, Lake & Palmer – que representavam a vertente progressiva do gênero – produziam álbuns conceituais, compostos por longos e complexos temas instrumentais, que podiam chegar a 20 minutos de duração.

Foi nessa mesma época que quatro desajustados do bairro Queens, em Nova York, resolveram formar uma banda que fosse a antítese dessa proposta musical. Para Joey (vocal), Johnny (guitarra), Dee Dee (baixo) e Tommy (bateria), era preciso resgatar a energia e a crueza do rock. As músicas deveriam ser diretas, sem espaço para demonstrações de virtuosismo.

Trajetória - O primeiro DVD aborda a fase inicial da banda, entre 1974 e 1977, quando o Ramones gravou seu homônimo disco de estréia, o álbum Leave Home e o fundamental Rocket to Russia. São dessa época clássicos como Now I Wanna Sniff Some Glue, Rockaway Beach, Sheena is a Punk Rocker, Blitzkrieg Bop, todos interpretados pelos músicos com um vigor que compensa qualquer limitação técnica.

Os títulos das composições dos Ramones – grande parte deles formado por frases curtas com os verbos ‘ser’ e ‘querer’ – retratam a simplicidade defendida pela banda, que traduziu como poucos o inconformismo típico da adolescência.

Evolução - O segundo vídeo cobre o período entre 1978 (quando o baterista Marky Ramone já havia assumido as baquetas do grupo) e o fim do conjunto. Mesmo que não seja afeito à sonoridade básica do quarteto, o espectador perceberá que o Ramones conseguiu evoluir, sem promover mudanças significativas em sua fórmula. Os anos se passaram e a trupe apenas aprendeu a dar roupagens mais atraentes para idéias que defendiam desde o início.

E se a banda nunca teve grandes sucessos nos Estados Unidos, conquistou platéias fanáticas ao redor do mundo. Bom exemplo disso é o show realizado no Estádio do River Plate, na Argentina, em março de 1996, quando uma multidão ensandecida cantou a plenos pulmões I Wanna Be Sedated e Blitzkrieg Bop.

Ou então, quando esse mesmo público se esbaldou com a interpretação do baixista C.J (que substituiu Dee Dee) na música R.A.M.O.N.E.S.



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