Fontes do serviço de inteligência da Espanha citadas pela rádio Cadena Ser, uma das principais do país, informaram neste sábado que 99% dos indícios recolhidos até agora apontam para o envolvimento do terrorismo islâmico nos ataques a bomba que causaram a morte de 200 pessoas em Madri, na última quinta-feira. Tais indícios, ainda de acordo com essas fontes, "apagaram os antecedentes" que apontavam para o grupo separatista basco ETA.

Segundo funcionários do Centro Nacional de Inteligência (CNI) entrevistados pela rádio, as suspeitas são de que o massacre, "de fundo radical islâmico", tenha sido cometido por um grupo de dez a 15 pessoas que até já podem estar fora da Espanha. No dia do atentado, o serviço de inteligência advertiu o governo de que a hipótese de que o ETA fosse o responsável pelos ataques era muito vaga.

"Depois que os policiais encontraram uma mochila (com uma carga explosiva) já não restam dúvidas de que não foi o ETA, mas sim terroristas islâmicos, algo que também foi dito ao governo por especialistas da polícia e da Guarda Civil", disse a rádio.

O ministro espanhol do Interior, Angel Acebes, porém, sustenta que o grupo armado basco é a principal linha de investigação. Analistas acreditam que a atribuição da culpa ao ETA é crucial para as eleições de domingo, e por isso o governo estaria insistindo no envolvimento da organização. Caso seja confirmada a responsabilidade do grupo, o fato seria favorável ao governista Partido Popular, de José María Aznar, em razão de sua postura firme contra as ações do ETA.

Entretanto, se houver envolvimento confirmado da rede terrorista Al Qaeda ou de outro grupo extremista islâmico, os atentados poderiam ser vistos como o preço pago por Aznar por seu apoio à guerra no Iraque, liderada pelos Estados Unidos.